quinta-feira, novembro 01, 2007

Governador de Alagoas deve testemunhar a favor de Renan no Conselho de Ética

GABRIELA GUERREIROda Folha Online, em Brasília
O governador de Alagoas, Teotônio Vilella Filho (PSDB), pretende prestar depoimento como testemunha de defesa do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no terceiro processo a que responde no Conselho de Ética do Senado --no qual é acusado de usar "laranjas" para a compra de um grupo de comunicação em Alagoas. A Folha Online apurou que o governador pretende marcar o depoimento para a semana que vem.
O depoimento deve ocorrer em sigilo ao relator do processo no conselho, senador Jefferson Péres (PDT-AM). O senador pretende concluir as investigações sobre o caso até o dia 14 de novembro para apresentar o texto ao conselho.
Vilella Filho foi arrolado como testemunha de defesa por Renan porque disputou o governo do Estado com o usineiro João Lyra no passado --por este motivo pretende afirmar ao conselho que as acusações do usineiro contra Renan foram provocadas pela disputa política local.
A estratégia de defesa do peemedebista é desqualificar Lyra como acusador, já que o usineiro foi responsável por divulgar as denúncias de que teria firmado sociedade oculta de Renan com o uso de "laranjas" para a compra de um jornal e duas rádios em Alagoas.
Depoimentos
O relator ouviu nesta quarta-feira os depoimentos do técnico em contabilidade José Hamilton Barbosa e do juiz Marcelo Tadeu Lemos de Oliveira, da 16ª Vara Criminal de Maceió. Apesar de Péres considerar que os depoimentos acrescentaram pouco às investigações, a defesa de Renan comemorou o fato de Barbosa ter entrado em contradição em diversos momentos na conversa com o relator.
O técnico em contabilidade reiterou que Renan teria firmado sociedade oculta com o usineiro para a compra do grupo de comunicação, mas não apresentou provas do envolvimento do peemedebista na operação.
Advogados de Renan comemoraram, em especial, o fato de Barbosa não ter conseguido indicar três testemunhas que saberiam da sociedade oculta, apesar de afirmar que "todo mundo sabia' que Renan era sócio de Lyra no negócio.
O depoimento do juiz, por sua vez, também foi visto de forma positiva pela defesa do presidente licenciado do Senado, uma vez que reiterou os crimes que o usineiro responde na Justiça de Maceió.
O juiz vem recebendo ameaças de morte no Estado e chegou a pedir proteção do Senado por temer represálias, apesar de já receber proteção judicial. Oliveira foi responsável por apresentar queixa-crime à Justiça de Alagoas contra Lyra pela suspeita de ser o mandante do assassinato de um fiscal no Estado.
Licença
Renan está afastado do Senado há quase dez dias, em licença médica solicitada para realizar uma série de exames. A licença se encerra nesta quinta-feira, o que obrigaria o peemedebista a retornar aos trabalhos na Casa na semana que vem.
Interlocutores de Renan afirmaram à Folha Online que o senador não pretende renovar a licença médica, apesar de aliados do peemedebista defenderem o seu afastamento da Casa para não retornar ao foco da crise.
O presidente licenciado do Senado pediu afastamento do cargo por 45 dias no final de setembro, mas se afastou por apenas dez dias do mandato na licença médica encaminhada à Casa Legislativa.
Fonte: Folha Online