BRASÍLIA - A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, recebeu ontem parte da bancada feminina no Congresso e algumas líderes de entidades feministas em um ato de desagravo. Na teoria, por Dilma ter sido chamada de "galinha cacarejadora" pelo senador Mão Santa (PMDB-PI). Na prática, um ato das mulheres da bancada em defesa da ministra contra a acusação de ter montado um suposto dossiê com os gastos do cartão corporativo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Em um discurso no Senado, Mão Santa citou o livro de Adolf Hitler "Minha Luta", em que o líder nazista dizia "não podiam ficar sossegados, quando tinham uma notícia nova; costumavam, a maior parte das vezes, cacarejar antes mesmo de pôr o ovo" - em uma comparação com o que o governo federal faz em torno das obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).
"Vejam aí o PAC. Estão cacarejando. Ela diz que é a mãe do PAC", discursou Mão Santa. "É a galinha cacarejadora". O uso do termo "galinha" foi considerado mortalmente ofensivo pelas parlamentares. "Ao usar a expressão 'galinha cacarejadora' o Senador Mão Santa afrontou a dignidade feminina e o espírito democrático da instituição que representa, acirrando o seu descrédito junto à sociedade brasileira", dizia o texto entregue à ministra.
Houve até comparações com a situação de Roseana Sarney (PMDB-MA) - uma das presentes ao ato - em 2002, quando foi encontrado R$ 1 milhão em dinheiro em um dos seus escritórios políticos no Maranhão.
À época, a hoje senadora atribuiu a descoberta da Polícia Federal (PF) a perseguições pelo fato de ser candidata declarada à presidência. Ontem, algumas parlamentares afirmaram que Dilma está sendo perseguida por que passou a ser apontada como a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a sua sucessão.
Fonte: Tribuna da Imprensa