SÃO PAULO - A Polícia Federal indiciou o delegado da corporação Protógenes Queiroz e quatro escrivães pelos crimes de violação da lei de interceptação e quebra de sigilo funcional. Protógenes é investigado por eventuais irregularidades na condução da primeira fase da Operação Satiagraha, que investiga supostos crimes financeiros atribuídos ao banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.
Os nomes dos escrivães não foram divulgados pela PF -três foram indiciados por quebra de sigilo funcional e um por quebra de sigilo funcional e violação da lei de interceptação. Protógenes foi indiciado após depor, terça-feira, por cerca de duas horas, para o delegado-corregedor da PF Amaro Ferreira, responsável pelo inquérito.
O delegado ficou conhecido nacionalmente durante a Operação Satiagraha, que prendeu no ano passado Dantas, o ex-prefeito Celso Pitta e o investidor Naji Nahas. Todos foram soltos depois.
Apesar da projeção nacional, Protógenes foi afastado da investigação e acabou virando alvo de um inquérito da PF. Entre os problemas da investigação estaria a utilização irregular de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) na operação. Também há suspeita de Protógenes ter espionado, ilegalmente, autoridades dos três Poderes.
Reportagem da revista "Veja" sustenta que Protógenes usou métodos ilegais para investigar os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), o ex-ministro José Dirceu, o governador José Serra (São Paulo), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, o filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário Fábio Luiz da Silva, entre outras personalidades.
Protógenes negou a espionagem e chamou a reportagem de mentirosa. "Os dados cobertos pelo sigilo coletados com autorização judicial e de conhecimento do Ministério Público Federal, em nenhum momento incluiu ou revelou a participação da ministra Dilma Rousseff, do ex-ministro José Dirceu, do chefe-de-gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, do senador Heráclito Fortes [DEM-PI], do senador ACM Jr. [DEM-BA], do ministro Roberto Mangabeira Unger na investigação da Satiagraha", disse ele sem seu blog.
A defesa do delegado Protógenes informou ontem que ele vai comprovar a legalidade de sua conduta durante a Operação Satiagraha, que investiga supostos crimes financeiros atribuídos ao banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity.
"Toda a operação transcorreu dentro dos limites legais. Isso vai ser comprovado no momento oportuno", disse o advogado Luiz Gallo, que defende Protógenes.
Ronte: Tribuna da Imprensa