quarta-feira, agosto 29, 2007

Dirceu, Valério e toda a quadrilha utilizaram 500 milhões das verbas de publicidade

Por: Helio Fernandes

Basta olhar para trás e teremos desvendado o caminho à nossa frente. Depois de PC Farias e de Sérgio Motta, não houve nada mais ruidoso do que o chamado "mensalão", que é o mínimo gigantesco em matéria de corrupção. "Mensalão foi um diminutivo grande" nesse espantoso oceano de impunidade. Parecia uma bobagem, pois começava com um diretor dos Correios, diante de câmeras de televisão, recebendo 3 mil e 500 reais, parecia sem importância.
Mas logo depois surgiam as amplas estradas da corrupção, uma espécie de transamazônica (que ligava o nada a coisa alguma), com a diferença que a partir desses 3.500,00 contabilizavam 600 milhões, que ligavam a corrupção ATIVA à corrupção PASSIVA. Um espanto. (Os dois crimes pseudo ou supostamente provocando punição de 2 a 12 anos. Lógico, para os não protegidos, apaniguados ou apadrinhados).
No momento em que escrevo, dia 28 de agosto de 2007, ontem, estamos em mais um dia de cansativas mas elucidativas reuniões do Supremo. Mas temos que citar um artigo do jornalista, analista e professor Carlos Chagas, no dia 17 de abril de 2006, portanto, há 16 meses e 10 dias. Pois vindo de tão longe e antes de qualquer outro, o grande jornalista escrevia, com o título: "Nas mãos do Supremo".
Chagas dizia: "O ministro-relator (Joaquim Barbosa) mandou citar os 40 ladrões denunciados pelo Ministério Público, dando-lhes 15 dias para se defenderem". Não importa que esses 15 dias tenham se transformado em 15 meses e ainda estamos nas preliminares. O Ali-Babá, que foi ABSOLVIDO do crime de PECULATO, festejou (discretamente, claro), acreditando que escaparia também do crime de FORMAÇÃO DE QUADRILHA.
Perdeu por 9 a 1 (seria e foi praticamente unanimidade, a não ser um ministro, que disse, ficou a favor de Dirceu, reconhecido por chefe, o mandante, o líder de tudo). Por isso, vou ressaltar, ligeiramente, o mais importante do voto de cada um. Na ordem em que votaram. Só sobre Dirceu, o resto é tudo conseqüência, como a CONDENAÇÃO de Marcos Valério.
Joaquim Barbosa - Voto longo, profundo, magistral, impossível discordar. Mas não deixar de ressaltar com sabedoria urbana: "Trata-se apenas da ACEITAÇÃO DA DENÚNCIA". Lógico, depois vem o contraditório, ninguém está antecipadamente CONDENADO ou ABSOLVIDO.
Carmem Lucia - ACOMPANHOU o relator, mas precisava se exibir por um instante que fosse. Ressaltou: "É preciso provar". Alguém (com notável saber jurídico?) podia imaginar que alguém fosse condenado sem provas?
Lewandowski: RECUSOU, foi o único. Isolado, chamou a isso "a obrigação de ser coerente". É a COERÊNCIA DA SOLIDÃO.
Eros Grau: Excelente voto, contrariando a inconfidência de dois companheiros, que "revelaram" que votaria contra o relator. ACOMPANHOU. E ainda foi categórico: "Não se pode imunizar sem provas".
Ayres Brito - ACOMPANHOU, mas não precisava dizer que o relator teve TRABALHO HERCÚLEO". Isso ficou provado no acompanhamento, ficará mais do que provado (REPROVADO só os réus) no julgamento.
Cesar Peluzzo - Foi o mais incisivo, definitivo e elucidativo. ACOMPANHOU, dizendo que Dirceu é a maior figura da QUADRILHA. Não se escondeu de modo algum. Como eles mesmos gostam de dizer, data venia foi quem melhor ACOMPANHOU o relator.
