sexta-feira, dezembro 19, 2025

Retrospectiva política de 2025: uma síntese panorâmica

 

 Retrospectiva política de 2025: uma síntese panorâmica

 


Rodrigo Augusto Prando, cientista político e professor de Sociologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM)

 

Se olharmos para 2025 a partir de uma retrospectiva política, uma certeza se impõe: há muito mais eventos e personagens do que este texto pode abarcar. Assim, a intenção é indicar figuras centrais e aspectos institucionais e sociais mais relevantes do ano que se finda. Trata-se, portanto, de uma síntese provisória e panorâmica.
 

No campo político, é inescapável trazer à tona o julgamento, a condenação e a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Junto ao núcleo central da tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro e outros atores poderosos, incluindo generais de quatro estrelas, foram julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e condenados por cinco crimes: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa armada, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado com uso de violência e grave ameaça.
 

Com o objetivo de pressionar o STF e suspender o julgamento em curso, a família do ex-presidente enviou o deputado Eduardo Bolsonaro aos Estados Unidos. De lá, em um raro caso de ataque à soberania brasileira, arquitetou e incentivou, junto ao presidente Donald Trump, a imposição de um tarifaço a produtos brasileiros e, ainda, a aplicação da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, além de outras sanções contra atores políticos e institucionais brasileiros. O plano não obteve êxito e, como mencionado, Bolsonaro e os demais condenados cumprem pena de prisão.
 

Em 2025, o presidente Lula viveu dois momentos distintos: um primeiro semestre bastante negativo e uma melhora significativa na segunda metade do ano. As pesquisas, na primeira parte do ano, apontavam avaliações desfavoráveis ao governo, indicando, não raramente, dificuldades para uma eventual disputa à reeleição naquele contexto.
 

Contudo, houve reação, e dois fatores se conjugaram: os “inimigos” internos e externos. Internamente, a derrota do governo na pauta do IOF possibilitou a formulação da narrativa do “Congresso como inimigo do povo brasileiro”, sustentada pela ideia de que o Legislativo defendia banqueiros, bilionários e as bets (super-ricos) em detrimento da população. A estratégia funcionou, pois a comunicação do governo e do campo progressista deixou de ser reativa e passou a ser proativa.
 

O tarifaço de Trump e os ataques da família Bolsonaro constituíram um verdadeiro presente político para Lula. A personificação do “inimigo externo” e a retórica em defesa da soberania nacional, das instituições e da democracia contribuíram para a melhora da avaliação presidencial.
 

Do ponto de vista institucional, as crises se intensificaram, com tensões entre o STF e o Congresso Nacional, bem como entre o Poder Executivo e a Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
 

Embora Bolsonaro tenha sido condenado e preso, a bancada bolsonarista e o Centrão permanecem fortes, com capacidade de pautar o debate público, mobilizar redes sociais e obstruir a agenda legislativa da Câmara.
 

A presidência do deputado Hugo Motta foi avaliada como fraca e errática. Os bolsonaristas pressionaram pela anistia e encerram o ano com a aprovação, no Senado, do Projeto de Lei da Dosimetria, que busca reduzir as penas dos condenados pelos atos de 8 de janeiro, bem como dos integrantes do núcleo central da trama golpista. Ainda é cedo para conclusões definitivas, mas já há questionamentos quanto à legalidade e à constitucionalidade do referido projeto.
 

Davi Alcolumbre, presidente do Senado, que mantinha boas relações com o governo, encerra o ano politicamente tensionado e afastado, uma vez que sua indicação ao STF, o senador Rodrigo Pacheco, não foi avalizada pelo presidente Lula.
 

Nos estertores de 2025, Bolsonaro indicou seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, como candidato. O campo da direita se agitou e entrou em compasso de espera. Lula, por sua vez, declarou-se candidato à reeleição. Que venha 2026, com suas perspectivas políticas e eleitorais. No Brasil, o tédio não se instala, e as emoções seguem como elemento central do cotidiano político e social.

 

*O conteúdo dos artigos assinados não representa necessariamente a opinião do Mackenzie.

 

Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie

 

A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) foi eleita como a melhor instituição de educação privada do Estado de São Paulo em 2025, de acordo com o Ranking Universitário Folha 2025 (RUF). Segundo o ranking QS Latin America & The Caribbean Ranking, o Guia da Faculdade Quero Educação e Estadão, é também reconhecida entre as melhores instituições de ensino da América do Sul. Com mais de 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pela UPM contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.

 

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