Por: Helio Fernandes
Distribui uma parte enorme para exportadores
Além da corrupção EXPLÍCITA, aberta, ostensiva, que o Brasil todo condena, existe a corrupção IMPLÍCITA, escondida, fechada, que o Brasil todo desconhece. Falo dessa SUBVENÇÃO que o governo está dando aos exportadores, por causa de uma justificativa que não justifica nada nem coisa alguma
Falo da AJUDA que o governo dará aos exportadores, que segundo eles mesmos convenceram, ESTÃO PERDENDO MUITO DINHEIRO, com a queda sistemática do dólar e o que chamam de VALORIZAÇÃO DO REAL.
Isso não é novidade, ainda se ouvem os ecos de uma sigla que o governo deu aos bancos, com dinheiro do cidadão-contribuinte-eleitor. Até hoje não esquecemos o PROER, sabemos a fábula que os bancos lucraram. Não foi neste governo, qual é diferença? Se todos são iguais nas vantagens, o povão é o único desigual nas desvantagens.
Fiquemos, por hoje, apenas na questão da exportação e da importação, que está nas rádios, jornais e televisões. O governo com o coração sangrando vê todas essas matérias, e chora por ser altamente generoso. O governo não explica, porque esses órgãos de comunicação (não seria melhor chamá-los de corporativismo?) também não explicaram coisa alguma. Então, façamo-lo, como diria o nada saudoso Jânio Quadros.
1 - Os exportadores PERDEM MUITO. Lógico, comparado com o dólar a 4, a 3, até a 2,50, nenhuma dúvida.
2 - Mas quando o dólar estava lá em cima, ganhavam fortunas, não devolviam nada ao governo, ou seja, ao contribuinte.
3 - Como a exportação e a importação obedecem ao mesmo dólar e à mesma cotação, os importadores ganham fábulas e não escondem a satisfação que ostentam orgulhosamente.
4 - Com raras ou raríssimas exceções, exportadores e importadores são os mesmos, portanto a queda da receita de exportação é COMPENSADA com o preço baixíssimo da importação.
5 - E ainda há mais e muito mais grave: os produtos brasileiros, para serem exportados, precisam da complementação da importação.
6 - Então, nesse caso, deveriam compensar o contribuinte, com o que ganham com os preços muito mais agradáveis da importação.
7 - Quando o real foi implantado em 1995, valia 84 centavos de dólar. Quer dizer: o exportador, por cada dólar vendido, recebia apenas esses 84 centavos, ninguém gritou, qual a explicação?
8 - Quando a moeda foi pelos ares com 20 dias do segundo mandato, o real já era trocado por 1 dólar e 21. Tradução: o exportador recebia mais 42 por cento do que recebia 3 anos antes.
9 - Agora, esses exportadores que já têm enormes vantagens, a começar pelo prazo para entrega do dinheiro ao governo (210 dias, fora "imprevistos") receberão montanhas de vantagens.
10 - 1 bilhão na mão, à vista, sem que ninguém saiba de onde vem o dinheiro. E 3 bilhões do BNDES, a juros que, de tão baixos, o governo tem constrangimento de explicar, por isso estou explicando.
PS - E o ministro Mantega, com medo do próprio futuro, diz audaciosamente na televisão: 3 bilhões? Que importância tem isso? Antigamente, o regime não era melhor, mas ele seria demitido, teria que ir trabalhar num banco.
Jackson Lago
Nunca falei com o governador, se passar por mim não sei quem é. Mas a palavra da grande figura que é Neiva Moreira, vale para mim.
Inacreditável mas rigorosamente verdadeiro: a Câmara está disposta, a qualquer custo, a fazer o que chamam de reforma política, mas é apenas reforma eleitoral. E é uma vergonha das grandes, pois existe muita oposição, gente que não aceita o VOTO DE LISTA, uma das maiores imoralidades que se conhece no Brasil. Então, como esses deputados compõem grupo assustador oferecem vantagens.
Qual a vantagem que oferecem? "Apenas" isto: se aprovarem o VOTO DE LISTA, esses 513 deputados que foram eleitos em 2006, participarão OBRIGATORIAMENTE da lista.
Quer dizer: não haverá eleição, pois com esse INCRÍVEL retrocesso, os 513 participarão exclusivamente da lista, e lógico, estarão eleitos, pois não terão adversários.
Só um exemplo: no Estado do Rio são 47 deputados federais, dos mais diversos partidos. Terão que entrar na lista de todas as legendas. Assim, os 47 de hoje, serão os 47 de amanhã.
Então, um País que há mais de 100 anos precisa de renovação, (que há mais de 40 anos chamo de RENOVOLUÇÃO) eternizará os deputados de agora, que serão os de amanhã ou depois de amanhã. Que vergonha, que vexame, que República.
