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Ao prejudicar o Brasil, Trump enfraquece o bolsonarismo
Josias de Souza
do UOL
Tarcísio de Freitas celebrou o retorno de Trump à Casa Branca, no mês passado, com um vídeo nas redes sociais. Nele, acomodou sobre as orelhas o boné vermelho do movimento Maga —”Make America Great Again”— e declarou: “Grande dia!”. Decorridas três semanas, o governador de São Paulo talvez não se aventure a repetir a cena.
O surto tarifário de Trump não prejudicou apenas o aço do Brasil. A vassalagem de Bolsonaro e seus devotos ao “mito” americano, também feita de aço, virou ponta de estoque no mercado político.
TUDO AO CONTRÁRIO – Trump ainda não fez a América grande de novo. Mas já apequenou o bolsopatriotismo. A vinculação incondicional a Trump tornou-se um esporte antipatriótico de alto risco para a direita brasileira.
Numa de suas primeiras declarações depois da posse, Trump disse que os Estados Unidos não precisam do Brasil e da América Latina. “Eles precisam de nós”, desdenhou.
Carbono de Trump no Brasil, Bolsonaro fez da submissão um objetivo de vida. “Acredito que o Trump gostaria que eu fosse elegível”, declarou. “Tenho certeza de que ele gostaria que eu viesse candidato” em 2026.
NÃO TEM TEMPO -Não é que Trump ignore Bolsonaro. A questão é que, preocupado em presidir o mundo, ele não tem tempo para pensar no capitão. Se pensasse, talvez o ignorasse. Ao passar um ferrolho no mercado americano, prejudicando os negócios do Brasil, Trump deixa o bolsonarismo sem chão.
Mais um pouco e a direita nacional, avessa à China, desconfiará que se assustou com a assombração errada.