Carlos Newton
Ainda não foi divulgada a autoria da ideia de “comemorar” os acontecimentos do 8 de Janeiro de 2023, mas tudo indica que partiu do marqueteiro Sidônio Palmeira, que se tornou o homem-forte da Secretaria de Comunicação da Presidência da República. Se não foi ideia dele ou de dona Janja da Silva, que manda e desmanda no governo, os dois certamente aplaudiram a sugestão, pois nada se faz no Planalto sem a concordância deles.
Como sempre, a programação está sendo feita na undécima hora. Dizem que Lula vai reinaugurar o relógio do século XVII, presenteado pela França a dom Pedro II, o único intelectual de verdade que governou este país.
Depois, vai dar uma circulada, fazer um daqueles pronunciamentos sensacionais, para então participar de um abraço à Praça do Três Poderes.
IDEIAS DE JERICO – Caramba, quantas ideias geniais ao contrário! Aproveitam a ausência de Noel Rosa e agora sai palpite infeliz por todo lado. O momento não é nada ideal para esse tipo de evento, mas Lula não pode perder oportunidade de buscar votos, mesmo que tente se fazer de vítima, quando o único prejudicado pela polarização é o povo brasileiro.
Dois anos depois da invasão e depredação dos prédios do Congresso, do Planalto e do Supremo, Tribunal Federal, a situação ainda é sinistra e nunca se sabe o que passa pela cabeça dos militares, que detestam Lula fervorosamente, jamais aceitaram a engenhosa libertação dele pelo Supremo, que depois passou alvejante na ficha suja, para que voltasse à política.
Imaginem o constrangimento dos comandantes das Forças Armadas, que terão de participar dessa comemoração cívica do 08/01. Por que submetê-los a isso?
INQUIETAÇÃO – Os gênios do Planalto não percebem ou entendem essa inquietação dos militares, que decididamente não pretendem colaborar para a investigação do golpe.
Como informa Francisco Leali, do Estadão, o Comando do Exército mantém em segredo a identidade de quem deu a ordem para posicionar blindados e tropas no Quartel General no 8/01, para evitar a prisão de militares da reserva e parentes de militares da ativa que participaram daquele “terrorismo armado”, na visão exagerada e doentia de Alexandre de Moraes.
Os militares querem sepultar o golpe e seguir em frente, já pediram que Lula apoie a anistia, mas o presidente e os gênios do Planalto pretendem o contrário. Querem fazer render ao máximo o golpe, para ajudar na reeleição de fundador do PT, apesar de o prazo de validade dele já estar mais do que vencido.
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P.S. – Qualquer idiota – fardado ou não – percebe que o país está cindido e precisa de pacificação. Mas o governa aposta nessa radicalização, que ameaça transformar o Brasil numa imensa Argentina. (C.N.)