SÃO PAULO - A reconstituição da morte de Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, acontecerá às 9h de domingo, mesmo que o casal Alexandre Alves Nardoni, de 29 anos, e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, de 24, se recuse a colaborar com os peritos do Instituto de Criminalística (IC).
Eles terão de comparecer, mas não são obrigados a participar da encenação da morte da criança. Os dois foram indiciados na semana passada por homicídio doloso triplamente qualificado - são acusados de espancar, asfixiar e arremessar Isabella do 6º andar edifício London, na Vila Isolina Mazzei, zona norte de São Paulo. A reconstituição deve levar dez horas.
Para evitar a aproximação de helicópteros de emissoras de rádio e televisão, a polícia solicitou ontem ao Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo o fechamento do espaço aéreo num raio de três quilômetros a partir do edifício. A restrição começará duas horas antes da reconstituição e só terminará duas horas depois.
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) foi encarregada de interditar a rua Santa Leocádia para impedir a aglomeração de curiosos. A idéia é manter a população a pelo menos 50 metros do prédio, assim como foi feito em frente à sede do 9º DP durante o último depoimento do casal, no dia 18.
Outra preocupação da polícia é com os moradores do edifício London. Hoje, homens do Grupo de Operações Especiais (GOE) vão se reunir com o síndico do prédio para estabelecer as regras da reconstituição. Quem decidir sair de casa, não poderá voltar até o fim dos trabalhos. Moradores que resolverem permanecer em seus apartamentos, terão de ficar dentro de casa. A polícia cogitou evacuar o edifício durante a reconstituição após o vazamento de imagens do interior do apartamento dos Nardoni, feitas por um morador.
Ontem, peritos do IC e delegados do 9º Distrito Policial começaram a planejar o que chamam de "reprodução simulada dos fatos". O principal objetivo é reproduzir passo-a-passo a versão apresentada pelo casal, desde a chegada ao prédio até o momento em que Isabella foi socorrida pelo serviço de resgate do Corpo de Bombeiros.
Serão confrontados os resultados dos exames periciais com as declarações de testemunhas e indiciados. A polícia quer saber se haveria tempo hábil para uma terceira pessoa ter cometido o crime sem ser visto por Nardoni ou Anna Carolina.
A perícia revelou que entre o desligamento do aparelho GPS do Ford Ka do casal e a primeira ligação para os bombeiros se passaram 13 minutos e 46 segundos.
Todos serão ouvidos separadamente. Embora as atenções estejam voltadas para o casal, pouco mais de dez testemunhas serão intimadas a participar da reconstituição. Alguns nomes são dados como certos - o pai de Nardoni, o advogado Antonio Nardoni, e a irmã dele, Cristiane. Moradores do edifício London e de imóveis vizinhos também contarão o que viram o ouviram naquela noite. O porteiro do prédio, primeiro a ver o corpo de Isabella estendido no gramado, e os homens do resgate darão detalhes sobre a posição em que a menina foi encontrada e o socorro à vítima.
Fonte: Tribuna da Imprensa