terça-feira, julho 22, 2008

Lei seca reduz comércio de sucatas em 40%

Após um mês de vigência da lei seca e muitos resultados positivos para comemorar como a diminuição do número de acidentes, mas com prejuízo para quem lida com sucata de veículos e revenda de auto peças. Pouco acidente, pouca sucata, poucos lotes para leiloar. Quem trabalha no ramo estima uma queda entre 30 a 40% nas vendagens de carros batidos. Até as oficinas e borracharias observaram uma redução na procura por serviços básicos como suspensão. A prudência ao volante é um motivo de louvor à vida, porém afeta o mercado de veículos. “A tendência é termos um número cada vez menor de sucatas nos leilões. Nesse primeiro mês de vigência da lei, já é possível especular uma baixa de 12% para os próximos leilões. Geralmente 62% dos lotes do leilão são de carros para circular e 38%, são sucata, que com menos 12%, provoca uma baixa significativa para esse tipo de comércio”, disse o coordenador de leilão da SET, Smith Neto. O segmento se queixa. “Tem bem menos carro batido. A gente não encontra mais a mercadoria como antes. Sucata vai ficar escassa”, contou o chapista da Suburbana, Miguel Moreira do Espírito Santo. A direção sem a ingestão de bebidas alcoólicas eram os responsáveis até por problemas mecânicos de menor impacto, segundo o responsável por uma borracharia Evandro da Silva Brito. Até os serviços pequenos causados por buracos e subida no meio-fio diminuiu em 70%. A procura não é mais a mesma. O motorista sóbrio é mais cauteloso, geralmente não faz tantas barbeiragens”. Se no primeiro mês de vigência a lei federal refletiu de tal forma, há quem espere por demissões. “De uns 15 dias pra cá então, nem se fala. Em 25 anos de serviço na área nunca vi uma baixa dessa. Se continuar desse jeito, vai ter muitas demissões no ramo da sucata. O comércio caiu em torno de 50%”, previu o vendedor de carro e sucata da Companhia das Peças, na Suburbana. A terceira blitz da SET mostra obediência cada vez maior à lei seca. Dos 2.732 condutores abordados, 27 foram autuados e 13 presos, 64 carteiras apreendidas e 94 carros rebocados, resultando na diminuição das ocorrências em 50% em Salvador. “Com essa lei seca, a vendagem de carros batidos caiu e muito, talvez isso seja sentido mais lá na frente, no próximo leilão de carros e sucatas, que com certeza será bem menor”, afirmou o revendedor de carros e sucata, Saturnino da Silva.(Por Odilia Martins)
Tráfego lento atrasa compromissos todo dia
Chegar ao trabalho ou a outro compromisso na hora marcada já é para os soteropolitanos uma dificuldade tremenda. Seja de carro particular ou de coletivo, não importa. De qualquer maneira, é certo perder cerca de 1 hora em congestionamentos rotineiros que não acontecem apenas no início da manhã. A SET alega que a lentidão do trânsito em horários de pico é consequência do aumento da frota de veículos na capital que, em 10 anos, cresceu quase 10%. Já os especialistas admitem que se não houver investimentos para implantação do transporte de massa, dentro de 5 a 10 anos o trânsito da cidade vai entrar num colapso. Pontos como a Avenida Bonocô, área do Iguatemi, Brotas, Retiro, Barros Reis, Heitor Dias, Rótula do Abacaxi, Sete Portas, São Caetano, Largo do Tanque, Calçada, são locais onde se encontram instalados verdadeiros gargalos que pela manhã e no final da tarde ficam impossíveis de trafegar. Entre o Retiro e a Rótula todos os dias das 7h da manhã até as 9h um imenso filão de carros e ônibus se forma e tira a paciência de muita gente. A auxiliar de escritório, Rosana Santos, 26 anos, afirma que todos os dias além de ficar mais de 30 minutos aguardando o ônibus, perde mais meia hora dentro do coletivo entre o trecho citado. “Todos os dias passo por esse sufoco, realmente tem muito carro na rua, espero que com a chegada do metrô as coisas melhorem”, contou. Conforme o gerente de trânsito da SET, Renato de Araújo, a cidade recebe cada vez mais uma quantidade significativa de veículos (608.663 mil, divulgados no último balanço do Detran) e este é um fator importante que está modificando a rotina de Salvador. Quanto ao trecho, entre o Retiro e Rótula, o congestionamento pela manhã se dá ao grande fluxo de carros que entram pela BR, e de áreas do entorno como IAPI, Fazenda Grande do Retiro e San Martin. “Antes de chegar na Rótula tem um semáforo que atende ao bairro do Pau Miúdo e mais adiante tem a sinaleira da Rótula, como o fluxo é intenso a conseqüência é mesmo certa lentidão no trânsito”, explicou. O engenheiro civil e professor da Escola Politécnica da Ufba com especialidade em planejamento urbano, Elmo Lopes Felzemburg afirma que a liberação de créditos para a compra de automóveis contribuiu e muito para a situação atual do trânsito em Salvador. Segundo ele, o elevado número de carros circulando na cidade tem relação com a precariedade do transporte público que não atende as necessidades da população. E que por isso, os gestores devem com certa urgência, tomarem medidas expressivas como a implantação de transporte regular de massa. Felzemburg cita como equipamentos primordiais: O metrô, linhas exclusivas para ônibus, ciclovias e suportes para viabilizar o deslocamento de pedestres. “Essas seriam medidas que se fazem necessárias para a livre circulação urbana, mas infelizmente, nunca foram prioridades de investimentos para os gestores”, lamentou o engenheiro. Até restrição do uso do automóvel através de rodízios em áreas de maior fluxo foi citado como alternativa para a melhoria na trafegabilidade urbana. Para ele, esta seria uma opção inteligente ao menos para minimizar os diversos congestionamentos espalhados na cidade. “Espaço para implantar um sistema viário de qualidade a cidade tem, falta interesse”, disse.(Por Maria Rocha)
Fonte: Tribuna da Bahia