quarta-feira, maio 15, 2024

A Inundação do Vale do Rio Vaza-Barris: Um Clamor por Reconhecimento e Investimento

A Inundação do Vale do Rio Vaza-Barris: Um Clamor por Reconhecimento e Investimento

Jeremoabo, 15 de maio de 2024 – As recentes enchentes provocadas pelo sangramento do açude de Cocorobó, resultado das fortes chuvas que assolam a região, trazem à tona um problema antigo e persistente: o descaso com o potencial e a riqueza do Vale do Rio Vaza-Barris.

Em entrevista à JeremoaboFM, uma presidente de associação local ecoou a frustração de muitos moradores. Ela lamentou o desconhecimento, por parte de autoridades, da "grande quantidade de orticultura e pecuária" que o vale produz, inclusive bananas, quiabos e tomates que são exportados.

A entrevistada criticou a falta de investimento na região,aproveito para afirmar que "caso o prefeito dançador aplicasse todo dinheiro já gasto na sua promoção pessoal através de rádios e redes sociais, o Vale do Rio Vaza-Barris seria outro, seria reconhecido não só na Bahia, mas no Brasil".

Um Rio "Morto" Cheio de Vida

É irônico que autoridades considerem o Rio Vaza-Barris um "rio morto", quando na verdade ele pulsa com vida e potencial. A agricultura e a pecuária florescem em suas margens, gerando renda e sustento para as famílias da região.

Corrupção: Um Obstáculo ao Progresso

Infelizmente  na administração municipal existe a "corrupção" que corrói os recursos que chegam a Jeremoabo. Essa realidade impede que investimentos sejam direcionados para o desenvolvimento do Vale do Rio Vaza-Barris, condenando a região ao atraso e à falta de oportunidades, terero fértil para o voto de cabrestro

Um Chamado à Ação

A entrevista à JeremoaboFM serve como um clamor por mudança. É hora de as autoridades reconhecerem o potencial do Vale do Rio Vaza-Barris e investirem em seu desenvolvimento. O fim da corrupção e a aplicação correta dos recursos públicos são essenciais para que a região possa alcançar seu verdadeiro potencial.

Unidos por um Futuro Melhor

A comunidade do Vale do Rio Vaza-Barris precisa se unir para exigir mudança. Através de protestos pacíficos, campanhas de conscientização e pressão sobre os políticos, é possível construir um futuro melhor para a região.

O Vale do Rio Vaza-Barris não pode ser relegado ao esquecimento. É hora de reconhecer sua riqueza e investir em seu desenvolvimento. Um futuro próspero e sustentável é possível, mas só será alcançado com a união de todos.

Enquanto os produtores da margem do Rio Vaza Barris amarguram o prejuízo e o desemprego, o prefeito e seu conluio emprega todo o seu potencial maléfico em programação de festejos juninos, que dane-se o povo trabalhador.

O Leite Neoliberal Azedou - Capitalismo: Um Sistema Doente - As três ondas de doenças no sul e muito mais....

 

O Leite Neoliberal Azedou: Uma Crítica ao Neoliberalismo e às Privatizações no Brasil

13/05/2024 Por 

A charge do JOTA retrata de maneira contundente a crítica ao neoliberalismo e às privatizações no Brasil. O leite, símbolo de alimento básico e nutritivo, torna-se azedo e impróprio para o consumo, representando os efeitos nocivos dessas políticas na vida das pessoas. O Leite Azedo do Neoliberalismo: O neoliberalismo, implementado no Brasil desde a década … Ler mais

Capitalismo: Um Sistema Doente Que Explora e Empobrece a População

13/05/2024 Por 

As inundações no Rio Grande do Sul expõem a face cruel e desumana do capitalismo, um sistema que coloca o lucro acima da vida e do bem-estar da população. Mais do que um desastre natural, a tragédia é resultado de um modelo econômico falido que privilegia os ricos e condena os mais pobres à miséria … Ler mais

As três ondas de doenças infecciosas que devem acometer o Rio Grande do Sul — e como contê-las

13/05/2024 Por 

As chuvas e as inundações que arrasaram o Rio Grande do Sul afetaram milhões de pessoas, deixaram centenas de milhares de desabrigados e causaram mais de 100 mortes. Mas, em termos de saúde pública, as consequências do evento climático continuarão por muito tempo — e exigirão todo um planejamento das autoridades e dos profissionais da área. Segundo … Ler mais

