terça-feira, outubro 21, 2025

No jogo do poder, quem levou foi Alcolumbre

 

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Arte: Marcelo Chello

Drill, Lula, drill. E eis que, sob o governo Lula, o Ibama enfim autorizou que a Petrobras comece a fazer a pesquisa exploratória para buscar petróleo na Foz do Amazonas. Davi Alcolumbre foi só alegria e exaltação. Eleição garantida que chama? Para o Lula, acho que nunca antes na história fez tanto sentido convidar e insistir para que Donald J. Trump venha discutir o clima em uma COP. O clima que lute, em Belém, BRASEW. E no resumo de hoje ainda tem Boulos no governo, Messias rezando mais umas horas e o Fux dando mais uns dias para Bolsonaro.

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Alcolumbre é o novo rei do pedaço

A nota de júbilo de Davi Alcolumbre, a estrela mais alta do Senado, sobre a notícia do início da pesquisa exploratória na Foz do Amazonas foi emblemática: “Meus agradecimentos ao presidente Lula”. O senador é hoje o homem mais poderoso do Congresso Nacional.

Na semana passada, a notícia vazada para diversos veículos de imprensa era de que Alcolumbre estava pessoalmente empenhado em derrubar os vetos de Lula ao PL da devastação, o projeto de lei que altera a legislação de licenciamento ambiental e que será um desastre. Marina Silva conseguiu que Lula vetasse mais de 60 pontos. Mas esses vetos estavam para ser apreciados pelo Congresso, e eles poderiam ser todos derrubados. Mas eis que, na última hora, uma manobra do próprio Alcolumbre adiou a votação sobre os tais vetos.

Para o governo Lula, seria humilhante ter os vetos derrubados na véspera da COP30, a conferência mais importante do clima que vai acontecer em Belém, no Pará. Ao que parece, era menos humilhante ter o órgão técnico ambiental aprovando a exploração de petróleo no mar que rodeia o extremo norte do país.

Qual é o grande risco de se explorar petróleo na região? É o de que um vazamento atinja a Amazônia. Apesar de a região a ser explorada estar a centenas de quilômetros, o risco é grande. O Ibama, por livre e espontânea pressão, disse que a Petrobras atendeu a alguns requisitos técnicos para mitigar os riscos. Ao Ministério da Marina coube apenas uma nota de que o Ibama não tem nada a ver com a decisão de se explorar petróleo na região, já que é uma decisão de governo. (Sim, em outras palavras, foi isso o que o Ministério do Meio Ambiente disse.)

Outro probleminha básico é que os países se comprometeram, há algumas COPs atrás, a reduzir a emissão de carbono para evitar que o clima no planeta aumente.

Mas a Agência Internacional de Energia já disse que o único jeito de evitar que a temperatura no planeta suba é parando agora a exploração de novos poços de petróleo.

E as promessas de campanha? Lula prometeu, em campanha, que o Brasil seria uma potência verde. Será que o conceito de potência verde é explorar petróleo na Foz do Amazonas, porque o Amazonas é verde? Ah, não, Tixa, cê não mandou essa!

E por que Alcolumbre ganha? Davi Alcolumbre é senador pelo Amapá e seu mandato termina no próximo ano. Isso significa que ele precisará enfrentar as urnas novamente. A exploração da Foz do Amazonas é um projeto que poderá, de fato, mudar a situação econômica do Amapá.

Os ambientalistas

O Observatório do Clima reúne 130 entidades ambientalistas que discutem o aquecimento global. Eles acharam que o licenciamento às vésperas da COP30 foi uma sabotagem ao evento. Carlos Nobre, um importante cientista do clima, escreveu a seguinte nota:

“A Amazônia está muito próxima do ponto de não retorno, que será irreversivelmente atingido se o aquecimento global atingir 2 °C e o desmatamento ultrapassar 20%. Além de zerar todo desmatamento, degradação e fogo na Amazônia, torna-se urgente reduzir todas as emissões de combustíveis fósseis.”

Drill, Lula, drill

Donald J. Trump virou o presidente do drill, baby, drill. Perfure, baby, perfure. Ele se elegeu dizendo que iria aumentar loucamente a exploração de petróleo. É aqui que Lula e Trump se encontram. A propósito, parece que efetivamente vão se encontrar no próximo domingo em um evento em Kuala Lumpur, na Malásia. Os dois estarão lá. A agenda está reservada; se o encontro vai mesmo acontecer, são outros quinhentos.

Salve, Jorge

Jorge Messias parece que está prestes a ser ungido como o próximo supremo. Esperava-se que Lula já tivesse feito isso na segunda-feira. Ficou para terça, antes de Lula embarcar.

Depois de nomeado por Lula, terá que correr para conseguir os votos do Senado (que precisa aprovar o indicado pelo presidente). Mas, com essa licença da Foz do Amazonas aprovada, Alcolumbre anda bem receptivo às vontades palacianas do Planalto.

Boulos no governo

E eis que, depois de meses de especulação, Boulos finalmente vai ser ministro do governo Lula. Parece que abriu mão até de ser candidato a qualquer coisa nas próximas eleições. Boulos assume a Secretaria-Geral da Presidência da República no lugar de um ministro que acho que nunca tínhamos falado aqui. A ideia é que Boulos bote fogo nos movimentos sociais, digo, que converse muito com todos eles e reanime a base social do governo. Eleições mode on faz tempo.

Reforma de casa

E hoje teve pacotinho do governo de uns R$ 7 bilhões para que a classe média baixa reforme suas casas. Eleições 2026 mode on.

Juros do Galípolo

E agora, Galípolo? Lula voltou a falar de juros altos. Antes, ele botava a culpa no então gostosão geral da República, Roberto Campos Neto. Desde que indicou o Galípolo para presidente do Banco Central, o tom mudou. Mas e agora? Bota a culpa dos juros altos em quem? Eleições mode on.

E os Correios?

Os Correios precisam de socorro e estão falando em um empréstimo de R$ 20 bilhões. Gente, é quase o dinheiro que o Trump está dando para salvar a Argentina: US$ 20 bilhões. Eu sei, eu sei, um é real e o outro é dólar. Mas vamos combinar que o rombo anda bem parecido.

A propósito, Trump justificou sua ajuda para a Argentina desse jeito: a Argentina está morrendo.

Não quero dizer nada, mas os Correios parecem que também estão morrendo e já dizem as más línguas que vai ter que ter ajuda do governo (e não só de bancos), para continuar funcionando.

Fux, presente.

O supremo Fux pediu para fazer uns reajustes gramaticais no voto de 12 horas que deu no julgamento que condenou Bolsonaro à prisão. Na prática, esse tipo de pedido ajuda a dar uma atrasada básica no início do cumprimento da pena. Só depois de publicado o acórdão do julgamento (o que inclui o voto de Fux) é que começa a contar o prazo para os recursos dos advogados.

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Bora dormir, BRASEW!