domingo, janeiro 12, 2025

Em cerca de 60 municípios da Bahia, prefeitos e vices caminharam em lados opostos nas eleições de 2024

Foto: Divulgação/Arquivo
Moema Gramacho (PT) e Vidigal Cafezeiro (Republicanos)12 de janeiro de 2025 | 17:40

Em cerca de 60 municípios da Bahia, prefeitos e vices caminharam em lados opostos nas eleições de 2024

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As eleições municipais de 2024 na Bahia serviram também para reforçar uma lição aos prefeitos: a de que, sempre que possível, é necessário escolher bem os vices para evitar o risco de traições futuras, de preferência alguém do próprio “quintal”. Em cerca de 60 municípios, o que se viu foram os eleitos juntos em 2020 ficarem de lados opostos, e, em alguns casos, isso se refletiu em disputas diretas pelo comando das prefeituras.

Geralmente, o rompimento ocorreu porque os vices não foram escolhidos com sucessores naturais dos prefeitos, por conta do cenário político estadual ou desgastes da gestão e de relacionamento.

Entre as dez maiores cidades baianas, em Lauro de Freitas o vice-prefeito Vidigal Cafezeiro (Republicanos), um dos presos na segunda fase da Operação Overclean, da Polícia Federal, rachou com a prefeita Moema Gramacho (PT) porque a petista não o escolheu como sucessor. Por isso, ele apoiou a eleita e empossada Débora Régis (União).

Em Barreiras, no oeste, o vice Emerson Cardoso (Avante), também preterido da sucessão no campo governista da política municipal, não só rompeu com o prefeito Zito Barbosa (União), como também foi companheiro de chapa do adversário Tito Cordeiro (PT), que ficou apenas na terceira colocação. Zito elegeu o sucessor, Otoniel Teixeira (União).

Ainda entre os dez maiores colégios eleitorais, prefeitos e vices ficaram em campos opostos nas duas cidades mais importantes do sul da Bahia, Ilhéus e Itabuna. Já no território do sisal, isso ocorreu em nada mais nada menos do que 11 municípios.

Em Euclides da Cunha, por exemplo, Luciano Pinheiro (PDT) e Rubenilson Campos (PSDB) foram eleitos juntos em 2020 como prefeito e vice, respectivamente, mas a união só durou até o momento em que o pedetista escolheu o compadre e amigo pessoal Heldinho Macedo (PDT) como sucessor. O tucano, então, aceitou o convite da oposição na cidade, liderada pelo ex-deputado José Nunes (PSD), para concorrer à prefeitura, mas perdeu para o concorrente pedetista.

Em Monte Santo, a menos de 40 quilômetros de Euclides da Cunha, aconteceu algo semelhante, mas com outros ingredientes. A prefeita Silvânia Matos (PSB) já havia rompido com a vice Itácia Andrade (MDB) nas eleições de 2022, por conta de posicionamentos divergentes na disputa para deputado. Em outubro de 2024, Itácia foi candidata ao Executivo, mas perdeu para Silvânia, que renovou o mandato.

Na região da Chapada Diamantina, o prefeito e o vice eleitos em 2020 também se enfrentaram nas urnas em outubro de 2024. Phellipe Brito (PSD), que é um dos candidatos à presidência da União dos Municípios da Bahia (UPB), derrotou o ex-aliado Luiz Pessoa (PP) e foi reeleito para o segundo mandato.

Solução familiar

Em Candeias, a menos de 50 quilômetros de Salvador, a então vice-prefeita Marivalda da Silva (PT) também não se deu bem após romper com o então prefeito Dr. Pitágoras (PP). Mesmo com o apoio do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e após ter feito uma chapa com a antiga adversária e ex-prefeita Tonha Magalhães (Avante), a petista perdeu a eleição para o sucessor do pepista, Eriton Ramos (PP).

Já em Coaraci, no sul da Bahia, o vice se deu bem e sagrou-se vencedor nas urnas. Miltinho do Axé (PSD), eleito como companheiro de chapa de Jadson Albano (PP) em 2020, rompeu com o prefeito após não ser indicado sucessor do pepista, que optou por apoiar o “estrangeiro” Célio do Asfalto (PT), que nunca morou no município.

“A gente precisa estar sempre atento a essa questão de vice. Veja o meu caso. Eu passei aí quase quatro anos ao lado de uma pessoa que não me ajudou em nada. Pelo contrário, só fez atrapalhar. Pelos próximos quatro anos a situação será diferente”, disse o prefeito reeleito de Cruz das Almas, Ednaldo Ribeiro (Republicanos), durante a solenidade de posse como presidente do Consórcio Territorial do Recôncavo (CTR), na semana passada.

No caso de Cruz das Almas, Ednaldo rompeu com o vice do primeiro mandato, André Eloy (PSD), ainda nas eleições de 2022. No pleito passado, o prefeito escolheu como companheiro de chapa o próprio cunhado, Ronivon Lemos (União). Já Eloy, rompido desde 2022 com Ednaldo, a quem acusou de perseguição em diversos momentos, apoiou a candidatura derrotada do petista Orlandinho Peixoto.