Gilmar Mendes - ACOMPANHOU com voto excelente. Resumo: "Impossível acreditar que podiam fazer tudo o que fizeram sem apoio político".
Marco Aurelio - ACOMPANHOU, mas é muito mais brilhante CONTRA do que a favor. Fez algumas considerações desnecessárias, sabia disso.
Celso Mello - O único a citar o procurador geral e o relator. ACOMPANHOU, falou muito bem que Dirceu tinha "VARIEDADE DE COMPARSAS".
Ellen Gracie - O presidente fala por último, e como é matéria constitucional tem que votar. Mesmo já estando 8 a 1, ACOMPANHOU.
PS - Grande dia, pelo menos na esperança. Bobagem e perda de tempo ressalvarem: "Mas, no julgamento as acusações têm que ser provadas". É a sedução do lugar-comum, mesmo com NOTÁVEL SABER JURÍDICO E ILIBADA REPUTAÇÃO.
PS 2 - No julgamento propriamente dito, ficará IRREFUTÁVEL que todo o dinheiro era da publicidade do governo. 500 ou 600 milhões, as agências devolviam 50, 60 e até 70%, era a DINHEIRAMA que mantinha a quadrilha.
Fernando Bezerra
É a primeira "vítima" do efeito DIREITO. Estava certo que assumiria o cargo que não ganhou. Não estava DIREITO, perdeu.
Lula não poderia ser mais claro e explícito sobre a sucessão de 2010. "O PT não deve apresentar candidatura própria". Muitos garantem que com isso Lula se afasta do terceiro mandato, se arriscam numa análise distante. Se Lula tivesse dito "o PT não terá candidato à MINHA SUCESSÃO", poderiam até examinar sua afirmação. Mas as palavras do presidente aumentam a incógnita.
Tudo pode acontecer. Lula tem muitas opções, pode aproveitá-las. Em matéria de tempo, está igual a Serra e Aécio. Só que o presidente está no Poder, e mantém os mesmos 50% de antes ou de sempre.
No Diário Oficial de ontem, com foto sua ao lado do ministro Mantega, Sérgio Cabral ataca desvairadamente a ex-governadora Rosinha.
Ao receber adiantamento de 500 milhões dos royalties do petróleo, disse que isso será destinado ao Fundo de Previdência do Estado.
Aproveitou para dizer que o Rioprevidência, que tem que pagar 140 mil aposentados e pensionistas, vem "operando com déficit".
E jogou toda a culpa na ex-governadora. "Ela descumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal". Como se ele fosse algo melhor.
Mantega, na foto com Cabral, estava muito preocupada e apreensivo. Não falou nada, mas se sabe no Ministério da Fazenda: seu futuro é o mais incerto possível. Depois de ministro, vem o quê?
Os amestrados se esconderam, o que podiam fazer a não ser lamentar o fato de Dirceu passar de acusado a réu? Mas na verdade, anteontem foi apenas o início. Ontem a verdadeira condenação violenta. Mas os jornalões não podiam ficar omissos.
A Folha: "Dirceu, Genoino e Delubio viram réus do mensalão". Não é um texto muito brilhante, esse "viram réus".
O Jornal do Commercio, discreto como um pirarucu no Jardim de Alah: "Dirceu e Jefferson viram réus". O mesmo verbo virar?
Esta Tribuna não indo na rotina: "STF aceita denúncia contra Dirceu, Genoino e Delubio". Só Marcos Valério ficou de fora, entrou ontem.
O Globo, também fugindo da monotonia, "já se esperava", vem completo: "Unanimidade: Dirceu é réu por corrupção ativa". Ótimo, mas ontem concluíram: "Ele é o chefe da quadrilha e do BANDO".
Aldo Rebelo garante: "Não abro mão da candidatura a prefeito de SP". Ha! Ha! Ha! Comunista, usa a mesma "tática" do conservador (?) Orestes Quércia. Se lança para "conversar". O deputado do PC do B tem 1% dos votos.
