Jeremoabo vive um momento de abandono e descaso, mas atribuir toda a culpa ao prefeito é uma simplificação perigosa e injusta. A situação precária em que a cidade se encontra é resultado de uma soma de fatores e da omissão de vários atores públicos e sociais.
É evidente que o prefeito Dançador (PP) não pode se eximir de responsabilidade. Ao mudar seu gabinete para os fundos do quintal de sua casa, ele simbolizou o afastamento do povo e da realidade das ruas. O mato que toma conta de praças, os buracos nas vias, as calçadas quebradas e o lixo espalhado pela cidade não surgiram da noite para o dia. Esses problemas refletem a falta de planejamento e de uma gestão comprometida com a qualidade de vida da população.
“Hoje a gente tem vergonha quando chega uma visita em Jeremoabo. A gente tinha orgulho, mas hoje a cidade está abandonada, suja e feia. Elegemos esse prefeito duas vezes e ele faz isso com a gente? Não é justo”, lamenta um morador do Bairro Manoel Dantas. No Bairro Romão, outra residente desabafa: “Fiquei estupefata com o abandono e com o descaso.”
Entretanto, seria ingênuo acreditar que o abandono de Jeremoabo se deve apenas à inércia do prefeito. Durante toda a gestão de Deri do Paloma, a cidade foi palco de uma administração que priorizou propaganda enganosa nas redes sociais, enquanto a realidade dos munícipes era ignorada. O que dizer dos vereadores que deveriam fiscalizar o Executivo? Em vez de exercerem sua função primordial, muitos se preocuparam apenas em jogar para a plateia desinformada, apostando no “quanto pior, melhor”. Outros, ainda, preferiram se beneficiar do clientelismo e do assistencialismo, deixando de lado as verdadeiras demandas da população.
O resultado é uma cidade abandonada, suja, violenta e sem perspectiva. Os serviços públicos estão em frangalhos, e o transporte de pacientes é realizado de forma desumana, colocando vidas em risco. É inaceitável que o Ministério Público ainda não tenha agido contra esse sistema clientelista que perpetua o descaso.
Os próprios eleitores também têm sua parcela de responsabilidade. A escolha de um gestor baseada em festas juninas ou em promessas vazias demonstra a falta de critério na hora de decidir o futuro da cidade. É preciso aprender com os erros do passado e exigir candidatos comprometidos com o bem-estar coletivo, que priorizem a competência e a transparência na gestão pública.
Outro ponto crítico é o preenchimento de cargos públicos com pessoas despreparadas e incompetentes. Quando funções tão importantes são ocupadas por indicações políticas sem critério técnico, o resultado é o colapso dos serviços essenciais.
Jeremoabo merece mais. Merece gestores e legisladores comprometidos, uma população consciente de seu poder de mudança e uma sociedade civil que cobre ações concretas e transparentes. O momento é de reflexão e de exigir responsabilidade de todos os envolvidos, pois somente assim a cidade poderá retomar o caminho do progresso e da dignidade.