Tragédia no Rio Grande do Sul cheira a necropolítica

13/05/2024 Por 

Ao não tomar medidas para preservar a vida, o Estado e seus agentes, colocam em curso, mesmo que não tenham compreensão disso, uma necropolítica. Conceito definido e difundido por Achille Mbembe serve para entender a ineficiência ou mesmo descaso dos gestores públicos diante de calamidades anunciadas, como a tragédia no Rio Grande do Sul. De … Ler mais

Cerca de 300 mil palestinos deixaram Rafah após ofensiva israelense

13/05/2024 Por 

O êxodo forçado de palestinos é mais um crime do genocídio praticado por Israel. Cerca de 300 mil palestinos fugiram na última semana da cidade de Rafah, localizada no sul da Faixa de Gaza, após o início da invasão terrestre do Exército israelense, denunciou a ONU neste domingo (12). A Agência das Nações Unidas de … Ler mais

Comunicação no RS: o monopólio que gera o caos, por Afonso Lima

13/05/2024 Por 

Com o agro militante para tomar o poder e mudar leis, a mídia corporativa, um mar de fake news, foi uma década de farra neoliberal no RS. Os relatos foram contínuos desde sábado: “Eles saíram de casa só com a roupa do corpo.” “Minha família está desalojada. Meus pais foram levados para a fábrica da … Ler mais

Governo do RS levou meses e milhões para projeto climático; UFRGS o faz em dias

13/05/2024 Por 

Governo de Eduardo Leite levou mais de 7 meses e R$ 2 milhões para projeto que, se lançado a tempo, poderia minimizar tragédia. Um grande repositório de dados geográficas para o enfrentamento da maior catástrofe ambiental do Rio Grande do Sul foi lançado nesta sexta (10) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). … Ler mais

“Silêncio diante de 35 mil mortos em Gaza deveria envergonhar a humanidade”

13/05/2024 Por 

Durante a Conferência Global Anti-Apartheid, em Joanesburgo, Naledi Pandor defendeu ação sul-africana contra Israel. Naledi Pandor, chanceler da África do Sul, participou nesta sexta-feira (10), em Joanesburgo, da primeira Conferência Global Anti-Apartheid pela Palestina. A representante do governo sul-africano fez uma defesa contundente de suas ações no âmbito do Direito internacional para responsabilizar Israel por … Ler mais

Brasil, um deserto intelectual?, por Arthur Grohs

13/05/2024 Por 

Agora que o Brasil começa a caminhar com suas próprias pernas novamente, é o instante necessário para novos projetos e empreendimentos. Incomodado, senão perplexo, ao longo do século XX, com a escassez de novos intelectuais públicos, o historiador estadunidense Russell Jacoby lançou um ensaio chamado Os últimos intelectuais. Na obra, Jacoby refletiu sobre o vácuo geracional … Ler mais

Sobre os exercícios no Golfo da Guiné e qual é o objetivo dos americanos?

13/05/2024 Por 

Uma atividade sem precedentes está sendo observada nos últimos dias nas águas do Golfo da Guiné. Recentemente, a base naval USS “Hershel Woody Williams” chegou a Port-Gentil, adjacente à capital do Gabão, Libreville, como parte do exercício Obangame Express.Este evento anual no continente africano é patrocinado pelo lado americano. No ano passado, exercícios semelhantes foram … Ler mais

Por que é patológico e até ridículo querer exterminar as fake news?

Publicado em 15 de maio de 2024 por Tribuna da Internet

Charge: Combate às Fake News. - Blog do AFTM

Charge do Cazo (Blog do AFTM)

Mario Sabino
Metrópoles

Ao lado dos interesses político-ideológicos e corporativos em colocar na difusão de fake news a culpa pelos males do país e em transformar o que é opinião contrária em inverdade a ser punida, há uma crescente obsessão psicológica pela criação de uma sociedade limpa de mentiras.

É uma patologia desprovida de qualquer princípio de realidade. O ser humano mente, inventa e aumenta como respira, anda e dorme. A verdade é tão antinatural, que precisamos ser educados para não mentir. Ou, pelo menos, para não mentir tanto.

SEM MORDAÇA – Não estou aqui fazendo apologia da mentirinha ou da mentira cabeluda, daquelas que prejudicam o semelhante. Viu-se muita mentira cabeluda durante a pandemia, mentira que causou mortes, para ficar no exemplo mais extremo.

Estou apenas dizendo que o combate às fake news não pode pretender uma assepsia hospitalar da sociedade — e muito menos usar o conceito para amordaçar adversários. Porque é, antes de mais nada, uma cruzada inútil.

