
Trump tenta uma intervenção direta na Universidade de Harvard
Pedro do Coutto
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump tenta uma intervenção direta na Universidade de Harvard. O Departamento de Segurança Interna dos EUA afirmou que a universidade poderá perder a autorização para matricular estudantes estrangeiros, caso não atenda às exigências do governo Trump.
Segundo a agência de notícias Reuters, o governo quer que a instituição forneça informações sobre vistos dos alunos. Além do possível corte na matrícula dos estrangeiros, o DHS também anunciou o cancelamento de dois subsídios que totalizam mais de US$ 2,7 milhões.
CARTA – A secretária do departamento disse que enviou uma carta à universidade exigindo, até 30 de abril, registros sobre o que ela chamou de “atividades ilegais e violentas” de estudantes estrangeiros com visto. “E se Harvard não puder comprovar que está em total conformidade com seus requisitos de notificação, a universidade perderá o privilégio de matricular estudantes estrangeiros”, afirmou em comunicado.
Um porta-voz de Harvard disse que a universidade estava ciente da carta “sobre o cancelamento de subsídios e o escrutínio sobre vistos de estudantes estrangeiros”, acrescentando que a universidade mantém sua declaração feita no início da semana de que “não abrirá mão de sua independência nem renunciará a seus direitos constitucionais”, ao mesmo tempo em que garantiu que cumprirá a lei.
“SEM RUMO” – Trump acusou Harvard de ter “perdido o rumo” e contratar “idiotas e radicais da esquerda” para seu corpo docente. O presidente americano vem travando uma batalha contra a universidade, a única a se recusar, até agora a aplicar medidas determinadas pela Casa Branca, como abrir mão de políticas de cotas.
“Todo mundo sabe que Harvard ‘perdeu o rumo’. Harvard tem contratado quase todos os “wokes”, idiotas e ‘cérebros de passarinho’ que só são capazes de ensinar fracasso aos alunos e aos chamados ‘futuros líderes'”, disse o presidente dos EUA em uma publicação em sua rede social. “Harvard é uma PIADA, ensina ódio e estupidez, e não deveria mais receber verbas federais”,afirmou.
RETALIAÇÃO – Nesta semana, Harvard se tornou a primeira universidade a desafiar abertamente o governo Trump, que exige mudanças amplas para limitar o ativismo na instituição. Em retaliação, Trump ameaçou cortar as verbas da universidade, tirar sua isenção de imposto e passar a classificá-la como entidade política. É um absurdo completo. A ação de Trump significa uma intromissão governamental no acesso à universidade e a medida expõe os Estados Unidos ao ridículo.
A Casa Branca esquece que os alunos de Harvard são oriundos de diversos países e ajudam a formar uma usina de pensamentos. Nada disso, entretanto, afeta o raciocínio de Trump. Para ele existe uma conspiração a cada esquina. Ele ignora o que o intercâmbio de alunos e professores acrescenta à cultura americana e até internacional, pois é muito grande o número de estudantes premiados mundialmente.