quinta-feira, junho 05, 2008

ACM Neto dá nova cara à sucessão de Salvador

O comunicador Raimundo Varela não é mais candidato à prefeitura de Salvador e apoiará ACM Neto na disputa pelo Palácio Thomé de Souza. A notícia explodiu como uma bomba na política baiana, especialmente pelo impacto que ela causará no processo sucessório. Depois de uma semana de reuniões, ontem pela manhã finalmente o martelo foi batido no Fiesta Hotel, no Itaigara. No pacote de adesões anunciado, além do apoio de Varela e do seu PRB, Neto recebeu o apoio também do PR do senador Cézar Borges, que indicou o Bispo Márcio Marinho para compor a chapa como vice-prefeito. Com o auditório do Fiesta Hotel completamente lotado, o deputado federal ACM Neto fez um discurso cauteloso, e logo tratou de agradecer os apoios recebidos, especialmente o de Varela. “Recolho o seu apoio, Varela, e tenho certeza que a política lhe aguarda de braços abertos e que você vai brilhar na política da Bahia”, disse, deixando margem para imaginações de que Varela vai continuar na vida pública, assumindo um papel importante agora e em 2010. Também em tom de agradecimento, Neto se dirigiu ao senador Cezar Borges. “Fico feliz, Cézar, com a sua decisão de nos apoiar. Você se fortaleceu ainda mais neste processo”, elogiou. Além de criticar com sutileza o atual momento vivido pela administração municipal, Neto também apontou caminhos para a cidade, anunciando algumas prioridades de um possível governo seu. “Vamos procurar o governador e o presidente da República, e buscaremos os dois partidos da base que estão nos apoiando (PR e PRB) para reforçar este diálogo”, disse. “Aqui está o novo, vamos buscar soluções novas para Salvador”, projetou. “Nós não estamos fazendo uma aliança para chegar ao poder. Estamos fazendo uma aliança para fazer uma transformação de Salvador”, prometeu. Neto disse ainda que vai fazer uma oposição “sem ódio e sem rancor. O que é bom para o país, nós apoiamos”, disse o democrata, num claro recado de como deverá conduzir a sua campanha. O ex-governador Paulo Souto, um dos artífices da aliança, mostrou-se contento com o desfecho das conversas, admitindo que ela poderá ter desdobramentos para 2010. “Houve apenas uma consolidação de uma aliança, mas é evidente que traz desdobramentos lá na frente”, admitiu. “Buscar a vitória numa eleição é uma contingência de todo mundo que vai para a luta política. Mas é pensar pequeno quando admitimos que queremos derrotar quem quer que seja. O que queremos é fazer uma boa campanha, consolidar o processo de aliança, e fazer uma boa administração”, completou Souto. Sobre a aliança anunciada, o ex-governador disse que “Varela tem sido um verdadeiro estuário das demandas das populações mais carentes, por isso ele encarna muito bem os problemas desta população”, explicou. “Em 1990 e 1996 o governo do estado foi chamado para recuperar a prefeitura e isso foi feito”, declarou Souto, referindo-se às ações feitas em parceria com os prefeitos de Salvador nestes períodos. Políticos de vários partidos se fizeram presentes ontem no Fiesta Hotel, no Itaigara, para prestigiar o ato de adesão do PR e do PRB à pré-candidatura do deputado federal ACM Neto. Alem do senador ACM Júnior (DEM) e Cézar Borges (PR), do ex-governador Paulo Souto, dos deputados federais Paulo Magalhães, José Carlos Aleluia, Jorge Koure e Luiz Carreira (DEM), e de José Rocha e Mauricio Trindade (PR), dos estaduais Paulo Azi, Rogério Andrade, Gildásio Penedo (DEM), e Sandro Régis e Eliedson Ferreira (PR), vários vereadores e lideranças também se fizeram presentes. (Por Evandro Matos)
Aliança muda quadro pré-eleitoral
