Por: ANDREZA MATAIS
FELIPE NEVES
da Folha Online, em Brasília e SP
O principais adversários de Luiz Inácio Lula da Silva na corrida para o Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin (PSDB) e Heloísa Helena (PSOL), criticaram nesta quinta-feira o baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre, divulgado hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A candidata do PSOL disse que o resultado foi "pífio" e culpou a política econômica do governo do petista, que, segundo ele, sabota o desenvolvimento econômico do país.
"Infelizmente é um crescimento pífio, é o retrato da escolha da política econômica feita pelo governo", disse a candidata durante caminhada por Guarulhos (Grande São Paulo).
Alckmin, por sua vez, lembrou que "os países da América Latina, que estão aqui do lado, crescem mais de 6% ao ano".
"O que estamos vendo é que no projeto Lula não há crescimento", criticou o tucano, que fez campanha em Cuiabá (MT).
Outro membro da cúpula tucana, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que é candidato à reeleição, também criticou o resultado do PIB.
"Infelizmente, hoje nós temos uma política econômica tímida, que fez com que o Brasil crescesse na América do Sul apenas mais que o Equador. É um dado absolutamente lastimável, e ainda vejo quem comemore esses dados. Vi ontem, inclusive, o presidente numa entrevista dizendo que não se devia fazer comparações com outros países em desenvolvimento ou mesmo com países vizinhos, mas comparações com nós mesmos. É um equívoco, um equívoco de visão, é primário", disse.
O candidato do PSL à Presidência, Luciano Bivar, defendeu que é preciso fazer uma reforma no Estado para acelerar o crescimento. "O Brasil está preso a uma situação de crescimento inferior à média dos países em desenvolvimento. Esse ciclo só vai ser interrompido com uma reforma profunda no Estado".
A economia brasileira registrou uma expansão de 0,5% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses deste ano. Trata-se do pior desempenho desde o terceiro trimestre de 2005. O resultado fraco foi puxado pela indústria. No ano primeiro trimestre, o PIB teve avanço de 1,4%.
O ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) disse que as críticas fazem parte do jogo democrático. "É natural a oposição criticar. Faz parte do seu papel, da democracia."
No entanto, segundo ele, as críticas da oposição não mudam os índices de aprovação do governo Lula. "Mas não parece que [as críticas] está encontrando respaldo na população, pois pessoas estão consumindo mais, os salários aumentaram e os preços de itens de primeira necessidade caíram e economia popular vai bem."
Dulci aproveitou para criticar a política econômica da gestão Fernando Henrique Cardoso. "Para um país que saiu de uma situação em 2002 de gravíssima crise econômica e financeira, é sempre importante lembrar que Argentina quebrou e que o Brasil quase quebrou. Era necessário primeiro recuperar a estabilidade, criar condições para crescimento sustentado."
Segundo ele, o governo Lula conseguirá atingir a meta de crescer 4% neste ano. "Temos certeza que vamos crescer 4%. A meta pode ser cumprida sim. O último trimestre do ano sempre é mais forte por causa das vendas do comércio. Isso acontece [aquecimento] e podemos chegar aos 4%. A economia cresceu porque o governo criou condições. O país está crescendo de modo consistente. O mercado interno continua se expandindo, o que é muito bom."
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