A propósito: essa prefeitura, para Serra, é "a primeira ruga na face da madame". Não quer apoiar Alckmin, do seu partido e franco favorito.
Prefere Kassab, teoricamente adversário, pessoalmente vassalo. Mas não consegue tirar a legenda de Alckmin nem derrotá-lo na eleição propriamente dita. Serra será atingido de qualquer modo.
Pelo menos num ponto Jobim tem razão: essa história de mandatos na ANAC não pode ficar acima da realidade. Basta aplicar o raciocínio, "infralegal", como gostava de dizer Santiago Dantas.
A lei garante mandato em situações normais. Mentir à Justiça é motivo de demissão. Denise Abreu saiu por pressão. Zuanazzi não sai, está garantido. Hipótese: se um diretor com mandato cometer crime, fica no cargo?
Ao contrário do que dizem jornalões do mundo todo, "o Brasil não perdeu nada" com o que chamam de "crise financeira", o que foi apenas "turbulência" de jogadores.
Basta raciocinar um pouco, refletir, pensar e constatar: o financiamento de imóveis HIPOTECADOS não poderia atingir o mundo. Isso foi criado por Roosevelt para ressuscitar a economia dos EUA.
Por que cidadãos que não puderam pagar as hipotecas exigiriam pesados investimentos de bancos centrais? Mais de 500 bilhões, de quem era esse dinheiro? Ontem a Bovespa reduziu muito, e daí?
A Las Vegas brasileira chegou a cair ontem quase 3%, nenhum susto. O dólar passou de 2 reais, tantos esperavam, subiu quase 3%.
Televisão e jornalões como sempre informando errado. O presidente Lula não NOMEOU Carlos Alberto Direito para o Supremo. INDICOU, o Senado tem que APROVAR. Se isso ocorrer, o presidente nomeia. Se RECUSAR, indica outro.
Ainda existem problemas de superfície e de profundidade. Tem que ser aprovado até a véspera de completar 65 anos.
Carlos Alberto tem que ultrapassar muitos problemas nesses 8 dias.
1 - No TSE, tramita processo de cassação da senadora Rosalva Clarini, do DEM da Paraíba.
2 - Dois ministros votaram pela cassação, três pela absolvição.
3 - O ministro Direito ia votar pela cassação, empatava.
4 - Nesse caso, o ministro Marco Aurélio desempataria pela cassação.
5 - Agora, se der tempo de votar, Carlos Alberto muda a convicção, o julgamento acaba com a absolvição da senadora.
6 - Com isso, favorece o DEM do senador Marco Maciel, que tem voto no Senado.
7 - Mas o governo quer a cassação da senadora, pois assim assumiria Fernando Bezerra, que foi líder do governo.
8 - É duro ir para o Supremo. (Continua)
Primeira vaga aberta na diretoria de Furnas. O engenheiro Vaz de Melo, nomeado por José Pedro Rodrigues, pediu demissão. Caráter é isso, só Eduardo Cunha é capaz de "compreender".
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Na revista "QuantoÉ" que está nas bancas, Eduardo Cunha grita o mais alto possível: "Indiquei Conde para Furnas, mas queria também diretorias na Petrobras e no BNDES". Justíssimo, quem pode concorrer com sua falta de caráter, de ética e responsabilidade?
Não deixou de passar recibo em cima deste repórter: "Indignado com o artigo de Itamar Franco, disse que vai pedir auditoria no Fundo Real Grandeza, aplicaram 149 milhões no falido Banco Santos". Acontece que JPR não tem nada com isso. A aplicação foi feita por Dimas Toledo nos seus 9 meses de "administração".
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Pesquisa da Rádio Haroldo de Andrade, ontem. Há dias a revista Time publicou cartas de Madre Teresa de Calcutá, demonstrando dúvidas sobre a existência de Deus. Pergunta: a dúvida deve impedir sua canonização? NÃO, 63%, SIM, 37%. Em algum momento você duvidou da existência de Deus? SIM, 33%, NÃO, 67%.
Fonte: Tribuna da Imprensa