Na política, a mentira integra a job description do profissional da área, seja para golpear oponentes, como para fazer promessas impossíveis. Se todo ser humano mente, no político a mentira é atributo essencial. Inclusive, ou principalmente, porque ele tem de vender a ilusão de que tem solução para tudo — ilusão que alcança o seu ápice nas campanhas eleitorais. Como exigir, então, que torcidas políticas não lancem mão de fake news?

MENTIRA NO MARKETING – Outro campo onde impera a mentira: no da publicidade de produtos. Ou você acredita mesmo que tudo o que nos é vendido tem as qualidades anunciadas nos comerciais?

A história é o império das versões dos vencedores — e, com o politicamente correto, está passando a ser o reino das versões dos perdedores. Existe uma discussão antiga sobre se o grego Heródoto é o pai da história ou o pai da mentira, por exemplo.

Há muita lorota no seu clássico, como o de que havia na Índia formigas maiores do que raposas, mas menores do que cachorros, que devoravam seres humanos. Ele ouvia historietas que lhe pareciam interessantes, passava adiante e não lhe ocorria verificar a sua veracidade. Se houvesse STF em Atenas, Heródoto estaria perdido. O dado curioso é que alguns episódios contados por ele que eram considerados mentiras revelaram-se verdades graças a descobertas arqueológicas.

HERÓDOTO E TUCIDIDES – Certo nível de verificação só começou uma geração depois, com Tucidídes, que descreveu meticulosamente a Guerra do Peloponeso, entre Atenas e Esparta. Mas, como disse o inglês Tom Griffith, especialista em ambos, você pode se imaginar amigo de Heródoto, um sujeito fantasioso e divertido, mas não amigo de Tucídides, analítico e frio.

As pessoas têm mais atração pela mentira, inofensiva ou não, do que pela verdade, e é por isso que as fake news se espalham com rapidez. Isso é desde sempre, as redes sociais só aumentaram exponencialmente a velocidade de divulgação. Não é que elas sejam intrinsecamente mentirosas. Nós é que somos.

Na filosofia, o arauto da verdade absoluta foi o alemão Immanuel Kant. Para ele, não bastava dizer a verdade e ser honesto. A verdade e a honestidade tinham de ser desprovidas de qualquer interesse para serem absolutamente morais. Kant chegou ao ponto de afirmar que mentir para salvar um amigo de ser assassinado era crime.

CONSTANT REAGIU – O francês Benjamin Constant se insurgiu contra essa concepção dogmática e entrou em polêmica com Immanuel Kant. Defendeu o direito de mentir para fazer o bem, dizendo que os princípios absolutos tinham de ser moldados pelas circunstâncias. Estou lendo o bate-boca entre os dois.

Fim da digressão. Fiquemos assim – nas expedições punitivas às fake news, não nos deixemos levar pela obsessão patológica.

É inútil buscar a assepsia total, e quem é obcecado com o extermínio das fake news acaba se achando dono de todas a verdades — o que é uma grande lorota.

No Dia das Mães,Lula devia ter agradecido ao STF, que tem sido uma mãe para ele

Publicado em 15 de maio de 2024 por Tribuna da Internet

Para os Três Poderes, a Constituição é apenas um detalhe

Dora Kramer
Folha

Quando começou a circular, a ideia de que o Executivo pretendia firmar uma aliança com a instância máxima do Judiciário a fim de criar um atalho de ultrapassagem às dificuldades do Planalto no Legislativo pareceu muito esquisita. Mais que isso. Institucionalmente inexequível, social e politicamente inaceitável. Por uma questão básica: o preceito republicano da harmonia pressupõe a independência entre os Poderes. Cláusula pétrea.

O Supremo Tribunal Federal poderia se manter distante de acertos feitos sob a égide das conveniências políticas sem criar crise alguma e muito menos deixando de se manter fiel à função de guardião da Lei Maior.

VAREJO DA POLÍTICA – Não foi essa, no entanto, a escolha do STF. A maioria preferiu descer ao patamar do varejo da política para dar a mão e ser uma verdadeira mãe na resolução de problemas que o Planalto não conseguiu resolver pela via da negociação parlamentar. Os ministros prestaram-se ao serviço do socorro em várias ocasiões.

As duas mais recentes são particularmente espantosas, para não dizer desonrosas para a credibilidade da corte. A liminar e outros quatro votos a favor da cobrança de tributos das folhas de pagamentos de prefeituras e mais 17 setores privados levaram o Congresso a aceitar um acordo de meio-termo até então rejeitado em votações de clareza inequívoca.

Na ação de constitucionalidade da Lei das Estatais, os juízes abriram uma janela de admissão das indicações dadas por eles mesmo como inconstitucionais em cargos de conselhos e direção nas empresas feitas pelo atual governo, ao arrepio da Constituição.