A aliança do Democratas com o PR e o PRB muda o panorama pré-eleitoral de Salvador. Além de já contar com o apoio dos partidos pequenos como o PTC, PTN, PTdoB e PSDC, e do ex-governador Paulo Souto, o deputado ACM Neto passa a contar agora também com os votos da Igreja Universal e do comunicador Raimundo Varela. O arco de aliança formado ontem praticamente garante uma vaga no segundo turno para o democrata. Considerado como o principal trunfo de ACM Neto nas adesões de ontem, Raimundo Varela admitiu que “se for preciso eu vou para o palanque”. Líder de várias pesquisas eleitorais realizadas até aqui, o comunicador pode trazer um novo cabedal político ao pré-candidato democrata. Não só da Igreja Universal, como do Subúrbio e periferia da cidade, onde está a maior parcela do eleitoral do comunicador. “Vou votar agora em Neto porque ele tem as mesmas propostas de Varela. Foi uma decisão ótima para o povo de Salvador”, disse Silvana Silva, moradora do Subúrbio. Almiro Cristóvão, pré-candidato a vereador pelo PR, também do Subúrbio, foi outro que disse que iria votar em Varela “mas agora é Neto”. Estes e outros exemplos foram observados ontem durante o ato de adesão, mostrando a capacidade de Varela transferir o seu voto. Sobre o seu futuro político, Varela disse que “Deus é quem sabe”. Ele alegou falta de estrutura partidária para disputar a eleição e disse que tinha um papel importante a desempenhar também na comunicação. “Nós temos um papel muito grande na comunicação e a maior parte do povo queria que eu continuasse. O nosso grande líder (o vice-presidente José Alencar, do PRB) entendeu que o Márcio Marinho veio para nos representar”, justificou. O senador César Borges, presidente estadual do PR, muito procurado por vários partidos para fechar apoio para a sucessão municipal, disse que a sua decisão “foi muito pensada e refletida”, e passou por muitas horas de conversas. “Se fosse uma decisão baseada no coração, eu já estaria aqui no meio de vocês, porque é aqui onde estão os meus amigos. Mas a minha decisão é pela razão. Salvador vive momentos difíceis, com crises em todos os sentidos, e ACM Neto tem a capacidade e a visão de futuro, por isso tomamos esta decisão”, justificou. Borges falou também da sua passagem pelo governo e disse que “em nenhum momento vou sentir vergonha”. Ele citou a vinda da Ford como uma das grandes conquistas para a Bahia, que aconteceu durante o seu governo, “e que teve a participação decisiva do presidente do Senado, o querido e saudoso senador Antonio Carlos Magalhães”, disse. “Quebramos um paradigma no Norte/Nordeste e conseguimos trazer uma fábrica de automóveis da Ford”, lembrou. (Por Evandro Matos)
Bispo Marinho: “Estamos juntos e misturados”
Escolhido com muito critério para compor a chapa de vice com o deputado ACM Neto, o Bispo Marcio Marinho disse que a sua decisão foi muito pensada. “Sou um homem de fé e reconheço que não cai uma folha de uma árvore se não for da vontade de Deus. Entendi que a cidade precisa de jovens visionistas, com vontade de levantar a sua auto-estima”, disse, justificando a sua decisão. O Bispo Marinho, porém, fez questão de atrelar a sua decisão à vontade de Varela. “Jamais tomaria uma decisão que não fosse da sua vontade, porque somos amigos e você sabe que pode contar comigo”, jurou. Marinho voltou a pronunciar uma frase citada na semana passada, quando disse numa entrevista a uma emissora de rádio que a sua posição sobre a sucessão municipal seria a mesma de Varela. “Estamos juntos e misturados”, disse, espantando qualquer especulação sobre uma posição diferente dos dois. Com esta definição, o deputado ACM Neto anunciou ontem mesmo a escolha do nome do deputado federal Luiz Carreira para coordenar a sua campanha, o que abre uma vaga para o Bispo Marcio Marinho assumir na Câmara Federal, já que ele é o primeiro suplente da coligação que lhe deu sustentação na última eleição. O Bispo Marinho justificou ainda o seu apoio a ACM Neto ao dizer que ele tinha semelhança com Varela. “Salvador precisa de uma pessoa com estilo combativo como você tem, e