Carlos Newton
Quase sempre é a filial que precisa acompanhar as práticas e regras da matriz. Quando ocorre o contrário e a sede decide seguir normas da sucursal, é prejuízo na certa, sem falar na desmoralização. Exatamente o que está acontecendo com o destrambelhado presidente Donald Trump, que decidiu adotar na matriz USA uma suposta inovação da filial Brazil, e agora está dando tudo errado.
Certamente Trump ficou impressionado quando seu amigo Elon Musk lhe contou que do lado debaixo do Equador existe um país onde o governo e o Supremo não cumprem as leis e as reinterpretam de acordo com a ocasião.
REALIDADE BRASILEIRA – No surrealismo da política brasileira, as reinterpretações das leis realmente são as grandes novidades. Foi assim que o condenado Lula da Silva foi solto, em 2019, quando o Supremo reviu suas normas e proibiu prisão antes de julgamento em última instância, uma monstruosidade que não existe em nenhum dos demais países da ONU.
Em seguida, reinterpretou a regra universal de competência territorial, para anular as condenações de Lula e dos demais políticos e empresários corruptos.
Depois, em nova reinterpretação, o STF ficou com pena e decidiu devolver aos criminosos os recursos públicos que tinham desviado.
TRUMP ESCORREGOU – Impressionado com o sucesso dessa estratégia na filial Brazil, o presidente Trump resolveu adotá-la na matriz USA. Mas foi o pior erro que já cometeu em sua agitadíssima vida empresarial, artística e política.
Sua reinterpretação da emenda 14 tornou-se Piada do Ano. Durou apenas quatro dias. Nesta quinta-feira, o juiz federal John C. Coughenour, de Seattle, tomou a decisão de suspender o decreto que pretendia acabar com o direito à cidadania americana de filhos de imigrantes nascidos nos Estados Unidos.
O pior é a gozação. Durante a audiência, o juiz disse que nunca tinha visto tamanha bobagem. Ele ainda questionou onde estavam os advogados da Casa Branca na hora em que o presidente assinou a ordem, ressaltando não entender como um agente do direito poderia considerar o ato como legal.
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P.S. – Trump é um ator fazendo papel de presidente. O problema é que ele não segue o script do roteirista e o resultado é sempre caótico. Do jeito que está tentando governar, Trump é uma ameaça aos Estados Unidos e ao mundo. (C.N.)