quarta-feira, outubro 03, 2007

Rede Record de Televisão ataca Globo em editorial

SÃO PAULO - Desde a inauguração da Rede Record News de Televisão, na quinta-feira passada, a briga entre as Redes Record e Globo saiu dos bastidores e foi para o ar. Segunda-feira, o jornalista Celso Freitas, âncora do "Jornal da Record", leu um editorial acusando as Organizações Globo de tramarem uma "operação covarde e leviana" para impedir a inauguração do novo canal de TV, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
O editorial cita reportagem do jornalista Josias de Souza, do jornal "Folha de S.Paulo", segundo a qual o vice-presidente de Relações Institucionais das Organizações Globo, Evandro Guimarães, teria se encontrado com políticos, incluindo o ministro das Comunicações, Hélio Costa, para "questionar a legalidade da Record News".
Os ataques à Rede Globo haviam começado na inauguração da Rede Record News, quando o bispo da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) e proprietário da Rede Record, Edir Macedo, atacou o "monopólio da informação" da Globo.
A suspeita que pesa contra a Record é de controlar duas geradoras de TV em São Paulo. A legislação impede que um mesmo proprietário controle dois canais de radiodifusão do mesmo tipo, numa mesma cidade.
Araraquara
O editorial defendeu o Grupo Record, ao descartar qualquer irregularidade e informar que a geradora do novo canal - cujo nome oficial é Rede Mulher - fica em Araraquara, no interior de São Paulo. Além disso, a assessoria informou que a Record News não pertence a Macedo, como a Record.
Para o diretor da Organização Não-Governamental (ONG) Intervozes, Diogo Moyses, a Record infringiu as regras do setor ao transformar uma retransmissora de sinal, em São Paulo, na geradora. "No editorial, a Record assumiu a irregularidade, dizendo que gera conteúdo para a Record News em São Paulo", afirma Moyses. "Dizer que o canal é uma simples retransmissora é um absurdo."
A proibição ao controle de duas concessões na mesma cidade é o único dispositivo legal contra o monopólio no setor, ressalta Moyses. Ele afirma, porém, que a Record não é o único grupo nessa situação. Ele cita a Bandeirantes, que controla a Play TV em São Paulo. A Bandeirantes, por meio da assessoria, afirma que os canais estão dentro da lei.
Em reportagem publicada no portal Observatório do Direito à Comunicação, Moyses revela que um dos proprietários da Rede Mulher, Marcos Antônio Pereira, é vice-presidente da Record o que também é proibido. "Na prática, Edir Macedo é proprietário da Rede Mulher."
Ataques
A Rede Globo afirmou, em nota, que o editorial da Record defendeu interesses "inconfessáveis" e "é de se esperar que um grupo que lucra pela manipulação da fé religiosa queira também manipular a opinião pública". O Ministério das Comunicações não se pronunciou, oficialmente, sobre o assunto.
FONTE: Tribuna da Imprensa