por isso escolheu o Neto”, disse. “Salvador não tem ninguém que grite por ela, como você faz”, completou, referindo-se a Varela. Marinho alertou que todos precisam ir à luta “porque aqui é tudo bonito, mas lá fora existe uma guerra. Eles têm a máquina do estado, mas nós temos os guerreiros”, argumentou. E num tom religioso, ele citou passagens bíblicas para ilustrar a luta que vem pela frente. “Um homem de Saul valia por cem, mas um homem de Davi valia por mil. E os homens de Davi estão aqui”, profetizou. “Vamos trabalhar, mas Deus já entregou a vitória em nossas mãos”, completou. (Por Evandro Matos)
Pinheiro rebate críticas por alianças perdidas para a prefeitura da cidade
As críticas dirigidas ao PT por ter deixado de fazer alianças em Salvador com diversas legendas que acabaram procurando outros caminhos não têm maior significado para o candidato do partido a prefeito da capital, o deputado federal Walter Pinheiro. O caso mais recente, do PR, que indicou o vice na chapa de ACM Neto (DEM), foi classificado por Pinheiro como “uma volta às origens do senador César Borges, reconstruindo o mesmo desenho de 2004, um projeto que a cidade rejeitou”. O deputado, que ontem almoçou na Assembléia Legislativa com a bancada estadual do PT, encarou a aliança PR-DEM como uma manobra definida pelo “ideário” de seus protagonistas, “um movimento que era natural que se processasse”, diante das “afinidades ideológicas e afetivas” entre o senador e o herdeiro genético do carlismo. Para ele, somente se tivessem chegado a bom termo os entendimentos para apoio do PR ao governo Wagner na Assembléia é que poderia se pensar em estender esse entendimento ao plano municipal. Com relação ao PTB e ao PPS, aliados respectivamente ao PMDB e PSDB, Pinheiro disse apenas que “fizeram suas opções”, sendo importante, para ele, é que “se consolidou a frente de esquerda, com a participação de PT, PSB, PCdoB, PV e PHS”. As próximas etapas, completou, “serão a ampliação da frente, a discussão da formação da chapa, a construção de uma unidade programática e o diálogo com a cidade, em sintonia com a realidade nacional, que se destaca pela nova linha de gestão e de investimento implementada pelo governo do presidente Lula”. Com os últimos movimentos na sucessão municipal, incluindo a desistência do radialista Raimundo Varela (PRB) de candidatar-se, Walter Pinheiro entende que “quatro papéis se cristalizaram”. Ele vê semelhanças entre as candidaturas de ACM Neto e de Antonio Imbassahy (PSDB), considerando que o neotucano representa apenas uma “reformulação” do antigo carlismo, “pois foi prefeito oito anos nesse sistema”. Quanto ao prefeito João Henrique (PMDB), que tenta a reeleição, “animou a cidade, mas no exercício do cargo não deu uma resposta substancial”. O almoço com os parlamentares petistas na Assembléia, segundo Pinheiro, teve o objetivo de “socializar os passos dados até aqui e construir a caminhada”. Ele disse que o PT tem “primazia” na condução da candidatura, mas que “a bancada tem a vantagem de expressar a publicização das teses partidárias, capacidade de diálogo e potencial de referência pública”, sendo, por isso, uma instância indispensável. Por outro lado, é de seu interesse ouvir o que pensam os deputados, pois “vários deles atuam na capital e podem traduzir o sentimento das ruas e das bases”. Darão também sua contribuição na construção de um programa de governo e na ação eleitoral efetiva, já que a frente está definida e, qualquer que seja a chapa, há o compromisso de que não haverá defecções. Participaram do almoço os deputados Paulo Rangel, líder na Assembléia, Yulo Oiticica, J. Carlos, Neusa Cadore, Bira Coroa, Zé Neto, Waldenor Pereira e Isaac Cunha. Os deputados Zé das Virgens e Fátima Nunes se encontravam no interior, acompanhando viagem do governador. (Por Luis Augusto Gomes)
Fonte: Tribuna da Bahia