Por Noemi Flores
Aumenta gradativamente o número queimadas no interior do estado, nos dez primeiros dias deste mês já foram registradas 2.984 ocorrências de incêndios na vegetação, superando o mês todo no ano passado com 812. Ambientalistas afirmam que a imprudência do homem é a maior causadora dos incêndios, mesmo também sendo provocados pela própria natureza . As pessoas que transitam pelas estradas das regiões Oeste, São Francisco, Chapada Diamantina e Sudoeste do Estado, locais mais afetados, devem ter cuidado em não jogar tocos de cigarros, vidros e materiais de fácil combustão na estrada porque o tempo seco vai continuar pelo menos até a segunda quinzena deste mês, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). As queimadas naturais acontecem devido a uma série de fatores como a umidade relativa baixa ou por falta de precipitação e temperaturas elevadas, tudo ao mesmo tempo, e podem também ser originadas a partir de descargas elétricas na vegetação. Causam prejuízo tanto a fauna e a flora como para homem, inclusive podem provocar acidentes devido à fumaça que ofusca a visão dos motoristas. Para o meteorologista Ricardo Rodrigues, do Centro Estadual de Meteorologia do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Cemba/ Ingá), a grande maioria destas queimadas é provocada pelo próprio homem que não tem cuidado com a natureza. “Se estiver na estrada fumando, joga a bitola de cigarro que bate na vegetação seca. E também por parte dos agricultores que realizam as queimadas para plantio”, destacou. Rodrigues enfatiza que as queimadas mesmo quando ocorrem de forma natural têm a participação do homem que joga lixo indiscriminadamente na vegetação. “As pessoas que vão fazer trilha jogam muito material que contribui para que isto ocorra. O vidro, por exemplo, quando o sol bate forte pode gerar fogo”, explicou. O meteorologista confessou que está alarmado com a grande incidência nesta época comparada com o ano passado devido à atuação de uma massa de ar quente e seco, que vem persistindo há vários dias sobre o Estado. “Nos primeiros 10 dias deste mês ocorreram 2.984 queimadas. Houve um aumento de 73% comparado com novembro de 2007. Os cuidados devem ser redobrados para quem transita pelas regiões Oeste, São Francisco, Chapada Diamantina e Sudoeste do Estado, apontadas pelo meteorologista Ricardo Rodrigues como locais de maior incidência das queimadas. Já a meteorologista Cláudia Valéria, do Inmet, afirma que a chuva que assola o sul do País ainda não está prevista para o Estado. A previsão é de que só vai ocorrer chuva na próxima semana, que poderá ser um período mais prolongado de chuva, como ocorre nesta época do ano.
Reforço para conter fogo na Chapada
O combate aos incêndios florestais na Chapada Diamantina ganhará, esta semana, o reforço de 70 bombeiros. Eles vão se juntar aos 400 homens envolvidos na operação, incluindo 350 brigadistas civis, coordenados pela Defesa Civil do Estado (Cordec), sediados no 11º Grupamento de Bombeiros de Lençóis, como informou, ontem, o capitão Jean Vianey. Segundo o relatório mais recente, emitido pelo Comando de Operações do Interior, o fogo atinge localidades de vinte e sete municípios da região, sendo que em maior proporção, nas localidades de Barro Branco (Lençóis), Cachoeira Encantada e Chapadinha (Itaeté), Baixão (Ibicoara), Vale do Pati e Gerais do Vieira (Andaraí), Serra do Gobira (Mucugê), e em Morro do Chapéu. Quatro aeronaves tipo air tractor, quatro helicópteros, quatro veículos projetados para combate ao fogo - cada um com capacidade para transportar quatro mil litros de água - e seis caminhonetes, além de um avião modelo Hercules C-130 cedido pela Força Aérea Brasileira, vêm dando suporte às equipes, nas frentes de combate. Hoje, no Aeroporto de Lençóis, haverá uma reunião de alinhamento, com representantes da Cordec, do 11º Grupamento de Bombeiros Militares, do Instituto do Meio Ambiente da Bahia (IMA), da Secretaria do Meio Ambiente do Estado (Sema), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) e da Casa Militar do Governo, órgãos que compõem o comando unificado da Operação Chapada sem Fogo, prefeitos da região e representantes dos brigadistas. Os incêndios florestais tiveram início em julho, mas a situação passou a se agravar a partir de 15 de agosto, com a ocorrência de focos na região oeste do Estado. No mês de setembro, os incêndios se tornaram mais intensos, exigindo, até o momento, intervenções em áreas dos municípios de Andaraí, Bonito, Ipupiara, Lençóis, Ibicoara, Mucugê, Itaetê, Rio de Contas, Wagner, Utinga, Seabra, Morro do Chapéu, Palmeiras, Iraquara, Santa Rita de Cássia, Formosa do Rio Preto, Macaúbas, Caturama, Érico Cardoso, Gentio do Ouro, Mulungú do Morro, Piatã, Barra do Mendes e Wanderley, além de Guanambi, Urandi e até de Itamaraju.
Fonte: Tribuna da Bahia