João Henrique pede que cargos ocupados pelo PCdoB na prefeitura sejam devolvidos
O prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) rompeu ontem, definitivamente, com o PCdoB. Após uma conversa por telefone com o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB), o prefeito pediu que todos os cargos ocupados pelos comunistas na prefeitura fossem devolvidos. Além da Secretaria da Educação, gerida por Ney Campello e detentora do segundo maior orçamento do município, com R$381 milhões previstos para 2008, o PCdoB comandava quatro subsecretarias e cargos do segundo e terceiro escalões. Segundo assessores próximos a João Henrique, ele e o PMDB “tentaram fazer ouvido de mercador, mas não conseguiram aceitar a estratégia comunista de manter a vereadora Olívia Santana como candidata à prefeitura no próximo ano” em oposição a João Henrique e ainda manter-se na administração. A Secretaria Municipal de Comunicação informou, no início da noite, que os nomes dos substitutos ainda não foram definidos.
Em nota enviada à imprensa, o prefeito afirmou que a candidatura do PCdoB demonstrava que não havia mais convergência entre os projetos do partido e do prefeito para Salvador. “Não temos mais os mesmos projetos para a cidade”.
Apesar de reconhecer o trabalho realizado pelos comunistas à frente da educação, destacando o fim das filas na matrícula escolar, a melhoria substancial da qualidade da merenda escolar e a correção monetária em 32% nos salários dos professores, o prefeito disse que, politicamente, a presença dos comunistas na administração municipal havia ficado incompatível com a posição adotada pela legenda. ”Vamos continuar priorizando a educação para obter mais avanços ainda para a população de Salvador” disse.
Mostrando-se indignado, o deputado Daniel Almeida tratou de desmentir o prefeito. Ele disse que, desde a última segunda-feira, estava programada uma reunião do partido para ontem, quando iriam deliberar sobre a saída dos comunistas da administração pública. De acordo com Almeida, João Henrique chegou a ligar às 13h para tentar convencê-los sobre a importância de manter o apoio do PcdoB à administração. Contudo, o deputado disse ao telefone que preferia conversar com o prefeito somente após a reunião da executiva municipal, que seria realizada às 16h.
“O que é mais estranho é que, sabendo que a nossa reunião seria pela deliberação da entrega dos cargos, o prefeito procurou se antecipar e anunciar o rompimento. É lamentável que ele tenha informado para a imprensa um conteúdo oposto ao que se deu na nossa conversa pelo telefone”. De acordo com o parlamentar, além de tentar convencer os comunistas de continuarem na administração, o prefeito teceu rasgados elogios à participação do PCdoB no governo, contou Almeida.
“O mais estranho é que acertamos não divulgar qualquer informação sobre o assunto até terça. Portanto, fomos surpreendidos com a nota publica da prefeitura. Ainda mais por ter um conteúdo 360 graus diferente da realidade”, disse. “Não nos surpreendemos com mudanças do prefeito João Henrique. Até porque, conhecemos o perfil dele de mudar tão depressa de posicionamentos”, disparou.
Independentemente do autor da decisão, o fato é que desde o dia 23 de outubro, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB) já havia cobrado do deputado Daniel Almeida um posicionamento da sigla. No encontro, durante o deslocamento entre Salvador e Brasília, o peemedebista reconheceu a legitimidade do PCdoB em pleitear o lançamento de uma candidatura, mas disse que estava afunilando o prazo necessário para que os aliados definissem se marchariam juntos com João Henrique, ou se assumiriam candidaturas próprias à sucessão.
Ontem, o ministro da Geddel afirmou que respeitava a decisão do prefeito e que ele havia exercido uma prerrogativa dele. “Sob o ponto de vista político-doutrinário, era inconcebível um partido participar de uma administração e ficar, por dentro da própria administração, alimentando uma candidatura de enfrentamento”. O ministro garantiu ainda que respeita a decisão, independente do autor.
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Partido soube de rompimento pela imprensa
O presidente da executiva municipal do PCdoB, Geraldo Galindo, confirmou, no final da tarde de ontem, a conversa entre o prefeito João Henrique (PMDB) e o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB). No entanto, negou a informação de que o gestor havia pedido os cargos ocupados pelos comunistas na prefeitura. De acordo com ele, ficou definido durante a ligação que iriam se reunir, na próxima terça-feira, para discutir “as relações políticas”. “Em momento algum ele pediu os cargos. Mas se assim fizer, não nos restará outra alternativa. Vamos acatar. E mais, vamos aceitar com a maior naturalidade”, disse, ao criticar a forma utilizada pelo prefeito.
