segunda-feira, fevereiro 10, 2025

Ataque de Bolsonaro ao Brics acende alerta em países do bloco

 Foto: Isac Nóbrega/Arquivo/PR

O ex-presidente Jair Bolsonaro10 de fevereiro de 2025 | 07:10

Ataque de Bolsonaro ao Brics acende alerta em países do bloco

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A afirmação de Jair Bolsonaro (PL) de que pretende retirar o país do Brics caso volte à Presidência da República acendeu o sinal de alerta em nações que integram o grupo, que reúne, entre outros, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul.

O ex-presidente afirmou à coluna que “eu, se for presidente de novo, saio do Brics”, bloco também hoje atacado pelo presidente norte-americano Donald Trump. A frase, de acordo com a autoridade de um dos países parceiros, não passou em branco, já que é a primeira vez que um político com o peso de Bolsonaro faz uma afirmação tão contundente contra a organização.

A participação no Brics nunca tinha sido atacada antes publicamente no Brasil políticos de peso, em governo algum. A ideia de formação do grupo inclusive “nasceu no país”, diz a mesma autoridade.

Lançado em 2009, o Brics atravessou quatro governos brasileiros sem ser publicamente questionado: os de Lula, os de Dilma Rousseff, o de Michel Temer e o do próprio Bolsonaro. Acreditava-se que havia um consenso sobre ele.

A mesma autoridade afirma que, em diálogo com militares brasileiros, inclusive na era Bolsonaro, o Brics era elogiado, no contexto de que o Brasil deve ter boa relação com os EUA, mas sem alinhamento automático em todos os assuntos.

A volta de Donald Trump ao poder nos EUA e os ataques que fez ao Brics, no entanto, alteraram o quadro, levando Bolsonaro a criticar o grupo publicamente.

Embora Bolsonaro esteja inelegível, as palavras dele preocupam pela possibilidade de reversão do quadro, ainda que remota, e especialmente pelo peso de sua liderança.

No governo Bolsonaro, o Brics era questionado internamente por ministros como o general Augusto Heleno, da Segurança Institucional. Já o então ministro da Economia, Paulo Guedes, defendia a presença do país no bloco.

Mônica Bergamo/Folhapress