terça-feira, junho 02, 2009

O efeito dominó do mau exemplo

Baptista Chagas de Almeida
É impressionante como no Brasil o mau exemplo é seguido, quando se trata de levar vantagem em tudo, principalmente na atividade política. As câmaras municipais, como vem revelando o Estado de Minas nos últimos dias, refletem o que de pior existe no Congresso. Além de altos salários, principalmente se for levado em conta o baixíssimo número de sessões realizadas nas cidades do interior, os vereadores copiam as distorções usadas pela Câmara dos Deputados, Senado e assembleias legislativas, como verbas indenizatórias e outras formas de mascarar o real rendimento dos parlamentares. São inúmeras as formas de engordar o que os vereadores embolsam. As diárias de viagens, por exemplo, são um verdadeiro escárnio, tamanha a farra que elas produzem. Principalmente para os prefeitos, que têm boa desculpa para viajar.
O falecido governador de São Paulo Franco Montoro gostava de dizer que ninguém mora na União, ao se referir à política. As pessoas moram nas cidades e isso talvez explique por que os altos salários dos prefeitos e vereadores em Minas tenham dado tanta repercussão. Até parece que as mazelas do Congresso já são por demais conhecidas e nem trazem espanto às pessoas.
Mas, no quintal de casa, a revolta é maior. Até porque não há uma contrapartida adequada a tão generosa remuneração. Muito antes pelo contrário. Os vereadores, em inúmeras cidades, discutem assuntos sem importância, pouca iniciativa têm para legislar e acabam funcionando apenas para referendar as iniciativas propostas pelos prefeitos. Nem mesmo o papel fiscalizador que cabe ao Legislativo costumam desempenhar. Pelo contrário, é raro encontrar uma cidade em que o chefe municipal não tenha controle sobre a Câmara Municipal.
O que acontece é a multiplicação das velhas e conhecidas mazelas nacionais. De Brasília, vem o exemplo. Se vai pegar mal aumentar o salário dos deputados, inventa-se uma verba indenizatória. Só que esquecem o efeito dominó. Isso se espalha pelo país afora, até mesmo nas câmara muncipais das menores cidades.
Fonte: Estado de Minas (MG)