A crise da roubalheira do Senado parece que é contagiosa como a gripe suína. Com a característica de que se transmite em com sintomas diferentes e doses desiguais de padecimento.Na última encarnação bate de frente com as eleições de 3 de outubro de 2010 e a virada pelo avesso, para abagunçar o coreto do presidente Lula com a demonização da ministra-candidata Dilma Rousseff, que, segundo todas as evidências pisou na bola ao negar o seu encontro com a então secretária geral da Receita Federal, Lina Vieira para recomendar que agilizasse as investigações sobre os negócios suspeitos do empresário Fernando Sarney, filho do senador José Sarney (PMDB-AP).A secretária geral da Receita Federal foi expelida da chefia ou pediu demissão e não guardou segredo. Ouvida pelos repórteres confirmou o encontro, o pedido e mais o detalhe essencial de que saiu do gabinete da Chefe da Casa Civil sem dar resposta.A ministra Dilma nega o encontro, renega o convite para a azarada conversa e jura que jamais trocou uma palavra com Lina Vieira sobre o assunto.Mas, o angu encaroçou. No disse-não-disse de desmentidos para lá e para cá, testemunhas dois lados confirmam e negam o encontro e a ordem para engavetar as investigações contra o filho do presidente do Senado. A secretária executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, enquadrada na hierarquia e zelando pelo seu cargo, negou o encontro com Lina Vieira e que tenha levado o recado ou ordem da ministra Dilma.A ex-chefe da secretaria da Receita Federal, Iraneth Dias confirma tudo: a missão que Dilma incumbiu a Erenice Guerra e o convite a Lina Vieira, que acertou dia e hora para ir ao Palácio, ao encontro da candidata de Lula.A oposição em minoria na CPI da Petrobrás, anuncia que dará o troco ao governo, na reunião da Comissão de Constituição e Justiça do Senado marcada para amanhã, para o depoimento da ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira. Se confirmado o encontro, a oposição tentará uma acareação entre Dilma e Lina Vieira. O que é improvável, pois o governo nada de braçada com ampla maioria na CCJ.Mas, o azar tem o seu truques. E cerca por todos os lados. A probabilidade do lançamento da ex-ministra do Meio-Ambiente, senadora Marina Silva (PT-AC) como candidata a presidente da República pelo PV, na maré de urucubaca do governo pode ser avaliada pelos índices da pesquisa do Datafolha. Com Marina Silva, o cenário é turvo: José Serra (PSDB) com 36%; Dilma (PT) com 17%; Ciro Gomes (PSB) com 14%, Heloisa Helena (PSOL) com 12% e Marina Silva (PY) com 3%.O governo está jogando com uma única candidata, embora possa evoluir para Ciro Gomes, se as pesquisas na reta final com o horário eleitoral gratuito massificando a campanha com a definição dos eleitores, anteciparem a derrota da candidata de Lula e de um emburrado PT. O PMDB salta do carro em movimento.Mas, o passeio na pista, com a ministra Dilma Rousseff disparada na ponta, como única herdeira dos mais de 80% da popularidade é um sonho que está virando pesadelo. Com o empurrão dos atrasos das obras eleitoreiras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa Minha Vida que prometem uma safra extra de amofinações.
Fonte: Villas Bôas-Corrêa