SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lembrou ontem o desgaste sofrido pelo PT durante o escândalo do mensalão para afirmar que o partido está mais forte do que nunca. "Acho que essa força viva vai continuar e o PT sairá dessas eleições muito mais forte do que em qualquer outro momento", disse Lula, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, onde despontou como líder sindicalista e votou ontem, no Processo de Eleições Diretas (PED) da sigla.
"Quando todos achavam que o PT estava morto, 330 mil petistas compareceram à urna para votar no PED de 2005", declarou. E voltou a rejeitar a idéia de mudar a Constituição para tentar um terceiro mandato.
Indagado se o quorum das eleições internas do partido neste ano seria baixo como o de 2005, o presidente refutou a informação, alegando que naquele ano houve uma demonstração de coragem da sigla. "O PT estava sendo atacado por todos os lados e os companheiros acreditaram que a gente ia dar a volta por cima, como aconteceu na minha reeleição", reiterou.
Ainda sobre a eleição interna no ano do mensalão, o presidente citou a vitória de Ricardo Berzoini, da corrente então chamada Campo Majoritário, hoje Construindo um Novo Brasil. "Ele demonstrou muita habilidade", avaliou.
Apesar dos elogios ao atual dirigente petista, candidato à reeleição, Lula fez questão de dizer que os seis candidatos ao posto têm condições de liderar o partido. "Todos eles têm história dentro do PT, portanto podem dirigir o partido com a dimensão que o partido exige", declarou.
Terceiro mandato
Em entrevista, ao ser indagado sobre a possibilidade de concorrer a um terceiro mandato, Lula mais uma vez negou veementemente a possibilidade. Defrontado com pesquisa do instituto Datafolha divulgada ontem, segundo a qual 65% da população rejeita essa hipótese, o presidente respondeu que a percentagem seria ainda maior, se ele tivesse sido consultado.
"Sou o primeiro a dizer que é um absurdo tentar mudar a Constituição para poder haver o terceiro mandato, como já foi mudada outra vez", reagiu, em crítica à aprovação da reeleição durante o governo Fernando Henrique. Acompanhado da primeira-dama Marisa, ele compareceu à sede do partido em São Bernardo por volta das 11 horas.
Permaneceu no local por meia hora. À vontade, cumprimentou amigos dos tempos de sindicato e foi muito festejado pelos correligionários e até por um repentista. A cidade foi seu reduto no início da carreira e hoje tem cerca de 5 mil filiados ao PT.
A direção municipal esperava a presença de pelo menos 2,5 mil na votação de ontem. O ministro da Previdência, Luiz Marinho, apoiador da candidatura de Berzoini, também votou em São Bernardo e negou a hipótese do terceiro mandato.
Ao ser indagado sobre a discussão em torno das eleições de 2010, Marinho igualmente despistou. "Não interessa ao governo fazer esse debate agora, mas é claro que os partidos têm o direito de trabalhar suas hipóteses", disse.
FONTE'; Tribuna da Imprensa