domingo, dezembro 02, 2007

Dom Cappio recebe apoio popular

Representantes de movimentos e entidades que apóiam a manifestação do bispo de Barra, dom Luiz Cappio contra a transposição das águas do rio São Francisco, pretendem ampliar a realização de jejuns de um a dois dias como forma de manifestar apoio ao religioso. O frei começou nova greve de fome na última terça-feira – repetindo ato de 2005 – como forma de pressionar o governo a suspender o principal projeto do govertno federal para o Nordeste.
Nos dias 27 e 28, o jejum em solidariedade ao bispo foi feito por irmãs de Casa Nova, município próximo a Sobradinho, onde dom Cappio permanece em vigília. No dia 30, foi a vez do economista Marcos Arruda. Segundo lideranças antitransposição, a intenção do movimento é desencadear jejuns solidários, com duração de um a dois dias, já recebeu adesões da França e da Bélgica.
Segundo o sociólogo Rubem Siqueira, da Comissão Pastoral da Terra, dom Cappio demonstra todos os indicadores de saúde em estado normal. “Tem muita gente chegando e ele atende a todos”. O frei também enfatiza ter condições plenas para esperar o governo abrir a negociação. “Estou firme, forte e tranqüilo”, afirmou Cappio ao Correio da Bahia, em entrevista por telefone, uma hora antes da missa das 19h, que celebra diariamente durante o jejum. O religioso se entusiasmou com o apoio social que vem recebendo. “O povo é muito solidário. Está chegando gente de minha terra, da região”.
Rubem Siqueira acredita que os dois lados vão ter que ceder para se chegar ao diálogo “para não acontecer o pior”. Por considerar que a transposição beneficiará 12 milhões de pessoas e não vê no bispo legitimidade para governar, tanto o presidente Lula como o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, anunciaram que não pretendem dialogar durante a greve de fome. Geddel Vieira Lima articulou com a prefeitura de Juazeiro (BA) uma assistência médica ao bispo, via Samu. Paulista de Guaratinguetá, dom Luiz Favio Cappio tem 61 anos e nasceu em 4 de outubro – data dedicada ao santo e ao rio São Francisco. Foi ordenado padre em 1974, quando integrava a Pastoral Operária, e decidiu rumar para o semi-árido só com a roupa do corpo. Em 1992 e 1993, fez uma peregrinação da nascente à foz do Velho Chico, sendo ordenado bispo da diocese de Barra em 1997. Convive há 40 anos com os riberinhos São Francisco.
Em Petrolina, onde esteve na sexta-feira, Geddel Vieira Lima, reafirmou que não pretende interromper as obras da transposição – o ministro considera salutar sugestões que possam melhorar o projeto, e rejeita negociar sua suspensão, como quer dom Cappio. “A obra é irreversível e vamos levá-la adiante. Lamento que, como cristão, o bispo adote uma atitude tão fundamentalista”, destacou o ministro.
Licenciada pelo Instituto Nacional de Meio Ambiente e Recursos Naturais não Renováveis (Ibama) em março, a obra da transposição começou em junho. Segundo a assessoria do Ministério da Integração Nacional, o Batalhão de Engenharia do Exército está trabalhando nos canais de aproximação dos eixos norte e leste, com base nos municípios de Cabrobó (PE) e Floresta (PE) e duas barragens. Depois, as obras serão tocadas por empresas privadas que estão sendo licitadas. Geddel Vieira Lima pretende anunciar dentro de 20 dias o resultado do certame para o primeiro dos 20 lotes de obra.
Fonte: Correio da Bahia