SÃO PAULO - Nicéa Teixeira de Carvalho afirma não ter dinheiro nem para manter um telefone celular. Mas reservou R$ 1 mil para caçar o ex-marido, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, foragido desde a última sexta-feira por não pagar há cinco meses a pensão alimentícia de R$ 20 mil mensais.
Esse foi o "prêmio" oferecido por Nicéa e seus filhos, Vitor e Roberta, ontem pela manhã, para quem trouxer informações que levem à prisão de Pitta. O ex-prefeito não foi à audiência de conciliação no Fórum Central João Mendes, e após 30 minutos de debates entre os advogados, Nicéa deixou a sala da 6ª Vara da Família garantindo que a recompensa estava mantida. "É o único jeito agora", disse Nicéa, que rechaçou a oferta de redução da pensão para R$ 5 mil mensais com uma contraproposta de R$ 60 mil.
"Tenho de pagar muitas coisas. Estou com 63 anos, tem a mensalidade do plano de saúde. E perdi o apartamento (nos Jardins), que construímos juntos, por falta de pagamento do condomínio", explicou a ex-primeira-dama, hoje moradora do Morumbi.
O advogado de Pitta, Remo Higashi Battaglia, disse que vai comprovar com notas fiscais e declaração de imposto que o ex-prefeito não tem mais condições de arcar com pensão tão elevada. "Ele trabalha como economista, presta serviços, faz consultoria", disse Battaglia, sobre as fontes de renda de seu cliente. "Cabe a Nicéa diminuir o padrão de vida dela, ou começar a trabalhar também para se sustentar."
Pitta teve a prisão decretada na sexta-feira e, no dia seguinte, garantiu à imprensa que se apresentaria na segunda-feira à Justiça. Ontem, Battaglia disse que foi "informado pela (nova) família de Pitta de que ele não estava em condições" de ir à audiência e que ainda estava fora de São Paulo.
"Político é assim mesmo, não tem palavra e sempre tem saída pra tudo", disse Vitor, que viu o pai pela última vez "bem antes da Satiagraha" - operação da Polícia Federal que prendeu Pitta em julho.
Fonte: Tribuna da Imprensa