quarta-feira, junho 13, 2007

Operação navalha rubro-negra

Por: Helio Fernandes

Marcio Braga contra o patrimônio do Flamengo
Prezado Conselheiro Rubro-NegroNós, Conselheiros, estamos sendo induzidos a aprovar uma das maiores negociatas envolvendo o patrimônio do Clube: a entrega de 27.000 m2 de terreno da Gávea, por 50 anos, para exploração de um shopping center. Assim como a Nepente, uma planta que exala um agradável perfume para atrair insetos e comê-los, os Homens de Negócio do Flamengo, que querem negociar parte de nosso patrimônio na Gávea para construção de um shopping center, exalam, com oportunismo, o perfume do projeto de Revitalização da Gávea. Afinal, quem seria contra a revitalização da Gávea?
Conselheiro, este perfume está repleto de mentiras e omissões montadas pelos Srs. Marcio Braga, Artur Rocha, Gilberto Cardoso e Veiga Brito, os Homens de Negócio do Flamengo. Assim, vejamos:
1. Como já era de seu conhecimento, desde 1995 tentam usurpar essa área do Flamengo para construir um shopping center. Na época, irresponsavelmente receberam adiantamentos. O shopping center não foi construído e foi gerada uma dívida cujo valor atinge algumas dezenas de milhões de reais e que culminou no Processo nº 2002.001.075410-9, na 6ª Vara Cível, a ação movida pelo Consórcio Pinto de Almeida-Multishopping contra o Flamengo.
2. Os Homens de Negócio do Flamengo reativaram a idéia da construção do shopping center alegando ser a única fonte de recursos para revitalizar a Gávea. Não é verdade. Um trabalho sério e idôneo viabiliza um estádio para 35.000 pessoas.
3. Os Homens de Negócio do Flamengo querem fazer a licitação por "carta-convite" porque uma "Licitação Pública sob a Modalidade de Concorrência" e de forma transparente põe em risco o plano articulado por eles.
4. O objetivo dos Homens de Negócio do Flamengo é ter como vencedora da licitação as autoras da ação acima referida.
5. Após eloqüente discurso, Marcio Braga, se dizendo detentor de Fé Pública, afirmou repetidamente que o projeto consistia de um estádio para 30.000 pessoas com lojas. Nunca um shopping center. Mentiu.
6. No Processo nº 02/270.078/05 em que a Secretaria Municipal de Urbanismo aprovou o projeto do Flamengo, todos os despachos tratam o projeto como "um shopping center e um estádio". Os Homens de Negócio do Flamengo tinham conhecimento dos despachos. Conclusão: mentiram aos Conselheiros. (Marcio Braga mais uma vez mentiu.)
7. O despacho de 27 de dezembro de 2005, do então Secretário de Urbanismo Alfredo Sirkis, transcreve claramente: "Em 02/12/05 foi formalizado pedido de licença para obras de modificação com acréscimos, do Clube e de construção de uma nova edificação que abrigará o estádio de futebol e um shopping center".
Os Homens de Negócio do Flamengo tinham conhecimento deste parecer. Conclusão: mentiram aos Conselheiros.
8. O processo nº 03/005.302/2005 de 16 de dezembro de 2005 da Secretaria Municipal de Transporte, através da Companhia de Engenharia de Tráfego - CET RIO em seu parecer de 11 de janeiro de 2006 dá a seguinte conclusão: "o projeto será dividido em 3 partes, a saber, estádio para 22.200 espectadores, um shopping incluindo cinemas para 2.664 lugares e um ginásio com capacidade para 3.780 espectadores".
Os Homens de Negócio do Flamengo tinham conhecimento deste parecer. Conclusão: mentiram aos Conselheiros.
9. Não bastassem tais fatos, os Homens de Negócio do Flamengo também sabiam que o projeto do shopping center possibilitaria uma receita de luvas superior a R$ 60 milhões e receitas de aluguéis das lojas e do estacionamento superior a outros R$ 40 milhões por ano ou R$ 400 milhões de reais em 10 anos. Essas informações foram propositadamente omitidas aos Conselheiros para que o grupo vencedor da licitação por carta-convite proponha uma doação de R$ 10 milhões ao Flamengo. Já sabemos que esse dinheiro virá de parte das receitas de luvas das lojas do shopping center do Flamengo.
10. O Sr. Artur Rocha afirmou publicamente que o Flamengo nada receberia de aluguéis do shopping center e do estacionamento. Apenas troca do terreno por obras. Marcio Braga sabia disso e omitiu dos Conselheiros. A pergunta que fica no ar: Por quê? Se, a coisa é boa para o Clube, porque mentem, omitem ou segregam informação aos Conselheiros?
11. Os Homens de Negócio do Flamengo compartilharam das muitas reuniões com o escritório de arquitetura que elaborou o projeto estádio-shopping center que é o mesmo da Pinto de Almeida. Ambos possuem seus endereços na Rua Miguel de Frias 77, Icaraí, Niterói. Coincidência, não?
12. Conselheiro, o projeto aprovado e cuja licença de obra expira em 28 de junho de 2007 é composto de um shopping center com 212 lojas, 12 cinemas, 1.617 vagas e 1 mini-estádio para 22.200 pessoas.
Conselheiro, um mini-estádio com essa capacidade é inviável. As despesas e custos de operação e de manutenção são altos e as rendas líquidas não justificam o Flamengo ceder, por 50 anos, 27.000 m2 de valiosíssima área na Gávea. Ademais, o Engenhão será mais uma opção para jogos que comportem até 45.000 espectadores.
Conselheiro, não podemos nos permitir cometer os erros irreparáveis como os feitos por outros Clubes. Não permita essa negociata com o patrimônio do Clube. Conselheiro, a Gávea é Nossa.
Esse manifesto denúncia foi elaborado pelo sócio proprietário e membro do Conselho Deliberativo, Paulo Cesar Ferreira, junto com dezenas de outros.
O Flamengo não é apenas um clube e sim uma instituição com ramificações no Brasil todo, por isso é chamado de Nação rubro-negra. Não pode ficar na mão de incompetentes-preguiçosos como Marcio Braga e alguns seguidores.
PS - Como repórter, sócio proprietário há mais tempo do que Marcio Braga tem de credibilidade e conselheiro desde não sei quando, publico o manifesto, solidário. E pedindo aos sócios e conselheiros que não entreguem o patrimônio e o destino do Flamengo a esse tabelião que jamais trabalhou na vida.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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