GAMBIARRAS – Em ambos os casos o STF prestou-se a gambiarras muito semelhantes àquela que preservou os direitos políticos de Dilma Rousseff na decisão do impeachment.

Assim, o toma lá dá cá entre Legislativo e Executivo está incorporado como normal.

Já a entrada do Supremo no jogo em cena aberta sinaliza um novo anormal.


Estudantes americanos correm risco de repetir Jane Fonda na guerra do Vietnã

Publicado em 15 de maio de 2024 por Tribuna da Internet

A foto de Jane Fonda que causou polêmica

Na guerra, Jane Fonda na bateria antiaérea norte-vietnamita

Demétrio Magnoli
O Globo

A foto, de autoria anônima, correu mundo em julho de 1972. Jane Fonda, sentada numa bateria antiaérea norte-vietnamita, tornou-se “Hanói Jane”. Mais tarde, a protagonista de “Barbarella” (1968) pediria desculpas pela imagem “que me machucará até eu morrer”. Na Rússia de Putin, empregar a palavra “guerra” para fazer referência à invasão imperial da Ucrânia pode dar cadeia. Nas democracias, não é proibido criticar o próprio governo, e até a própria nação, mesmo fazendo propaganda de um inimigo.

A história da foto começou no início de 1968 com a Ofensiva do Tet, no Vietnã, que galvanizou o movimento antiguerra nos Estados Unidos, seguida pelo assassinato de Martin Luther King, em abril, fonte direta da rebelião negra no Harlem e indireta da ocupação estudantil do Hamilton Hall, na Universidade Columbia.

MORRE BOB KENNEDY – Foi durante o ápice da agitação universitária, mas sem conexão com ela, que o palestino Sirhan Sirhan assassinou Robert F. Kennedy, estreitando a disputa pela indicação democrata ao vice Hubert Humphrey e ao candidato antiguerra Eugene McCarthy.

Na volta seguinte do parafuso, os líderes da organização Estudantes por uma Sociedade Democrática (SDS) aliaram-se ao movimento Black Power, imaginaram que a guerra de libertação vietnamita e a luta antirracista nos Estados Unidos eram lados de uma única moeda e trocaram a ideia de “resistência” pela de “revolução”.

A Convenção Democrata em Chicago, em agosto, realizou-se sob o ruído de uma batalha campal de dias entre manifestantes e policiais. O SDS uniu forças com o Youth International Party (YIP), que incutiu a política na contracultura dos hippies. Abbie Hoffman, líder do YIP, ameaçou contaminar com LSD as águas da cidade e enviar as hippies mais gatas para dentro da Convenção, a fim de seduzir os delegados.

NIXON SE ELEGE – O prefeito acreditou no deboche e reagiu intensificando a repressão. No fim, McCarthy perdeu e, em novembro, exibindo-se como candidato da lei e da ordem, o republicano Richard Nixon bateu Humphrey.

A volta derradeira do parafuso resultou na cisão no SDS, da qual nasceu, em 1969, o Weather Underground, nome derivado de uma célebre canção de Bob Dylan. O grupo almejava derrubar o governo dos Estados Unidos por meio de uma “guerra revolucionária”. Três de seus militantes morreram pela explosão acidental da bomba que fabricavam, em 1970.

Depois, os weathermen praticaram atentados com bombas rudimentares contra o Capitólio (1971) e o Pentágono (1972), sem fazer vítimas.

DEBRAY E GUEVARA – Mark Rudd, líder do grupo, explicou numa entrevista de 2004 seus motores ideológicos: os livros de Régis Debray sobre imperialismo e foco guerrilheiro e a figura de Che Guevara. Ele jamais revisou suas crenças básicas, mas reconheceu o efeito das ações do Weather Underground: “As pessoas abandonaram o movimento antiguerra porque não queriam envolvimento com uma revolução armada”.

Também revelou-se perplexo sobre o desvio de “movimentos de libertação nacional” rumo ao “fascismo clerical”, como classificou as organizações fundamentalistas islâmicas.

As manifestações antiguerra nas universidades americanas de hoje não são simples reedição do movimento deflagrado em 1968. Falta-lhes a contracultura, um Abbie Hoffman, os hippies e uma Barbarella convertida em “Hanói Jane”.

POLÍTICAS IDENTITÁRIAS -O Black Power foi substituído por políticas identitárias oficialistas, articuladas nas reitorias e nos gabinetes parlamentares. Mas a inspiração ideológica é semelhante: a noção de que as democracias ocidentais são muito piores que os movimentos “decoloniais”.

