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Mercado se mostra inquieto diante das expectativas não concretizadas
Pedro do Coutto
O presidente Lula volta-se a combater o custo de vida que está minando a sua popularidade. Os fatos mostram que não há marqueteiro que seja capaz de mudar a opinião dos que têm que adquirir os alimentos do dia a dia com os preços que mudam para cima toda semana.
Desde que Lula assumiu a Presidência da República pela terceira vez, o mercado se mostra inquieto, já que muitas das suas declarações têm ido na contramão do ordenamento esperado pelas instituições financeiras nacionais e internacionais. Ataques às taxas de juros praticadas pelo Banco Central e críticas ao teto de gastos, por exemplo, inflamam os ânimos.
INFLAÇÃO – Hoje, diante de um cenário de alta nos alimentos, nos combustíveis e nas taxas de juro, a popularidade do presidente cai, junto com o poder de compra do cidadão médio. Apesar disso, sinais controversos povoam a cena: recorde de emprego e PIB crescendo acima do esperado.
Apesar de não se ter em nenhum horizonte a questão da recessão, a falta de compromisso fiscal do governo se coloca como um problema. Um orçamento cada vez mais comprometido e uma dívida PIB crescente são reflexos desse confronto entre a política fiscal e a monetária. Mesmo com a condução positiva da Reforma Tributária, oss efeitos dessas mudanças só deverão ser sentidos de forma mais concreta a longo prazo.
Entretanto, o descompasso entre a atuação do Banco Central, que busca controlar a inflação através da alta na taxa de juros, e do Governo Federal, que não se compromete com controle de gastos, são um obstáculo nessa gestão. O fato do ministro da Fazenda ter relativizado a inflação entre 4 e 5%, enquanto a meta é de 3%, ficou muito ruim. A mensagem acaba sendo de leniência com relação à inflação.
DÍVIDA – As medidas sociais propostas pelo governo com um orçamento consideravelmente engessado agravam ainda mais nesse cenário. A verba que possibilita adoção de medidas como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil deve pesar ainda mais o orçamento e reforçar a dívida do governo.
O governo precisa traçar metas imediatas para contornar a situação atual e os confrontos que enfrenta para mudar o cenário no qual se encontra. Caso contrário, não haverá, conforme dito, marqueteiro que dê jeito ou mude a opinião da população que enfrenta em seu dia a dia a realidade dos fatos.