terça-feira, novembro 20, 2007

De plumagem nova, tucanos crescem na Bahia

O Partido da Social Democracia Brasileira, PSDB, nasceu no bojo da nova Constituinte, em 1988. É, portanto, o mais jovem dos grandes partidos brasileiros, o que mais cresceu em organização e em resultados eleitorais. Originado do PMDB, teve nos líderes Franco Montoro, Mario Covas e Fernando Henrique Cardoso os seus principais fundadores. Um ano após ser fundado, disputou a presidência da República com Mário Covas e, seis anos depois, em 1994, Fernando Henrique chegou ao poder no embalo do Plano Real. Contudo, na Bahia, o partido nunca conseguiu ter a mesma musculatura do Sudeste, resumindo-se aos esforços dos deputados Jutahy Júnior e João Almeida. Com a chegada do ex-prefeito Antônio Imbassahy, os tucanos ganharam capilaridade e disputarão as eleições do próximo ano com muito mais força. A fama de ser um partido forte apenas no Sul e Sudeste é mais pela representatividade das suas lideranças e pela força que representa o PIB destas regiões. Cá, no Nordeste, o PSDB também já governou os estados do Ceará e Sergipe, governa a Paraíba e, agora, botou um pé em Alagoas. Na Bahia, o vácuo deixado pelo carlismo no interior permitiu o crescimento de alguns partidos, e o PSDB também abocanhou uma parte deste bolo. Em 2004, os tucanos elegeram apenas 22 prefeitos, mas hoje já são 45 filiados aos seus quadros, o que representa um crescimento de mais de cem por cento. Se, no passado, a legenda vivia apenas às custas do prestígio dos deputados federais Jutahy Magalhães Júnior e João Almeida, agora já conta também com três deputados estaduais, com destaque para Marcelo Nilo, atual presidente da Assembléia Legislativa. Os outros são os deputados Sérgio Passos e Emério Resedá, que contribuem para o fortalecimento da legenda nas regiões do Piemonte da Chapada Diamantina e do semi-árido. Embora não esteja filiado ao partido por conta da nova legislação, o deputado João Bonfim segue as suas orientações, inclusive transferindo os prefeitos de sua base eleitoral nas regiões de Guanambi e Bom Jesus da Lapa. Reeleito no último dia 10 para mais um mandato à frente do partido na Bahia, o ex-prefeito Antônio Imbassahy, talvez o principal responsável pelo atual momento vivido pelo partido, fez um trabalho de “conquista do interior”, dando seqüência ao esforço do ex-presidente Jutahy Júnior, que enfrentou sérias dificuldades para penetrar nos distantes grotões. Mas, ainda assim, não resta dúvida que a semente foi plantada. Fechadas as contas após o encerramento do prazo para as filiações partidárias, o PSDB pulou de 210 para 390 diretórios formados em todo o estado. Isso, por si só, mostra que o partido ganhou capilaridade e desponta com grande força para o futuro. No bojo deste crescimento peessedebista, como gosta de ressaltar o deputado Jutahy Júnior, é importante lembrar que, no plano nacional, o partido é o atual líder das pesquisas para a presidência da República em 2010, através do governador de São Paulo, José Serra. Além dele, também o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, pontua bem e surge como uma forte opção dos tucanos ao Palácio do Planalto. Queiram ou não, foi o PSDB que fez as principais reformas da máquina do estado durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso, debelou a inflação através do Plano Real, durante o governo do presidente Itamar Franco, e criou a Lei de Responsabilidade Fiscal, um mecanismo para o controle dos gastos nas administrações públicas. (Por Evandro Matos)
União ajudou novo momento
De acordo com o pensamento do ex-prefeito Antônio Imbassahy, o crescimento do PSDB baiano é considerado como um trabalho de formiguinhas, onde cada um dos seus membros faz um pouco. Para traçar as linhas do futuro, ele fala em “mudança de conduta” e diz que “a gente quer uma atitude nova”, referindo-se, ao mesmo tempo, aos anseios da população. A última convenção do PSDB, realizada no Centro Empresarial Iguatemi, mostrou o novo ambiente vivido pelo partido. Além de participativa do ponto de vista da presença de simpatizantes, também contou com o discurso unificado das suas principais lideranças. Das velhas rusgas entre os deputados Jutahy Júnior e João Almeida, nada que interfira na harmonia partidária. “Nós podemos ter pontos de vistas diferentes, mas nada que impeça a convivência dentro do partido”, colocou o deputado João Almeida. No que pese o partido viver um novo momento, nos últimos anos, contudo, a sua participação nas eleições foi difícil de ser administrada. Por conta da defesa de posições históricas, muitas vezes o partido se escondeu. A última eleição foi um exemplo típico destas dificuldades. Se no plano nacional as suas principais lideranças marcharam unidas com a candidatura de Geraldo Alckmin, na prática esta unidade não aconteceu devido ao apoio à mesma candidatura dado pelo ex-senador Antonio Carlos Magalhães, ponto da discórdia do deputado Jutahy Júnior. Por outro lado, mesmo apoiando a candidatura de Wagner o governo do estado, houve dificuldades para conduzir