quarta-feira, fevereiro 12, 2025

Gaza como Riviera do Oriente Médio devia ser o projeto palestino


Costa da Faixa de Gaza que pode ser usada para corredor humanitário marítimo -- Metrópoles

Israel e EUA querem se apossar do território palestino

Mario Sabino
Metrópoles

Leitores cobram deste colunista, pobre de mim, um comentário sobre a fala de Donald Trump a respeito de os palestinos serem evacuados da Faixa de Gaza, de ela passar a ser administrada pelos Estados Unidos e da sua transformação em Riviera do Oriente Médio.

É um factoide, mais um, do presidente americano, que guarda proporcionalidade no seu absurdo com os gritos dos antissemitas sobre a eliminação de Israel e a formação de uma Palestina que iria do Jordão até o Mediterrâneo, embora pouquíssimos deles saibam dizer tanto o nome do rio como o do mar.

APOIO A ISRAEL – A declaração abilolada de Donald Trump deve ser levada em consideração pelo seu subtexto: o de reafirmar que o presidente americano está fechado com a direita radical israelense, não fará nenhuma pressão pela criação de um estado palestino e, pelo contrário, apoiará a política de Benjamin Netanyahu e dos seus asseclas de continuar a estabelecer colônias israelenses na Cisjordânia.

Quando Donald Trump disse o troço, fui além dessa constatação e perguntei a mim mesmo, visto que não poderia perguntar ao meu cachorro, por que não ocorre aos próprios palestinos transformar a Faixa de Gaza na Riviera do Oriente Médio, o que geraria benefícios também para a Cisjordânia?

É POSSÍVEL – Por que não admitem a realidade incontornável de ter de conviver com Israel, não chutam o Hamas do poder, não dão uma banana para o Irã e não abraçam o projeto de desenvolver o seu território?

Não sou tão ingênuo a ponto de achar que tudo isso é fácil, mas o caminho difícil não significa que ele é impossível, como já demonstraram outros povos, que superaram dificuldades internas e saíram da pobreza para a prosperidade.

Imagino que, com um projeto de desenvolvimento ousado, os palestinos poderiam contar com o apoio da Arábia Saudita, por exemplo, que veria na Faixa de Gaza um ótimo negócio financeiro e também geopolítico para se contrapor aos iranianos. Em um segundo momento, os Estados Unidos também não perderiam a oportunidade de investir na região, e até os Trump ergueriam um hotel por lá.

GRANDE POTENCIAL – Uma Palestina disposta a usar o seu potencial turístico e avançar economicamente, abandonando ódios ancestrais e renunciando ao terrorismo, teria mais apoio internacional para ser reconhecida como estado independente e se mostraria suficientemente confiável para que Israel aceitasse o fato. Interesses econômicos comuns são o melhor caminho para a paz.

Gaza como a Riviera do Oriente Médio deveria ser o projeto palestino. Mas eles precisariam se livrar da servidão voluntária aos canalhas do Hamas e aos corruptos da Autoridade Palestina.