Uma das pessoas que mais admiro, e por quem tenho o maior apreço, se chama Neiva Moreira. Conheço-o desde que chegou à Câmara (ainda no Rio, ninguém pensava em Brasília), entrou logo na Frente Parlamentar Nacionalista.
Nunca me pediu nada nem eu a ele, tínhamos e temos apenas a amizade. Ontem Neiva me disse no telefone: "Não se deixe enganar pelos que difamam o governador Jackson Lago. Somos amigos a vida toda, o que dizem dele, é infâmia, intriga, mentira da grande".
O senador Dornelles, anteontem, já tarde, fez discurso duríssimo contra o amaldiçoado VOTO DE LISTA. Além de todos os atos de traição ao cidadão, ainda querem ser escolhidos por eles.
Decreto de Sérgio Cabral autoriza o secretário de Educação a contratar 1.250 professores para o ensino fundamental.
Condições: 20 horas semanais, salário de 437 reais mensais. Contratação temporária por 12 meses. O ensino público pode funcionar nessas condições miseráveis e calamitosas?
Não é possível. O ministro Mantega não sai da televisão. Monótono, cansativo, chatíssimo como dizia o grande Mario Reis. E nunca diz nada. O Brasil já teve ministros da Fazenda inócuos, mas não como esse.
No dia 12 de junho (anteontem) o BC alterou o regulamento, mandando registrar, em moeda nacional, o capital estrangeiro, que conste dos registros contábeis da empresa brasileira, que recebeu os dólares.
Agora o BC determinou o que deve ser o outro lado: brasileiros que tenham bens e depósitos no exterior, têm que declará-los. Os dois prazos terminam dia 30. Mantega não sabe de nada.
Rigorosamente verdadeiro: em o Globo de ontem, o secretário de Segurança (?) Beltrame, afirmou: "As Forças Armadas não estão preparadas para a guerra contra os traficantes".
Acontece que foi seu chefe, o governador, que pediu a Lula, publicamente, a vinda dessas Forças. Não é a primeirta vez que Beltrame se choca com Sérgio. Não pode ser demitido? Ha! Ha! Ha!
Logo que surgiu a idéia de uma CPI para as empreiteiras, disse aqui, com total segurança: não há uma possibilidade em um 1 milhão dessa CPI ser constituída. Não saiu nem sairá.
E ainda acrescentei: CPI sobre empreiteiras tem que começar pelo menos nos anos 50. É impossível haver obra no Brasil, sem pagar comissão, e até adiantada.
Na Comissão de Ética, ontem, falou o advogado de Renan Calheiros, Eduardo Ferrão. Apesar de ser colega de escritório de Nelson Jobim, dominou geral.
Ontem o dólar ficou inalterado o dia inteiro. Abriu em 1,94, fechou em 1,942, sem alta nem baixa. Muito raro.
Já a Bovespa, por causa do Day Tarde, caiu muito, subiu muito. Chegou a uma queda de 0,60% fechou em mais de 2 por cento.
No Brasil o surrealismo se exibe sem constrangimento. O ex-presidente FHC, que teve um filho fora de casa, pediu o afastamento de Renan Calheiros, exatamente por causa disso.
O atual presidente do Senado está sendo investigado, não pela paternidade, e, sim, pelo fato de supostamente ter usado ligações para solucionar a questão.
Já a paternidade do ex-presidente foi altamente tipificada, pela intimidação contra a mãe do seu filho.Se ela não aceitasse ir para o exterior (escolheu a Espanha) logicamente seria demitida. Quer dizer: FHC foi o lobista dele mesmo, não com dinheiro mas com o Poder de presidente.
Embora a revista "Caros Amigos" e o jornalista Sebastião Nery tivessem feito várias matérias, não se soube que FHC tenha pago pensão. Surgiram apenas rumores de que teria usado um amigo para a intermediação. FHC, indefensável.
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Wilson Andrade, filho de Haroldo de Andrade, anunciou: na próxima segunda-feira, seu pai estará novamente comandando o programa de debates mais visto do Rio. Depois de 40 anos na Rádio Globo, fundou sua rádio, que é a terceira do Rio. Ficou meses, teve alta, volta satisfeito.
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No Complexo do Alemão, hoje existe alguém que tem a maior popularidade: é o governador Sérgio Cabral. Só se fala no nome dele.
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O ex-presidente da Infraero, Eduardo Petengill, está coberto de razão: "Lei não impede corrupção". Uma coisa tão simples, que só agora foi descoberta. É preciso que surja uma forma ou fórmula de como fazer obras sem empreiteiras. Será possível? Se for, desaparecerão as CPIs.
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Debates duros ontem na Comissão de Ética do Senado, a respeito das acusações da Sujíssima Veja contra Renan Calheiros. Nada decidido.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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