quarta-feira, outubro 03, 2007

Lima faz ameaças a senadores

BRASÍLIA - Expoente mais aguerrido da tropa de choque de Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Almeida Lima (PMDB-SE) fez ameaças ontem aos senadores do Conselho de Ética. Relator de um processo de cassação contra Renan, disse que quem quiser questionar sua conduta ética ou pessoal "vai receber um sapatão na cara mesmo".
Advogado por formação, Almeida Lima foi o centro das atenções na reunião de ontem do Conselho de Ética. Escolhido mais uma vez relator de representação contra o presidente do Senado - ele foi relator de um processo já concluído junto com os senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS) -, o peemedebista foi criticado por seus pares.
E falou grosso. Primeiro, negou ser advogado de defesa de Renan. Depois, ameaçou senadores que colocaram sua indicação sob suspeita. Ao ouvir o líder dos Democratas, José Agripino Maia (RN), falar que sua indicação para a relatoria de dois processos - os de número três e quatro - soava como provocação, o peemedebista pediu a palavra e foi duro.
"Não vejo que o senador Agripino tenha condições morais e éticas acima de mim", disparou com a voz elevada. Ao aceno do Democrata em responder, corrigiu: "Recebi uma provocação e afirmei que não vejo em vossa excelência condição moral e ética superior à minha para contestar minha escolha como relator. Aliás, não vejo apenas dele (Agripino), não vejo em nenhum dos membros do Conselho. Portanto, cuidado. Muito cuidado ao se referir à minha condição moral e ética".
Almeida Lima negou ser "advogado de Renan Calheiros". "Fui relator da representação número um, que foi aceita (ele recomendou a absolvição de Renan). Não confunda o que fiz na primeira representação com o que poderei fazer agora. Minha atuação pretérita justifica minha atuação presente", afirmou, advertindo que quem o desrespeitar será desrespeitado.
Mais adiante, as rusgas foram com o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que falou em sinal "pouca inteligência" o fato de Almeida Lima ter sido escolhido. O peemedebista rebateu lembrando que Buarque não tinha representatividade para falar em nome do povo, porque o pedetista não fora tão bem votado na última eleição.
"Lamento que o senador Cristóvam chegue dizendo que é o representante da opinião pública. Desde quando vossa excelência tem autoridade?" Ao fim da sessão, Almeida Lima voltou a falar grosso. E, em tom de ameaça, fez um desafio: "Eu topo analisar minha vida pregressa e quebrar meu sigilo telefônico da campanha. Eu sugiro então que se abra de todos. Quero ver quem vai suportar um minuto".
Questionado a quem dirigia o comentário, disse que era "indistintamente". Ao ser avisado do desafio de Almeida Lima, Buarque respondeu: "Os meus sigilos, podem quebrar todos".
Fonte: Tribuna da Imprensa