terça-feira, setembro 22, 2009

Carta ao Leitor...

Souto, o sem memória


Quem vê o ex-governador Paulo Souto criticando o governo de Jaques Wagner e anunciando seus planos para a Bahia fica com a impressão de que ele nunca sentou na cadeira do Palácio de Ondina. Quando em Itabuna, criticou o governo Wagner pela desabilitação da gestão plena da Saúde. Além de mostrar ignorância sobre o processo que leva uma cidade a perder esta posição e quem é responsável por julgar o assunto, mostra falta de memória. Souto esqueceu que foi seu partido, o DEM, quem arrasou a saúde de Itabuna durante os quatro anos de Fernando Gomes, com direito ao sumiço de R$ 17 milhões em 2007 e mais R$ 9 milhões em 2008; fechamento do único pronto-socorro, sucateamento do Hospital de Base, explosão da dengue e mais uma longa lista... Diga-se de passagem, Souto esteve num comício em Itabuna (foto), durante a campanha de 2004, para dizer que a cidade teria ‘’um homem honesto e trabalhador como Fernando Gomes na prefeitura”. O ex-governador falou da necessidade de “diversificar integralmente a economia, promovendo um plano de recuperação amplo que abranja além da mera substituição do cacau”. Engraçado, ele ficou 8 anos no governo, foi secretário de ACM mais quatro e senador por outros quatro. Nestes 16 anos com a faca e o queijo na mão, por que não fez o que hoje promete para quando (se) voltar ao cargo? Paulo Souto também apresentou sua proposta de “uma verdadeira revolução no setor da educação”. A memória falhou de novo, porque ele não lembra que entregou a Bahia com a segunda pior educação do N/NE, depois de 16 anos tocada por seu partido. Assim como o pior IDH da região. Para não ficar na minha opinião, os dados do Programa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad), do IBGE, revela a diferença entre a Bahia entregue por Paulo Souto depois de 16 anos de DEM e a de Wagner, apenas dois anos e meio depois. São números, frios e incontestáveis. O número de domicílios atendidos por abastecimento de água cresceu de 75,1% (2005) para 79,6% em 2008. A cobertura de rede de esgoto subiu de 52,1% (2006) para 57,3% (2008). O percentual de residências com energia elétrica saltou de 92,8% (2006) para 95,7% (2008). “A melhoria no atendimento às necessidades básicas provocou consequentes melhorias também na qualidade do consumo da população baiana,” diz o IBGE. Em 2006, só 68,7% dos domicílios baianos contavam com geladeira. Em 2008, esse número cresceu para 77,8%. Eu sempre respeitei o técnico Paulo Ganem Souto, mas no governo ele começou bem e depois só decepcionou. Aqui, “lamentou” a paralisação do Teatro e Centro de Convenções de Itabuna, iniciado em seu governo. Souto esqueceu que foi ele quem paralisou as obras, logo depois de perder as eleições, travando um repasse de R$ 1 milhão que deveria ter chegado aqui em novembro. Por falar no elefante branco... Pedir a Jaques Wagner para terminar o que chamam de “Centro de Convenções” é trabalhar contra Itabuna. Além de ter sido iniciado no fim do mundo, numa área mais propensa a desova de cadáveres que a uso social, o prédio só tem 700 lugares no auditório, o que o torna completamente inadequado para se chamar ou usar como “Centro de Convenções”. Nenhum evento nacional é realizado em auditórios abaixo de 2 mil lugares, como o de Ilhéus, que é muito bom. Ainda por cima, terminar a obra e anunciá-la como um “Centro de Convenções” impede que Itabuna possa pedir, mais tarde, um Centro de Convenções de verdade. A resposta será sempre a de que a cidade “já tem um”, por isso a prioridade deve ser dada a outra cidade que não tenha. E Itabuna vai continuar com um mini CC que não serve para nenhum evento de peso. Vai se limitar a festinhas de colégio, palestras pequenas, seminários locais e só. Entidades (e grupos não formalizados como o GAC), ACEI, CDL e companhia devem parar de insistir nessa babozeira e lutar por um CC de verdade. Um que tenha 2 mil lugares na platéia, um palco de respeito, com espaço para todo tipo de instalação, de peça de teatro a show de bandas top; um pavilhão de feiras com uns 10 mil m2, coberto, com pontos de rede e energia. Isso é lutar por Itabuna. O resto é bobagem. Marcel Leal marcel@grapiuna.com