Por: Mariana Rios
A discussão sobre reposição hormonal e os fitohormônios (à base de substâncias com ação hormonal encontradas principalmente na soja) interessa a muitas mulheres que a partir dos 48 anos, em média, ingressam na menopausa. O tema divide especialistas e ainda deixa muitas pacientes ansiosas sobre qual é a melhor forma de tratamento para os sintomas que acometem mais de 80% das mulheres nessa fase. Calores, insônia, irritabilidade, menor desejo sexual, depressão, ressecamento vaginal, suores noturnos, diminuição da atenção e memória são alguns dos incômodos causados pela supressão de produção do estrogênio - hormônio relacionado ainda ao equilíbrio entre as taxas de gordura no sangue.
Há quatro anos teve início a divulgação de uma pesquisa que relacionava o tratamento de reposição hormonal com o surgimento de diversos tipos de câncer. Sem orientação e receosas, buscaram alternativas para as muitas dúvidas que ocuparam o imaginário feminino. Especialistas questionam a eficácia de substâncias à base de isoflavona, encontrada no grão de soja, brotos de alfafa e sementes de linhaça, para o tratamento de reposição hormonal. Outros defendem a inclusão da isoflavona na dieta alimentar, mas concordam que a eficiência viria do uso contínuo, desde a infância.
"Foram divulgados dados que não foram bem interpretados e de forma fantasiosa. Hoje, 26 trabalhos estão sendo produzidos, comentando e desmitificando uma série de informações", defendeu o professor de ginecologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e vice-presidente da Associação Brasileira de Climatério e Menopausa, Sabino Pinho Neto, que participou do simpósio no IV Congresso Brasileiro de Ginecologia Endócrina e I Congresso Latino-Americano de Ginecologia Endócrina, realizado até ontem, no Othon Palace Hotel, no bairro de Ondina.
A menopausa é definida como o último ciclo menstrual e acontece dentro do período conhecido como climatério - quando os hormônios (estrogênios e progesterona) deixam, progressivamente, de ser produzidos pelo ovário. "A isoflavona protege as paredes da artéria e as células contra as mutações. A substância integra a dieta de populações asiáticas, que sofrem menos com os sintomas da menopausa e com câncer. O ideal é que fosse consumido diariamente 60g de feijão de soja todo dia", explicou o ginecologista e professor da Universidade de São Paulo (USP), Hans Halbe. Segundo ele, depois de seis meses a um ano já confere-se o benefício.
Cerca de 10% das pacientes que Halbe atende aderiram ao tratamento alternativo, mesmo percentual das que optam pela reposição tradicional, à base de terapia estrogênica e hormônios. O estímulo à mudança no estilo de vida, destaca o especialista, tem que ser contínuo, pois como a ação não é imediata e muitas acabam desistindo. Mas, de acordo, com relatório publicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as evidências científicas existentes, até o momento, sobre os efeitos das isoflavonas não permitem relacionar sua ação com câncer, osteoporose, reposição hormonal ou redução do risco de doenças cardiovasculares. Reconhece-se apenas "o uso para o alívio das ondas de calor associadas à menopausa e como auxiliar na redução dos níveis de colesterol, desde que prescrito por profissional habilitado, tendo em vista a quantidade e o período de utilização estar relacionado com a condição de saúde do indivíduo e as restrições aos grupos populacionais específicos".
Fonte: Correio da Bahia
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