quinta-feira, fevereiro 20, 2025

Sem mudanças, o PT perderá o poder em 2026, com Lula ou sem ele


O advogado Kakay é um pote até aqui de mágoa com Lula | Metrópoles

Amigo e aliado, Kakay não; aguenta mais os erros de Lula

Dora Kramer
Folha

Do jeito que vai, o PT — com Lula e sem ele — perde a eleição em 2026. Foi, em resumo, o que disse Antônio Carlos de Almeida Castro, admirador e apologista das ideias do presidente. Isso até segunda-feira (17), antes da denúncia de Lula e outros 33 acusados do golpe, quando o advogado amigo de Lula escreveu e depois falou em voz alta o que governistas dizem no particular.

Kakay, como é conhecido o advogado, expôs em detalhe o que Gilberto Kassab havia dito há dias levando Lula a usar de ironia: “Comecei a rir quando li a declaração do companheiro Kassab”.

MINISTRO FRACO – Segundo o presidente do PSD, governo nenhum se sustenta com ministro da Fazenda fraco. Ele alertou para a necessidade de o presidente fortalecer Fernando Haddad (PT) a fim de chegar competitivo à eleição de 2026.

Pois Kakay, companheiro de fato, foi além ao apontar com precisão o efeito do distanciamento de Lula da realidade à sua volta: “Está se esforçando para perder a reeleição”. Recado de amigo, muito longe de poder ser visto como intriga do inimigo.

É uma crítica, claro, mas em tom de alerta de quem está vendo o ambiente se deteriorar e apela por uma reação o quanto antes. É muito diferente da posição dos adversários. Estes não externam apreensão; antes olham a cena com satisfação.

TAPANDO O SOL… – Ministros e aliados integrantes do grupo para onde foi dirigida inicialmente a análise não tiveram esse entendimento em público. Dividiram-se entre o silêncio reverente, para não dar margem a maior repercussão, e o levantar de peneiras, para tapar a escorchante luz do sol.

A linha de defesa foi a de alegar que a situação é passageira, pois as pesquisas (principalmente a mais recente do Datafolha) registram uma foto do momento. Um instantâneo duradouro, digamos. Mas a queda na aprovação do governo vem sendo constante e desabou de dois meses para cá.

A conferir qual será a escolha de Lula: levar em conta a avaliação sincera do confrade ou dar ouvidos às aleivosias dos aduladores de plantão. Na primeira hipótese, terá chance de se reorganizar. Na segunda, insistirá na persistência do erro para honra e gáudio da oposição.