Publicado em 14 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet
Josias de Souza
do UOL
No comitê eleitoral, o marketing político é uma atividade-meio. Seu propósito é vender esperança. Ao transformar o marqueteiro de 2022 em ministro-chefe da Secretaria de Comunicação do Planalto, Lula como que se rende à evidência de que o resultado dos dois primeiros anos do seu terceiro governo não correspondeu a todas as expectativas.
Empossado formalmente no comando da Secom nesta terça-feira, Sidônio Palmeira passará a manejar o marketing como atividade-fim. Sua missão agora é construir um enredo capaz de evitar que a conversão da esperança em decepção comprometa a competitividade de Lula para 2026.
EFEITO TRUMP – A lufada de centro-direita da eleição municipal e a volta de Donald Trump mostraram à esquerda que já não basta defender a democracia. É preciso conectar o regime à geladeira.
No Brasil, como nos Estados Unidos, a macroeconomia não vai mal. O PIB cresceu acima do esperado, gerando empregos formais e melhorando a renda. Mas a inflação, sobretudo a dos alimentos, atiça o fantasma da impopularidade.
A aproximação das linhas de aprovação e reprovação do governo nas pesquisas mostrou que algo vai mal. Em dois anos, Lula 3 não conseguiu transmitir uma simbologia, uma marca. Programas sociais são vistos como direitos adquiridos.
ALGO NOVO – Cobra-se agora, além da picanha prometida em 2022, solução para o que parece insolúvel —o combate ao crime organizado, por exemplo. Ou proteção social para trabalhadores sem CLT.
Nesse contexto, o problema do governo não se restringe à debilidade da comunicação. Falta a Lula algo novo para expor na vitrine.