sábado, dezembro 20, 2025

Silêncio da PGR diante de decisões de Toffoli tensiona investigação do Banco Master


PGR diz que não se manifestouporque o processo é sigiloso

Malu Gaspar
O Globo

Um detalhe tem chamado a atenção dos envolvidos nas investigações sobre a fraude do Banco Master: o silêncio da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre as decisões do relator Dias Toffoli no caso. Além de avocar para si a condução do caso, Toffoli ainda reforçou o sigilo das investigações, o que provocou mal-estar tanto na Polícia Federal (PF) como no Ministério Público. Mas, apesar de o próprio Toffoli ter pedido à PGR para se manifestar no caso, o procurador-geral, Paulo Gonet, segue inerte.

“O silêncio de Gonet é eloquente”, diz um subprocurador-geral da República ouvido reservadamente. Gonet tem como marca centralizar os processos e agir lentamente. Nesse caso, já faz alguns dias que ele recebeu o processo para manifestação (como o processo tramita sob sigilo máximo, não é possível saber exatamente quando isso ocorreu).

CAUTELA – “No melhor cenário, Gonet pode estar igual ao PM do esquadrão antibomba que age bem cautelosamente para fazer a coisa certa”, diz o subprocurador. Procurada, a assessoria da PGR informou que “não vai se manifestar porque o processo é sigiloso”.

Tanto Toffoli quanto Gonet já participaram de eventos com patrocínio do Banco Master. Em abril do ano passado, os dois compareceram ao I Fórum Jurídico Brasil de Ideias, organizado por uma empresária bolsonarista que já criticou “cidadãos de toga” e o “canetaço” do Supremo Tribunal Federal.

Além de Toffoli e Gonet, também participaram do evento os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes – cuja mulher, a advogada Viviane Barci de Moraes, foi contratada pelo Master com a previsão de pagamento de R$ 129 milhões ao longo de três anos, conforme revelou o blog.

VOTAÇÃO APERTADA – Em novembro, Gonet ganhou mais dois anos à frente da PGR na votação mais apertada no Senado Federal de um procurador-geral da República desde a redemocratização – foram 45 votos favoráveis (apenas quatro a mais que os exigidos pela Constituição) e 26 contra. O resultado ficou abaixo da projeção do relator da indicação de Gonet, senador Omar Aziz (PSD-AM), de 48 a 52 votos favoráveis.

Na última segunda-feira, Toffoli autorizou a retomada da investigação sobre as fraudes do Banco Master, determinando que as oitivas da PF com os investigados ocorressem “por videoconferência ou presencialmente em uma das salas de audiência localizadas nesta Suprema Corte, devendo ser gravadas e acompanhadas pelos magistrados auxiliares” de seu gabinete.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Em tradução simultânea, tudo dominado. (C.N.)