terça-feira, outubro 24, 2006

Qual a origem do "extremismo"?

Por Humam al-Hamzah 24/10/2006 às 14:56


O Newsletter "Oriente Médio Vivo", fundado em 20 de fevereiro de 2006, tem como um de seus principais objetivos oferecer informações justas e corretas sobre os atuais conflitos no Oriente Médio.

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Qual a origem do "extremismo"?

A Questão Palestina representa o tema de maior risco em relação à paz mundial nos dias atuais. Até o massacre indiscriminado no Iraque não é tão importante quanto essa questão. Se a tão falada ?guerra contra o terrorismo? de fato existe, deveria ter sido iniciada a partir do território da Palestina, devido à situação em que se encontra. Se existe algo que influencia tanto o tal ?extremismo? e ?terrorismo?, é a atual situação de vida dos inocentes palestinos. Os assassinatos, as torturas e a humilhação sofrida por eles, diariamente, por mais de cinco décadas, representam um fato único no curso da história.

Crianças inocentes são assassinadas, como Mohammad al-Durrah, que morreu com tiros à queima-roupa nos braços de seu pai. Líderes populares são indiscriminadamente mortos, como Sheikh Yasin. Casas são demolidas, com ou sem os ocupantes dentro, sem que eles mesmos saibam o que fizeram de errado. Pais de família e jovens são presos e torturados, sem chance de julgamento, em função de crimes que não cometeram. Massacres ocorrem em massa, como as decisões de Israel em Sabra e Shatila, e o mais recente, no Líbano, em julho desse ano. O mandante de todo esse sofrimento, ironicamente, é o Estado com o maior número de crimes quanto à Lei Internacional: Israel, impune pelo apoio incondicional dos Estados Unidos.

Com a impunidade quanto a todos esses crimes, é justo culpar os jovens muçulmanos quando se unem ao tão falado ?extremismo?? Nascidos em meio a esse caos, vivenciando a destruição durante todos os dias de suas vidas, não é difícil de imaginar que esses jovens se unam contra o inimigo comum, o causador de todo o sofrimento. Mas países como os Estados Unidos e alguns de seus aliados insistem em apoiar o crime e a destruição, ignorando o valor da vida humana e da justiça. O fato é que, por mais de cinco décadas, Israel seqüestra a paz mundial em função de sua agenda racista. Não há dúvidas de que o Sionismo é um tipo de racismo, e o que acontece na Palestina não é nada menos do que um apartheid.

A questão envolve duas comunidades, os judeus e os palestinos. Esses últimos são formados por muçulmanos e cristãos. Os judeus afirmam que, religiosamente, a Palestina lhes pertence. Os palestinos, por sua vez, afirmam que viveram naquela terra por mais de mil anos, e foram expulsos à força em pleno século XX, através de práticas imperialistas e políticas ilegais perante a Lei Internacional.

Jerusalém é a cidade sagrada das três religiões envolvidas no conflito. Israel, porém, controla Jerusalém mesmo contra resoluções da ONU que colocam a cidade sagrada como ?território internacional?, de todos nós. Por mais de cinco décadas, judeus de todas as partes do mundo migram para Israel, expulsando palestinos de seus lares. Esses judeus possuem cidadania de diversos outros países do mundo, enquanto os palestinos simplesmente ficam sem seus lares, sem cidadania, vivendo como indigentes em sua própria terra. Hoje, esses palestinos esquecidos são mais de 5 milhões de pessoas.

É correto exilar palestinos de seus lares para acomodar judeus que vêm em procura de uma vida melhor? Muitos conseguem justificar tal crime usando como pretexto o Holocausto. Mas o fato é que o Holocausto aconteceu na Europa, e não no Oriente Médio. Porque então que os palestinos atualmente pagam pelos crimes cometidos pelos europeus?

A solução para o problema pode ser atingida através da justiça. Inicialmente, é necessário que todos concordem que homens nascem iguais, independentemente de sua religião ou etnia e, portanto, têm direitos iguais. Uma solução duradoura deverá reconhecer o direito dos palestinos exilados, o dos palestinos que vivem sob ocupação israelense e o dos palestinos que vivem nos territórios controlados pela Autoridade Palestina.

Para não ser feito aos judeus o que se fez com os palestinos, uma solução seria uma democracia plural, em que judeus e palestinos têm direitos iguais. Os palestinos expulsos terão direito a retornar, e a migração de judeus deverá terminar. Prisioneiros políticos deverão ser soltos; pontos de controle, grades e muros ilegais deverão ser abatidos. Os armamentos que possibilitam a existência desse apartheid deverão ser desmantelados.

Esse parece ser o único caminho para a verdadeira paz mundial ? obviamente, o caminho atual com a ?guerra contra o terrorismo? se provou um tiro pela culatra. Quanto mais rápido o mundo perceber isso, menos sangue de inocentes será derramado. Enquanto isso, continuamos escutando dia após dia as propagandas políticas contra os ?extremistas?, ?radicais? e ?terroristas?.

FONTE:
Matéria tirada do Newsletter Oriente Médio Vivo?[ www.geocities.com/orientemediovivo ], Edição nº 32[ www.geocities.com/orientemediovivo/edicao32.html ].

Para download da Edição nº32, acesse:
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