Para o dirigente, João Henrique agiu de forma deselegante ao informar o rompimento através da imprensa. “Ele deveria ter, no mínimo, buscado romper de forma negociada. Até porque, não somos apegados a cargos. Isso é deselegante. Mas, mesmo assim, se esse for o posicionamento dele, nós acataremos”, reafirmou.Geraldo Galindo aproveitou para garantir ainda que a candidatura da vereadora Olívia Santana “é irreversível, independente de ficar no governo ou sair do governo”. “Ela é candidata em qualquer circunstância. Conversamos no período da repactuação com o prefeito e com o ministro Geddel (Vieria Lima) e anunciamos nossa candidatura. Na época, sequer fomos questionados por isso. Até porque, não entendemos como incompatibilidade, o fato de estarmos ocupando cargos na administração pública e lançarmos um projeto próprio”.
Segundo a vereadora Olívia Santana, pré-candidata ao Thomé de Souza e pivô do desentendimento entre comunistas e peemedebistas, o rompimento aconteceu de forma “atípica”. “Até porque, o prefeito não nos procurou para oficializar o rompimento. Só tivemos conhecimento através da imprensa e da Secretaria de Comunicação. É uma questão inusitada, mas que condiz com o perfil do prefeito”, disse, lamentando o episódio, completando que deveria ter existido uma relação mais verdadeira, aberta e mais clara por parte de João Henrique.
De acordo com a líder comunista na Câmara, vereadora Aladilce Souza, na próxima terça-feira, os integrantes do PCdoB vão se reunir para definir o que fazer diante da decisão do prefeito. “Nesse momento, não trabalhamos com a tese de rompimento. Até lá, vamos nos comportar como aliados”. Ela disse que só após a reunião vão definir que posicionamento vão adotar na Câmara de Salvador.
Para o deputado Daniel Almeida, o momento é de se preocupar com a cidade, mantendo o trabalho em favor da população. “Desejamos que o prefeito possa cuidar melhor de Salvador. Que nossa capital tenha um tratamento melhor do que está tendo. Temos, inclusive, a convicção do papel importante que desempenhamos na prefeitura”.
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Oposição deve fechar apoio para CPI da Fonte Nova
A bancada de oposição na Assembléia Legislativa deve fechar questão favorável à proposta do deputado João Carlos Bacelar (PTN) de instalar, na Casa, uma CPI para investigar as causas e apontar responsáveis pela tragédia no último domingo no estádio da Fonte Nova, onde parte da arquibancada do anel superior desabou, matando sete torcedores e deixando mais de 60 feridos. Além disso, a bancada deve acatar sugestão do parlamentar de ingresso no Ministério Público da Bahia (MPE) com uma ação civil pública por improbidade administrativa e crime de responsabilidade contra o governador Jaques Wagner.
Bacelar tomou a iniciativa de propor a instalação da CPI e da ação no MPE com base nas declarações do governador Jaques Wagner no programa Conversa com o governador do último dia 30 de outubro, quando afirmou que o estado investiu R$3,5 milhões na reforma do estádio para abrigar os jogos da Série C.De acordo com o líder do Democratas, deputado Heraldo Rocha, diante das mortes e das declarações de investimentos públicos para a recuperação da Fonte Nova, a Assembléia não pode ficar omissa. Ele disse que a instalação de uma CPI é plenamente factível uma vez que existe um fato determinado a ser investigado.
Para o também democrata Tarcízio Pimenta, a CPI deve existir e com o apoio da base de sustentação do governo Wagner na Casa. “As informações acerca da situação do estádio estão desencontradas. Técnicos da Sudesb alegam que haviam alertado o superintendente do órgão sobre a situação do estádio e ele nega. Ocorreu a tragédia e ninguém assume a responsabilidade. O estado joga a culpa para o Bahia, o Bahia para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que a devolve ao estado. Alguém precisa assumir a responsabilidade pelas mortes. Aliado a isso, o governador afirmou que investiu R$3,5 milhões na recuperação do estádio. Foi o governador quem afirmou, está lá, gravado, enquanto o site Transparência Bahia informa gastos de pouco mais de R$50 mil nas obras da Fonte Nova. Criou-se, então, um impasse, uma situação desagradável que precisa ser esclarecida, pois envolve recursos públicos”.
Fonte: Correio da Bahia