Aumenta o número de jovens e adultos que compram o medicamento sem receita
Carmen Azevêdo
Amorte do taxista Edson Bispo Klein, que pode ter sido causada pela combinação de medicamento para disfunção erétil e bebida alcoólica, reacendeu os debates sobre o uso destas substâncias e suas contra-indicações. Segundo especialistas no assunto, o Brasil é o segundo maior consumidor das substâncias no mundo: um comprimido de Viagra é consumido a cada quatro minutos – o que demonstra o aumento da demanda do medicamento, principalmente entre adolescentes e jovens adultos. Mas o uso não tem sido acompanhado dos devidos cuidados. As farmácias vendem os medicamentos sem receita médica e alguns já são encontrados no comércio informal da Avenida Sete de Setembro, no centro.
Segundo o urologista e chefe do departamento de andrologia do Hospital das Clínicas, Eduardo Lopes, o Viagra é um vasodilatador e pode causar efeitos colaterais, como calor na face, dilatação do esfíncter do esôfago e cefaléia. Se combinado com bebida alcoólica (que também dilata os vasos) ou outras drogas, tem seu efeito potencializado. “Com isso, a pressão do indivíduo pode ir a zero, ele pode sofrer infarto, desmaios, ou bater a cabeça no chão e ser vítima de um traumatismo craniano”, explica Lopes.
Outra situação recorrente, segundo o especialista, é o uso do medicamento por pacientes que apresentam deficiências cardíacas. “Eles sentem-se estimulados com a ereção causada pelo remédio e dão início a uma atividade física que não suportam. Com isso, podem infartar”, emenda. Não só as cardiopatias são contra-indicadas para o uso das substâncias contra a disfunção erétil, mas também o uso do cetoconazol, um antifúngico. Quando combinados, o indivíduo pode sofrer alterações no sistema imunológico, além de problemas auditivos e visuais.
Por causa disso, os médicos alertam para a necessidade de se consultar um especialista e evitar a automedicação, facilitada pela ausência de fiscalização do poder público. “Hoje, quem vai a uma farmácia sem receita médica consegue comprar o remédio. O Pramil, que veio do Paraguai, é vendido nos camelôs”, denuncia o urologista.
Caso o paciente não possa combinar o remédio para disfunção erétil com outro medicamento, a primeira medida adotada é tentar substituir o segundo por outra substância. Também existem drogas que podem ser injetadas na base do pênis, como o Alprostadil, no momento da relação sexual. Outra saída é a colocação da prótese de pênis, normalmente utilizada em indivíduos que não respondem ao tratamento medicamentoso ou apresentam qualquer contra-indicação ao medicamento.
Outra alternativa é o tratamento homeopático que, segundo especialistas na área, não tem efeitos colaterais. No entanto, não há fórmula de tratamento – cada indivíduo toma um remédio específico. “Como as causas são diversas – sistema nervoso, emocional, fraqueza do músculo, os tratamentos também variam”, explica a homeopata Maria Amélia Soares da Cunha. Segundo ela, cerca de 90% dos casos que atende no consultório são causados por ansiedade e estresse. Também há indivíduos que apresentam contra-indicações aos medicamentos alopáticos. “No caso da homeopatia não interessa se o indivíduo toma um medicamento sem receita médica, porque não há contra-indicação. O problema é que também não vai curar”, arrematou.
***Terapia com plantas
Terapias com plantas também têm sido adotadas por alguns homens que sofrem de disfunção erétil. Segundo o médico clínico Fernando Hoisel, que estuda há cerca de 30 anos os benefícios das plantas para a saúde, o primeiro passo é descobrir a origem do problema. “Ela pode ser física, como a hipertrofia benigna da próstata, ou emocional”, reforçou. Segundo o naturalista, existem plantas medicinais usadas para o tratamento da próstata ou para estimular a energia sexual.
Na América do Sul, existe a maca ou lepidium meyenni, que ajuda, entre outras coisas, a melhorar o desempenho sexual, tanto no homem, como na mulher. “Ela é uma espécie de tônico, que diminui os estados de depressão”, pontua. A planta é encontrada em farmácias naturais e de manipulação. Outra opção é o ginseng coreano, que tem ação semelhante à maca. Cada uma das plantas também devem ser usadas mediante acompanhamento médico, pois apresentam contra-indicações. “Mas é importante ressaltar que elas só são usadas enquanto a causa do problema não foi descoberta ou curada. Não adianta usar paliativos, como os Viagras, que causam dependência e não resolvem a origem”, concluiu.
Uma das causas da disfunção erétil é o estresse. Indivíduos estressados liberam uma maior quantidade dos hormônios adrenalina e noradrenalina, que impedem a ereção. Preocupações com auto-estima corporal também contribuem para a disfunção erétil. O que as substâncias alopáticas fazem é bloquear a liberação das substâncias inibidoras da ereção. Já a hipertrofia benigna da próstata representa o crescimento de um tumor benigno, em uma das partes da glândula.
***MEDICAMENTOS
Veja os principais remédios alopáticos utilizados
Viagra – Tem efeito entre quatro e seis horas. Apresenta mais efeitos colaterais, como cefaléias e rubores. Não pode ser associado com determinadas substâncias, como a cimetidina – usada para tratamentos de úlceras e gastrites – e bebida alcoólica. O indivíduo tem que ministrar o medicamento com o estômago vazio.
Levitra – Duração do efeito de oito a dez horas. O indivíduo pode ingerir bebida alcoólica, com limitação. E pode ingerir o remédio com o estômago cheio. Um dos efeitos colaterais é dor no estômago.
Cialis – É semelhante ao Levitra, com duração maior dos efeitos (entre 24 e 36 horas). Ele dá um pouco mais de dor nas costas e ela pode durar o mesmo período do efeito do remédio.
Vigamed – Os efeitos duram em média oito horas. Tem ação semelhante à do Levitra.
Pramil – Os efeitos duram entre quatro e seis horas, com ação semelhante ao Viagra. O Pramil é uma versão paraguaia, mais barata e proibida do Viagra.
Fonte: Correio da Bahia
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