Se muita coisa não bóia num mar de rosas para o presidente Lula, a começar pela nova calamidade das chuvas e vendavais que, no mesmo ano, inundam cidades e vilas nos estados sulinos, deixando milhares de pessoas que mais uma vez perderam tudo, no bis do castigo imerecido com escassa presença federal.As obras de reconstrução da tormenta de outubro e novembro de 2008, em algumas áreas siquer tinham iniciado, com casas da pobreza ainda em reparo e, como uma maldição, a deste ano suplanta a anterior.Mas, na sucessão de delongas, de reuniões inúteis, da incompetência dos articuladores de um acordo difícil, mas não impossível, para a demarcação das terras indígenas de Raposa Serra do Sol , em Roraima, o anjo-da-guarda do presidente, salvou-o de uma vaia e do conflito, com um desencontro de horário.O treinado AeroLula atrasou o tempo suficiente para que o conflito entre os arrozeiros e a Política Militar, em Boa Vista, começasse e terminasse antes da chegada de Lula e da sua candidata, a ministra Dilma Rousseff.O fuzuê começou com o fazendeiro Paulo César Quartiero, líder de um grupo de arrozeiros, entrou em choque com a PM. Quatro manifestantes, entre os quais o líder Quartiero foram presos e levados para o Hospital Geral de Boa Vista e, além da contusões, autuados por desacato, desobediência e resistência à prisão.Lula teve tempo escapar de um conflito que poderia ter assumido sérias dimensões. Mas, ainda estava em Bonfim, ás 16 horas, quando começou o turumbamba . Quartiero e cerca de 150 pessoas, tentaram entrar no parque Anauá para o protesto contra Lula e foram barrados por ordens superiores, que impediram a tentativa de reabrir o debate sobre a demarcação das terras em ilhas para os índios, para continuarem com a exploração econômica da reserva.No ensaio que alertou a repressão, pela manhã, no aeroporto, pouco depois da chegada de Lula e sua comitiva à Boa Vista, o grupo que protestava atacou dois carros da Polícia Federal.Lula conseguiu virar o jogo no último ato, à noite, com a entrega de títulos agrários no oba-oba que reuniu cerca de 15 mil pessoas que aplaudiram os programas federais.A ministra-candidata Dilma em gafe que provocou um começo de vaia, trocou o nome do estado para Rondônia.No frigir dos ovos, escaparam todos, com algumas escoriações e galos na cabeça. E o presidente retocou o quadro, com a defesa da liberdade total da Internet nas eleições de 3 de outubro de 2010.A oposição continua sem candidato. O governador José Serra, de São Paulo, cresce na pesquisas, enquanto o governador mineiro Aécio Neves confirma a licença de 15 dias para um giro pela Amazônia.O PMDB insiste na urgência de uma definição de Lula sobre a vice-presidência, a ficha de consolo para o balofo partido que só anda a reboque do poder.
Fonte: Villas Bôas-Corrêa