Folha Online
Militares que trabalham na área de Mato Grosso onde caiu o Boeing da Gol, no dia 29 do mês passado, encontraram nesta terça a caixa de gravação de voz do avião, considerada peça importante nas investigações do acidente.
Segundo a FAB (Força Aérea Brasileira), o equipamento foi encontrado com ajuda de detectores de metal utilizados pelos militares do Batalhão-Escola de Engenharia do Exército e estava a cerca de 20 centímetros da superfície.
O Ministério da Defesa informou, em nota, que o equipamento não apresenta danos aparentes e será levado, no próximo sábado, para a Organização Internacional de Aviação Civil, com sede no Canadá, como foi feito com a outra caixa-preta do Boeing e as do jato Legacy --também envolvido no acidente.
O transporte deve ser feito por três coronéis da Aeronáutica, e a expectativa é que a caixa seja aberta na segunda-feira (30).
O acidente --o maior da história do país-- resultou na morte dos 154 ocupantes do Boeing. O Legacy, que teria colidido com o avião da Gol, conseguiu pousar, apesar de danos na asa e os sete ocupantes --seis deles americanos-- nada sofreram.
De acordo com informações do ministério, militares permanecem na área de mata fechada onde caiu o Boeing, na tentativa de localizar o último corpo das vítimas do acidente. As equipes também mantêm os esforços "na tentativa de encontrar partes do avião que ainda não foram localizadas e que podem ser importantes para as investigações sobre as causas do acidente", afirma a nota.
Investigação
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) negou à PF (Polícia Federal) acesso aos conteúdos das caixas-pretas do avião da Gol e do Legacy.
Para justificar a decisão, a Aeronáutica afirma que a legislação militar não permite que as informações sejam usadas em processos que tenham como objetivo punir envolvidos em acidentes aéreos.
O delegado Renato Sayão, que investiga o acidente pela PF, pediu à Justiça Federal que determine à Aeronáutica o envio dos dados.
Nesta terça-feira, Sayão recebeu as transcrições dos contatos das torres de controle de Brasília, de Manaus e de São José dos Campos, com conversas de todas as aeronaves que voavam no momento do acidente. Recebeu também fotos das telas de radares e os nomes de 17 pessoas --entre controladores de tráfego aéreo e supervisores-- que trabalharam no dia do acidente --dez deles são de Brasília, quatro de Manaus e três de São José dos Campos. Todos serão intimados a depor --data e local não foram confirmados.
Análises
No último dia 20, Sérgio Mauro Costa, diretor do Departamento de Ensaios da Embraer --fabricante do Legacy-- disse em depoimento à PF que o jato funcionava normalmente e passou por sete testes --sendo três vôos de aceitação-- antes de ser entregue à proprietária, a empresa de táxi aéreo americana ExcelAire.
Segundo a assessoria de imprensa da PF, o representante da Embraer afirmou que não houve qualquer falha durante os testes, e equipamentos como o transponder, TCAS --o sistema anticolisão-- e o sistema de radiocomunicação funcionaram normalmente.
O depoimento ao delegado Renato Sayão durou aproximadamente uma hora e meia. O delegado queria informações sobre a revisão dos equipamentos do Legacy e a elaboração do plano de vôo da aeronave.
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