Foto: Nelson Jr./STF/Arquivo
A subprocuradora-geral Lindôra Araújo, que foi vice-procuradora-geral da República durante o governo Bolsonaro01 de março de 2025 | 19:00Lindôra silencia após Cid falar sobre suas reuniões frequentes com Bolsonaro em delação
A subprocuradora-geral Lindôra Araújo, que foi vice-procuradora-geral da República durante o governo de Jair Bolsonaro, silenciou sobre as reuniões frequentes que teve com o então presidente, à época investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A informação consta da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Procurada pela Coluna do Estadão, Lindôra não respondeu.
“Iam (ao encontro de Bolsonaro) o procurador Aras e a procuradora Lindôra, dois membros da PGR (Procuradoria-Geral da República) que encontravam com ele mais rotineiramente”, disse Cid no depoimento à Polícia Federal, em dezembro do ano passado. O sigilo da delação foi retirado recentemente. O ex-ajudante de ordens observou que Aras fazia contato direto com Bolsonaro antes das reuniões, prática que não é comum.
A notícia sobre reuniões de integrantes da PGR com o então presidente, fora da agenda oficial, chama a atenção porque a Procuradoria é justamente o órgão responsável por fazer a acusação nos processos. Durante o governo Bolsonaro, o então presidente era investigado no STF em diversas ações, como os processos por integrar milícia digital; interferir na PF; participar de atos antidemocráticos e compartilhar notícias falsas. Hoje, Bolsonaro responde a dez ações no Supremo.
A delação de Cid foi um dos elementos que basearam a denúncia do atual procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra Bolsonaro e 33 aliados no inquérito do golpe, apresentada em 18 de fevereiro. Para Gonet, desde 2021 Bolsonaro e auxiliares integraram uma organização criminosa com vistas a dar um golpe de Estado no País.
O ex-procurador-geral da República Augusto Aras negou irregularidades em sua gestão. Nas redes sociais, Aras afirmou que as funções criminais cabem aos subprocuradores-gerais, que são independentes para investigar supostos crimes do presidente da República.
Eduardo Barretto/EstadãoPoliticaLivre