sábado, julho 29, 2006

Um Congresso vergonhoso

Por por Paulo Saab

Resumo: A vida pública brasileira está tomada, infestada, dominada, por picaretas sem pudor.




Todas as generalizações são perigosas. Numa casa de representação popular, onde convivem os mais diversos tipos de personalidades, de caráter, de formação sócio-cultural-econômica, como o Congresso Nacional, onde se abriga a Câmara dos Deputados, generalizar seria cometer injustiças. Salvando-se, então, as exceções, pode-se dizer do Congresso, e em especial da Câmara, que é uma vergonha o que ali se faz em termos de corrupção, manipulação de verbas públicas e negociatas em favor deste ou aquele projeto de lei. Numa Câmara de cerca de quinhentos parlamentares, existirem acusações de envolvimento em corrupção direta, envolvendo mais de cento e vinte parlamentares, é constatar que a dignidade da representação popular no legislativo da União está seriamente comprometida, cancerosamente dilacerada.



Assim como deputados que renunciaram para recandidatar-se, outros que foram escandalosamente absolvidos em plenário, após condenação na Comissão de Ética, são todos candidatos à reeleição em primeiro de Outubro próximo, numa atitude de deboche, de descaso, de desconhecimento da opinião pública brasileira. E por quê? Simplesmente porque sabem como funcionam as corrupções eleitorais, os currais de votos e serão reeleitos como se donzelas ímpias fossem.



O eleitor médio brasileiro não tem idéia do que se passa nos bastidores da vida nacional. Não tem noção do comportamento de seus governantes, seus políticos eleitos e em sua santa ignorância perpetua nos cargos, no poder, muita gente que faria Fernandinho Beira- Mar e Marcola parecerem ladrões de pirulito. O voto do ignorante eleitor médio brasileiro consagra, legitima, absolve, dá aval a todo tipo de marginal, que acaba virando autoridade.



Há também os marginais que se elegem travestidos de representantes de Jesus na Terra mas corrompidos até a alma pelo Maldito , e tentam posar de puros invocando o filho de Deus, enquanto enfiam a mão em toda bolsa de dinheiro que consigam alcançar.



Fosse o eleitor médio brasileiro melhor esclarecido, menos ignorante, mais bem informado e melhor formado, e a canalha toda de bandidos travestidos de políticos iria piorar a situação carcerária no Brasil, superlotando as belíssimas cadeias brasileiras. Não concordo com quem diz que são anti-humanas. Anti-humano é roubar, matar, desviar dinheiro público, formar quadrilhas, invadir e destruir propriedade alheia. Bandido que põe fogo no colchão, na cela e depois vira coitadinho apoiado pelos ingênuos (ingênuos?) defensores dos direitos humanos por causa das más condições das prisões. Com arma na mão (ou caneta, conforme o caso) são valentes, arrogantes. Descobertos, presos, querem seus "direitos".



É preciso rejeitar os atuais parlamentares. As exceções, poucas e raras, devem se salvar por ter outro tipo de eleitor, o esclarecido. À volta ao Congresso de condenados declarados na Comissão de Ética, de sanguessugas, de pais da pátria , porá o País de joelhos diante da vergonha que o acomete com tamanha má representação.



A falta de educação, em todos os sentidos, torna o brasileiro médio escravo da vontade dos dominadores, tenham eles origem na elite ou no operariado. A vida pública brasileira está tomada, infestada, dominada, por picaretas sem pudor, que avançam na riqueza nacional para usufruto próprio, em detrimento de milhões de pessoas dignas, que suam a camisa diariamente para entregar quase tudo aos próprios, sob o nome de pagamento de impostos.



Publicado pelo Diário do Comércio em 25/07/2006

Email:: Publicado pelo Diário do Comércio em 25/07/2006



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