SÃO PAULO - O ex-ministro da Casa Civil e deputado federal cassado em 2005 José Dirceu atacou as correntes do PT e políticos de legendas mais à esquerda em entrevista concedida à revista "Piauí" que chegou às bancas ontem. Dirceu foi especialmente duro com os críticos internos do PT à gestão do ex-tesoureiro Delúbio Soares, envolvido no escândalo do "mensalão" e expulso do Partido dos Trabalhadores.
"Esse pessoal é assim. Chegava para o Delúbio e falava: 'Delúbio, preciso de um milhão'. Como é que alguém vai arrumar esse dinheiro assim, de uma hora para outra? Aí, quando não recebiam o dinheiro, diziam que estavam sendo preteridos, porque eram de uma outra corrente, de uma outra ala, que a direção era autoritária. O pobre do Delúbio tinha que ir aos empresários conseguir doações. Aí, estoura o mensalão e esse pessoal vem dizer que o Delúbio era o homem da mala. O que não dizem é que a mala era para eles", afirmou Dirceu à revista.
O ex-ministro revelou ainda que a construção da sede do PT em Porto Alegre "foi feita só com dinheiro de caixa dois". "Era com mala de dinheiro". Dirceu lembrou na reportagem que, quando foi feita essa denúncia sobre o PT gaúcho, que atingia o governo Olívio Dutra, "a gente estava com eles, não os abandonamos em nenhum minuto".
Sobre a ex-senadora Heloisa Helena, hoje no PSOL, ele lembrou do episódio da votação para a cassação de Luiz Estevão. "Ela votou contra. (...) Votou mesmo e por motivos impublicáveis. Mas nunca a deixamos sozinha, defendemos o tempo todo, mesmo sabendo que a história era diferente. E, depois, olha o que fazem".
Segundo informações da matéria, Dirceu encontra-se semanalmente com o deputado federal e ex-ministro do Fazenda Antonio Palocci. Semanas antes da entrevista, ambos jantaram na casa do deputado João Paulo Cunha, em companhia de Delúbio Soares.
O texto relata ainda casos de populares que ofendem Dirceu em restaurantes ou em filas de aeroportos, aos quais ele não responde, e sobre seus negócios como consultor. Seus clientes brasileiros, segundo a matéria, lhe pagam entre R$ 20 mil e R$ 30 mil.
Fonte: Tribuna da Imprensa