este apoio, uma vez que os petistas apoiaram a reeleição de Lula. Tais fatos, além de prejudicar o partido, provocaram o isolamento da candidatura do ex-prefeito Antonio Imbassahy ao Senado, que foi preterido pelas outras legendas que apoiaram Wagner em favor de João Durval. Desde a década passada que os deputados Jutahy Júnior e João Almeida vinham lutando para manter o partido vivo na Bahia, mas, devido a estas questões, sempre encontraram muita dificuldade. Neste ínterim, Jutahy ainda foi prestigiado com um ministério no governo de Itamar Franco, mas, ainda assim, insuficiente para vitaminar a legenda na Bahia. Preocupado com a coerência e inimigo declarado do carlismo, Jutahy sempre se posicionou como forte adversário deste agrupamento político. Em 1990, o PSDB apoiou a candidatura de Lídice da Mata ao governo do Estado; em 1994, o próprio Jutahy saiu candidato; em 1998 apoiou João Durval, candidato pelo PDT; em 2002, apoiou Prisco Viana, coligado com o PMDB; e, em 2006, os tucanos apoiaram o candidato vitorioso, Jaques Wagner. A eleição do deputado Marcelo Nilo para a presidência da Assembléia Legislativa fez parte de um acordo dos tucanos com o governador Jaques Wagner, uma espécie de retribuição ao apoio dado em 2006. Nilo tem cumprindo bem o seu papel no relacionamento do Legislativo com o Executivo, além de ter se transformado numa das principais lideranças do partido no estado, sendo apontado também como um dos responsáveis pelo atual crescimento dos tucanos. (Por Evandro Matos)
Partido começa ganhar novo perfil
Um dado que tem marcado positivamente os tucanos é o avanço pelo interior do estado. Na convenção realizada na semana passada, políticos de diversas matizes ideológicas ouviram atentamente os conselhos da cúpula tucana sobre como deverão se comportar nas eleições futuras, com o objetivo de afinar o discurso. “Espalhem esta mensagem pelo interior. Usem isso para vocês convencerem às pessoas que também poderão governar em parceria com o governo do Estado”, disse Imbassahy, recorrendo às recentes declarações positivas do governador Wagner sobre a sua candidatura à prefeitura de Salvador para orientar os seus colegas nas disputas do interior. Além de administrar municípios importantes como Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Itaberaba, São Sebastião do Passé, Teodoro Sampaio e Santa Rita de Cássia, o PSDB também já se prepara para lançar candidatos competitivos em 2008. Além de Salvador, onde o ex-prefeito Antônio Imbassahy lidera todas as pesquisas já divulgadas, os tucanos deverão ter candidatos competitivos em muitos municípios. Em Alagoinhas, por exemplo, o partido vai lançar o ex-deputado Paulo Cezar, sempre o mais votado no município para os cargos que disputou e atual líder das pesquisas. “Será uma campanha difícil, mas acho que o PSDB tem toda a chance de vencer”, revelou o pré-candidato. “Vamos ter candidaturas bastante expressivas. O partido vai sair muito mais forte em 2008”, disse Imbassahy, prevendo o futuro. Assim, os tucanos vão disputar a reeleição em municípios onde já administram como Barreiras (com Saulo Pedrosa), Itaberaba (com Washington Luiz Neves) e Teixeira de Freitas (com Padre Aparecido), além de outros não citados. Eles vão disputar com chances também nos municípios de São Sebastião do Passé (com Zezito Pena), Simões Filho (com Eduardo Alencar), Serrinha (com Tânia Lomes), Juazeiro (com Edson Tanure), Valença (com Renato Assis), entre outros.
Deputado alerta para efeitos da seca na Bahia
O deputado federal Marcelo Guimarães Filho (PMDB), tem alertado os governos estadual e federal sobre as consequências da longa estiagem que já se abate em dezenas de municípios baianos e em todo o Nordeste. Ele destacou o trabalho do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, nas áreas afetadas pela seca e defendeu a implantação de um programa permanente que ampare e privilegie as milhares de famílias que todo ano sofrem com a falta de água. Nesse sentido, ele voltou a defender a transposição das águas do rio São Francisco como uma saída para atender cerca de 12 milhões de brasileiros que serão beneficiados com as obras. Já em discurso na Câmara Federal, o parlamentar baiano analisou a escolha do Brasil para sediar a Copa do mundo de 2014, e alertou aos dirigentes nacionais quanto aos problemas estruturais e conjunturais a serem superados em tão curto tempo. Por outro lado, afirmou, “é inegável que a Copa será um benefício para o país, pois como vimos no exemplo da Alemanha, mais de 40 mil empregos permanentes”. O modelo proposto para a Copa no Brasil prevê prioridade para investimentos privados na construção e reforma de estádios, deixando os recursos públicos para aplicação exclusiva na modernização da infra-estrutura necessária. Em seu discurso, no anúncio oficial da FIFA, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que “...essa escolha é motivo de muita alegria e de muita festa, mas sobretudo motivo para regressarmos ao Brasil sabendo que organizar uma Copa é uma grande responsabilidade...”
Fonte: Tribuna da Bahia