sábado, fevereiro 08, 2025

Meirelles explica por que Lula criou esse “cenário desafiador”


O mercado financeiro e sua influência na ativação econômica, a visão  jurídica e institucional do Brasil e os reflexos na vida do país, e os  pilares da democracia: estas foram as pautas

Na Lide, Meirelles exibiu o tamanho do problema de Lula

Camila Pati
Veja

Se o presidente Lula continua sendo pragmático no campo da política, a sua atuação na área econômica está mais carregada de ideologia. Durante o Brazil Economic Forum, organizado pela empresa Lide, o ex-presidente do Banco Centra, Henrique Meirelles, destacou diferenças importantes entre os governos Lula 1 e 2 e o atual governo.

No primeiro mandato de Lula, houve uma política de maior disciplina fiscal, o que contribuiu para o controle da inflação e permitiu que a economia crescesse de forma sustentável, com média de 4% ao ano e a criação de 11 milhões de empregos.

POLÍTICAS COMPLEMENTARES – Ele lembrou que, na época, as políticas fiscal e monetária eram complementares, mesmo em um cenário de grande desconfiança inicial do mercado, com o dólar acima de R$ 7 e juros elevados para conter a inflação.

“No primeiro mandato de Lula, tivemos uma política fiscal mais restritiva, o que ajudou a controlar a inflação e sustentar o crescimento. Hoje, há uma política fiscal expansionista, o que cria um cenário diferente e pressiona os juros para cima.”

No segundo mandato, segundo Meirelles, também houve uma expansão fiscal mais significativa, mas o Banco Central conseguiu manter a inflação sob controle, o que ajudou o país a continuar crescendo.

AUTONOMIA DO BC – Esse equilíbrio, de acordo com ele, foi possível devido ao compromisso institucional firmado com Lula, que garantiu ao Banco Central autonomia para atuar de forma independente, mesmo sem uma legislação formal à época.

Meirelles apontou que o contexto atual é diferente e explicou que essa expansão fiscal é uma diferença estrutural fundamental em relação ao início dos anos 2000, quando o ajuste fiscal foi prioridade.

“Hoje existe expansão fiscal que não houve naquela época, são fatos”, disse Meirelles.

CENÁRIO DESAFIADOR – Apesar disso, o economista reconheceu que o pragmatismo de Lula continua presente, mas enfatizou que a combinação de política fiscal expansionista e juros elevados cria um cenário distinto e desafiador.

 Ele ressaltou que o Banco Central atual, com sua independência institucional garantida por lei, possui os instrumentos necessários para manter a inflação sob controle, mas ponderou que será necessário observar como o equilíbrio entre política fiscal e monetária será mantido nos próximos anos. “Vamos observar”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Se existe uma pessoa que faz falta nesse governo, chama-se Henrique Meirelles, que presidiu o Banco Central nos primeiros mandatos. Na época, como Lula e Palloci nada entendiam de economia, quem comandava o circo era Meirelles, que se saiu muito bem. Foi dele a iniciativa de criar o teto de gastos, para evitar que a dívida pública arrebentasse a boca do balão, como está acontecendo agora, quando o país está gastando R$ 1 trilhão por ano no pagamento da rolagem. Volta, Meirelles, volta! (C.N.)