José Carlos Werneck
O jornal “O Estado de São Paulo”, que está completando 150 anos, publica em sua edição desta quinta-feira que “em 24 de agosto de 1956, a sucursal do Estadão no Rio foi invadida por policiais armados de metralhadoras que exigiam dos jornalistas a entrega de todos os exemplares da edição daquele dia”.
O motivo da arbitrária e violenta invasão, em pleno regime democrático, foi a publicação do artigo intitulado “Manifesto ao povo brasileiro”, do jornalista e então deputado federal pela UDN do então Distrito Federal, Carlos Lacerda.
“EXIBICIONISTA” – No artigo, Lacerda chamava o então presidente da República, Juscelino Kubitschek, de “exibicionista delirante”.
No dia seguinte, o “Estadão” publicou o editorial “Violência inexplicável”, condenando a invasão da polícia à redação: “Atentados representam um insulto à democracia”, dizia o texto.
O jornalista Julio de Mesquita Filho, diretor do jornal, denunciou a arbitrariedade à Associação Interamericana de Imprensa. “Tudo isto é da mais flagrante ilegalidade. Tudo isto é contra a Constituição”, ressaltou Mesquita.
TRÊS PROIBIDOS – Como se vê, o governo do presidente Juscelino Kubitschek não era assim tão democrata, como hoje se costuma alardear.
Os jornalistas Carlos Lacerda, Helio Fernandes e seu irmão, o genial Millôr Fernandes, foram, à época, muito censurados e diversas vezes até proibido de se manifestar.
Durante meses, Lacerda, Helio e Millôr ficaram proibidos de aparecer na televisão.