SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem investimento de R$ 1 bilhão através do BNDES para baratear o custo do conversor, aparelho que capta o sinal digital e o adaptam aos televisores analógicos. A declaração foi feita na solenidade que marca o início das transmissões da TV digital aberta terrestre pelo governo federal.
O ministro das Comunicações, Hélio Costa, também foi categórico: "O conversor vai cair de preço". O receio do governo é de que os preços dos conversores no mercado - o mais barato sai a R$ 499, mas os aparelhos preparados para a alta definição custam mais de R$ 1 mil - acabem comprometendo o sucesso da TV digital.
Quando o governo escolheu o padrão japonês para a TV digital brasileira, em 2006, falava-se que o conversor mais simples custaria em torno de R$ 100. A própria escolha do sistema japonês exerce sua influência sobre o preço: embora tenha suas vantagens em relação a outras tecnologias, requer conversores mais caros justamente pelo fator escala - o ISDB funciona somente no Japão. Como o Brasil fez algumas modificações na tecnologia, criando um sistema próprio, o problema de escala se acentua.
A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, também falou na solenidade. "Quando começamos, essa data (de inauguração) parecia uma quimera. Trabalhamos em conjunto e chegamos aqui". A ministra ressaltou ainda os benefícios da nova TV. "Toda a população poderá acompanhar as imagens em alta resolução em casa, no táxi, no ônibus. E poderá ter acesso a serviços como marcar consultas médicas", afirmou.
Hélio Costa e Lula falaram ainda que a opção do governo foi tornar a TV digital gratuita. "Avanços serão acessíveis a todos os brasileiros. A TV ficará mais próxima do espectador", disse Lula no evento. E continuou: "Logo será possível assistir à TV caminhando na rua, sentado no banco da praça. É uma verdadeira revolução".
Lula disse ainda que o brasileiro "gosta muito de TV". "É uma grande praça onde todos se reúnem", afirmou. Para ele, a era digital reforça a unidade do País e é preciso que a nova TV preserve as características básicas da atual: sinal aberto e gratuito.
Aparelhos
Os novos televisores produzidos no Brasil já vão sair da fábrica adaptados para receber a transmissão em alta definição. Quem não tiver um desses precisa adquirir um conversor para captar as imagens - que serão transmitidas pelos canais abertos disponíveis na Grande São Paulo (Cultura, SBT, Globo, Record, RedeTV, Gazeta e Bandeirantes).
Os aparelhos de decodificação estão sendo vendidos por preços entre R$ 499 e pouco mais de R$ 1 mil. Quem os tiver precisa ter também antena de captação do tipo UHF (ultra high frequency). Quem recebe o sinal via cabo também precisará de um decodificador.
O sistema escolhido para a transmissão digital no Brasil foi o japonês (ISDB-T), que permite melhor mobilidade - ou seja, a imagem pode ser captada por celulares ou aparelhos instalados em veículos. O sistema europeu, que concorreu com o japonês, é mais barato e foi o escolhido pelos chineses para a implantação da TV digital.
Segundo o presidente da Eletros, no início da era da televisão digital no Brasil poucos programas serão gerados dentro do novo sistema, embora as emissoras já estejam se adaptando. Posteriormente, com a entrada de um software já desenvolvido no Brasil - o Ginga - haverá interatividade e será possível assistir aos canais novos gerados pelos transmissores digitais. Kiçula diz esperar que os países da América Latina também optem pelo sistema japonês de TV digital, para que seja possível exportar os televisores digitais produzidos no Brasil.
Fonte: Tribuna da Imprensa