quinta-feira, janeiro 10, 2008

Governo descarta apagão elétrico

Ministro diz que quadro atual é diferente do de 2001, quando houve racionamento
BRASÍLIA - O ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, descartou ontem a hipótese de haver racionamento de energia neste ano e no próximo. "Está descartado apagão elétrico em 2008 e 2009", afirmou. Hubner ironizou os analistas que criticam a política energética do governo e afirmam que haverá problemas no fornecimento de energia. "Tem analista para tudo. Faz cinco anos que eu estou no governo e todo ano tem gente dizendo que vai faltar energia. E não faltou", disse.
O ministro ainda explicou que a situação de baixa nos níveis de água dos reservatórios não deve ser interpretada como um alerta à população. Hubner afirmou que, caso seja necessário racionar gás, eventuais medidas nesse sentido seriam tomadas por meio de uma decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), respaldada pelo presidente da República. "Se houver necessidade, as ações serão tomadas e as medidas legais colocadas", afirmou.
De acordo com o ministro, o fornecimento de gás às usinas termelétricas já está excedendo as cotas previstas no termo de compromisso firmado em maio do ano passado, entre a Petrobras e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Hubner também negou rumores de que teria se reunido ou que encontraria com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para falar da situação do setor elétrico. Segundo ele, a última vez que conversou pessoalmente com Lula foi na última sexta-feira.
Segundo ele, "não há motivo para alarde" com relação à situação do abastecimento de energia elétrica no País. O quadro atual, assinalou, é diferente do registrado em 2001, quando ocorreu o racionamento de energia. "A população brasileira já ficou traumatizada com o que aconteceu em 2001. A situação atual é bem diferente daquela. Nós criamos mecanismos para evitar que aquilo se repita", afirmou.
O ministro reconheceu que no último trimestre de 2007, "o ciclo hidrológico foi desfavorável e houve um retardamento das chuvas". Mas ele lembrou que o País está ainda apenas no 10º dia do período em que normalmente chove com mais intensidade, que vai de janeiro a abril.
Hubner afirmou que as usinas termelétricas foram acionadas para garantir a segurança do sistema elétrico. "A previsão hidrológica é uma ciência incerta. Por isso antecipamos a geração das térmicas", explicou. Hubner lembrou que o País ainda está no início do período de chuvas e que, se mais adiante o governo chegar à conclusão que o nível dos reservatórios está abaixo do ideal, mais usinas termelétricas poderão ser acionadas.
Ele disse que o governo já dispõe de uma plano de contingenciamento de gás e que, se houver necessidade, poderá transferir para as térmicas o gás que a Petrobras utiliza para consumo próprio, por exemplo. Qualquer medida, no entanto, levará em conta diversas questões, como evitar uma alta no preço da energia para a população. Hubner afirmou ainda que o governo fará um acompanhamento permanente das chuvas ao longo deste mês, mas somente no final de janeiro será possível avaliar com mais precisão qual é a situação de capacidade de geração hidrelétrica do País.
Opinião pessoal
Nelson Hubner disse que a afirmação feita terça-feira pelo diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, - de que não é impossível haver racionamento de energia este ano - expressa "a posição individual de Kelman e não reflete o pensamento da diretoria da Agência."
O ministro já chamou Kelman para conversar. Ele lembrou que o governo possui "vários espaços para debate", como o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).
Comitê se reúne para avaliar situação
Em meio às crescentes preocupações com a segurança no fornecimento de energia, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) se reúne hoje, no Ministério de Minas e Energia, para analisar a situação dos reservatórios de água das hidrelétricas e as condições da geração de energia pelas usinas termelétricas. O CMSE é um órgão presidido pelo ministério que se reúne periodicamente para analisar as condições de oferta e demanda de energia elétrica no País.
O CMSE teve na semana passada uma reunião para tratar dos problemas do setor, quando as discussões foram feitas por teleconferência. Além do Ministério de Minas e Energia, compõem o CMSE representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), do Operador Nacional do Sistema Elétrica (ONS), da Agência Nacional do Petróleo (ANP), da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Fonte: Tribuna da Imprensa