Tribuna da Bahia
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O presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Nilo (PSDB), terá segunda-feira uma reunião com o presidente regional do PMDB, Lúcio Vieira Lima, para conseguir o apoio do partido à sua reeleição. Nilo, que ontem recebeu a adesão oficial da bancada do PT, de dez parlamentares, assegurou que conta com a simpatia de “95% dos deputados da base do governo” e que, ressalvando a natureza sigilosa da eleição, no próximo dia 2 de fevereiro, espera obter o voto de pelo menos 47 colegas de plenário.
Para alcançar tal resultado, o presidente da Assembléia informou que conversou com parlamentares de 11 legendas, do governo e da oposição, entrando em detalhes sobre esses entendimentos: “Vou fazer tudo para o DEM me apoiar em bloco, mas já conto com a boa vontade de 80% da bancada para um acordo. Estive com todos os deputados do PMDB, com exceção de Arthur Maia e Leur Lomanto. Eu sei que eles vão tomar uma posição de bancada, mas os que eu procurei não teriam problema para votar em mim. É por isso que eu vou conversar com Lúcio”.
A dificuldade que pode se impor nesse processo é que o PMDB tem dois candidatos ao cargo: o próprio Arthur Maia e Luciano Simões. Maia, quando era correligionário de Nilo no PSDB, há dois anos, foi preterido na disputa, e é de se supor que não vai desistir com facilidade. O atual presidente, que faz questão de destacar “o direito dos 63 deputados” de concorrer, ressalta que quer unir a Casa em torno do seu nome, mas irá ao bater-chapa se isso não for possível.
Marcelo Nilo recebeu o apoio dos petistas em almoço num restaurante da capital ao qual compareceram a bancada estadual e a Executiva regional do partido. O presidente do PT, Jonas Paulo, disse que Nilo “tem uma história de luta pela democracia, trabalhou pela independência do Legislativo e atuou em consonância com o processo de mudanças na Bahia”, sendo sua reeleição “fundamental para garantir a estabilidade desse processo”. Sorrindo, destacou que “foi uma proeza de Marcelo conseguir a unanimidade no PT”.
O líder petista na Assembléia, Paulo Rangel, disse que a postura de seu partido não significa um acirramento das relações com o PMDB, pois ambos os lados têm “maturidade suficiente para continuar convivendo no projeto que construíram juntos”. No caso específico do deputado Maia, explicou por que, na tentativa de um acordo de unificação da base, jamais poderia apoiá-lo: “Ele me procurou para dizer que não era mais governo. Desconfio que o discurso de independência dele é para levar a Casa para a oposição”. (por Luis Augusto Gomes)
Garibaldi diz que vai acelerar votação de PEC
O apoio da bancada do PT à reeleição de Nilo foi anunciado com exclusividade pela Tribuna há um mês, em entrevista do líder Paulo Rangel, numa sinalização da preferência do governador Jaques Wagner. A derrota eleitoral em Salvador atingiu gravemente o governo, levando Wagner a envolver-se nas articulações para manter um aliado na presidência da Assembléia. A idéia ganhou mais força nos últimos dias, com perspectiva de o ex-governador Paulo Souto controlar o PSDB, o que praticamente determinaria a saída de Nilo do partido.
O deputado Marcelo Nilo repele a idéia de que seja um representante do Executivo no Poder Legislativo e afirma que sua gestão foi caracterizada pela independência da Casa. “Respeitei os direitos da minoria, mas também os direitos da maioria. A oposição não pode questionar a imparcialidade da minha gestão, tanto que o atual líder da minoria, João Carlos Bacelar, afirmou num programa de rádio que não descarta a possibilidade de votar em mim para presidente”.
Com relação à atuação ao longo dos últimos dois anos, Marcelo Nilo registrou: “Aprovamos a Lei do Nepotismo para todos os níveis de poder e aprovamos a lei de organização do Judiciário com total liberdade. A Casa derrubou um veto do governador. Isso diz tudo. Eu tenho uma relação respeitosa com Wagner e posso dizer que o Executivo em nenhum momento teve qualquer interferência na ação da Assembléia”.
Segundo o presidente, a independência é a principal bandeira de sua reeleição, e isso se caracterizou também pela implantação da TV Assembléia e inserção de seu sinal na internet. Disse que em fevereiro será ainda mais fácil o acompanhamento dos trabalhos legislativos, pois o sinal deverá ser transmitido pela TV aberta . (por Luis Augusto Gomes)
Deputado desconversa sobre o PSDB
Satisfeito com o apoio da bancada do PT à sua candidatura para a presidência da Assembléia Legislativa, oficializada durante o almoço de ontem no Restaurante Bar-bacoa, o deputado Marcelo Nilo fugiu das perguntas mais intrigantes. A sua atual situação dentro do PSDB baiano, do qual é um dos seus quadros mais importantes, o tira do sério, mas diz que não é hora de falar sobre o assunto. “Agora, estou preocupado apenas em conseguir voto”, declarou, referindo-se à sua campanha de reeleição para a presidência da Assembléia.
Contudo, ao ser perguntado sobre as declarações do deputado federal João Almeida, concedidas a este jornal ontem, de que “o PSDB baiano não pode continuar como uma linha auxiliar do PT”, Nilo nem respondeu à pergunta, preferindo desqualificar o seu colega tucano. “O deputado João Almeida é o maior derrotado da Bahia. Ele não elegeu nenhum prefeito e não tem um vereador com ele”, comentou.
Insistido para responder à questão, Nilo evocou a sua coerência para justificar a posição do PSDB baiano, que no plano nacional é oposição ao PT, mas aqui é aliado do governador Jaques Wagner. “Estou há 18 anos no PSDB e sempre tenho agido com coerência. Sempre votei com o partido. Votei em Serra, votei em Alckmin, e o governador Wagner sabe disso”, justificou. Questionado se o resultado dessa coerência vinha sendo favorável ao projeto do PSDB como um todo, Nilo tentou explicar, admitindo que as votações conseguidas por Serra e Alckmin nas últimas eleições presidenciais corresponderam ao tamanho do partido na Bahia.
O presidente da Assembléia Legislativa também não quis comentar sobre a possível entrada do ex-governador Paulo Souto no PSDB, tão pouco sobre a sua posição dentro do partido e a possibilidade de filiação ao PT. “Eu não vou falar sobre isso agora. Até o dia 1º de fevereiro só penso em ganhar voto”, declarou, sorrindo. “Mas se o PSDB nacional quiser mudar, na hora certa eu vou tomar a minha posição”, completou.
Como visto, ontem o deputado Marcelo Nilo estava bastante contente com o apoio recebido de toda a bancada do PT para a sua candidatura à reeleição para a presidência da Assembléia Legislativa. Por enquanto, o tucano prefere transferir os problemas, mas sabe que mais adiante vai ter que se deparar com eles. Mas ele sabe também que a pavimentação dos caminhos no presente pode ser a porta do seu futuro. (por Evandro Matos)
Fonte: Tribuna da Bahia