SÃO PAULO - A coagulação sangüínea é necessária para a sobrevivência do ser humano. Sem esse processo, o rompimento de qualquer vaso o levaria à morte, pois ele perderia todo o sangue do corpo. Esse processo é comandado por algumas substâncias presentes no sangue. Quando há um desequilíbrio entre elas, o processo de coagulação pode ocorrer sem que haja necessidade. Então, em vez de ajudar, ele pode até matar.
É isso mesmo: a trombose se caracteriza quando um coágulo se forma na corrente sangüínea – veias ou artérias – e impede a circulação do sangue. Ela pode fazer com que a vítima perca a área do corpo afetada – em geral, as pernas –, mas é pior ainda quando o coágulo se desprende do vaso onde se formou e passa a circular pelo corpo. Nesses casos, é muito comum que ele se fixe numa artéria do pulmão, entupindo-a e gerando embolia pulmonar, problema que pode matar repentinamente. “Muitas vezes se diz que alguém morreu de infarto, mas na verdade foi resultado de uma embolia”, diz Nelson Wolosker, cirurgião vascular do Hospital das Clínicas.
Existem dois tipos de trombose: a venosa obstrui veias e atinge preferencialmente jovens e adultos dos 15 aos 40 anos. Ela surge repentinamente e não oferece sintomas que possam ser detectados pelo paciente ou por exames. Em geral, essa versão da doença se manifesta após algum “fator-gatilho” em que a pessoa permanece imóvel por muito tempo. As duas principais situações são viagens longas, em que a vítima permaneça com o corpo imóvel por mais de duas horas, ou cirurgias muito demoradas. Quem é alvo desse tipo de trombose precisa ser internado imediatamente, para evitar a ocorrência de embolia.
Outra dica é não manter as pernas paradas por muito tempo, durante viagens longas. “É preciso fazer algum exercício, movimentar as pernas e os pés de vez em quando”, recomenda. Já a trombose venosa atinge mais freqüentemente os idosos e se desenvolve ao longo dos anos, podendo ser detectada em exames clínicos. Esse tipo de trombose costuma gerar sintomas – os mais comuns são dores nas pernas, ao caminhar. Pessoas obesas, que não costumam praticar exercícios, fumam ou têm diabetes, hipertensão ou altas taxas de colesterol são potenciais vítimas da trombose venosa. Para preveni-la é preciso combater esses fatores de risco.
A mudança de hábitos é decisiva no desenvolvimento da doença. “A prática de exercícios físicos reduz bastante o risco de problemas”’, diz o cirurgião vascular. Segundo ele, quando os exercícios são orientados por profissionais especializados, o risco de complicações diminuiu 85%. Quando esses recursos não dão resultado, recorre-se à cirurgia para desobstruir a veia entupida. O médico pode escolher entre várias técnicas. Além de controlar os fatores de risco, é fundamental que as pessoas façam exames médicos periódicos para verificar a circulação. (Folhapress)
Fonte: Correio da Bahia