E, como reflexo de um nítido declínio intelectual, os líderes estudantis atuais parecem não se preocupar em estabelecer cooperação tácita com o “fascismo clerical” do Hamas.

Nos Dias de Fúria de outubro de 1968, o lema de um SDS já radicalizado, escrito por John Jacobs, fundador dos weathermen, era “trazer a guerra para casa”. O manifesto deles dizia: “As eleições nada significam — vote onde o poder está — nosso poder está nas ruas”. Nixon, porém, mostrou-lhes “onde o poder está” e prosseguiu a guerra indochinesa até 1973. A história se repete? Donald Trump certamente aposta nisso.


Brasil já se tornou um dos piores países na adaptação às mudanças climáticas

Publicado em 15 de maio de 2024 por Tribuna da Internet

Mudanças climáticas castigam a manezada | Charge | Notícias do dia

Charge do Ricardo Manhães (Jornal ND)

Diogo Schelp
Estadão

O Brasil é um dos piores países do mundo no quesito adaptação climática, ou seja, na resiliência a eventos extremos como secas, chuvas torrenciais e ondas de calor ou frio, e a na capacidade de agir para reduzir seus impactos humanos e econômicos. Na comparação com outras 184 nações, o Brasil está em 86º lugar no potencial de resistir e se adaptar aos efeitos das mudanças climáticas, segundo o índice ND-GAIN, elaborado pela Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos.

O ranking existe desde 1995 e já estivemos melhor posicionados — começamos a ficar abaixo do 85º lugar só a partir de 2010. Noruega, Finlândia e Suíça ocupam as primeiras posições.

DOIS INDICADORES – A nota que define a posição no ranking é composta pela combinação de dois indicadores. O primeiro é a vulnerabilidade do país a desastres naturais relacionados ao clima. Aqui são levados em conta fatores como infraestrutura, sistemas de saúde, moradia e acesso à água e alimentos — ou seja, às condições de sobrevivência — que podem ser impactados por eventos climáticos.

O segundo indicador é a prontidão, ou seja, a capacidade de investir de maneira efetiva e rápida em ações para se adaptar às consequências das mudanças climáticas.

Para usar o exemplo da atual tragédia causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, a vulnerabilidade estaria relacionada aos riscos representados pela combinação de chuvas intensas, da geografia do Estado, da localização das ocupações humanas, das características da produção agrícola e da infraestrutura de transportes e de distribuição de água, entre outros.

MOBILIZAÇÃO – Já a prontidão seria a capacidade de mobilizar recursos públicos e privados após as enchentes de setembro do ano passado para evitar ou reduzir o impacto de outras calamidades do mesmo tipo. Para isso ocorrer de maneira efetiva, entram em cena condições econômicas e fatores como estabilidade política, controle de corrupção, qualidade das leis, desigualdade social e capacidade de inovação.

Surpreendentemente, de acordo com o ranking da Universidade de Notre Dame, o Brasil não está entre os países mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Nesse quesito, o Brasil está em 58º lugar, quatro posições acima do Japão, por exemplo.

Nossos pontos positivos são a baixa dependência externa por alimentos, energia e recursos de saúde e o abundante acesso à água.

VULNERABILIDADE – Pelo lado negativo, aumentam nossa vulnerabilidade pela alta concentração urbana, com extensa malha de estradas de terra e o risco crescente de inundações e de mudanças nas condições para a produção de grãos, como o arroz.

O que de fato piora muito a adaptação climática brasileira — e aqui não há surpresa alguma — é a baixíssima capacidade de investir rápido e bem em ações contra os efeitos dos desastres naturais.

Pelo indicador de prontidão para adaptação às mudanças no clima, o Brasil está em 125º lugar no ranking, ao lado de países como Somália e Senegal. Isso está relacionado, segundo os critérios do ranking, a um alto índice de desigualdade social, ao baixo grau de inovação, a um ambiente de negócios hostil e à má qualidade da governança pública.

GASTANDO MAL – Não é novidade que, no Brasil, o poder público gasta muito e gasta mal. O Estado é ineficiente em todos os níveis: no governo federal, nos Estados e nos municípios.

Órgãos internacionais como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o Banco Mundial e a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) fizeram estudos sobre a baixa qualidade dos gastos públicos no Brasil.

As estimativas do impacto dessa ineficiência variam entre 3,9% e 7% do PIB nacional. Um dos motivos para a gastança de má qualidade é a falta de critérios técnicos para a alocação de recursos.

ERRO DE DIREÇÃO – Em vez de ir para onde é mais necessário, muitas vezes o dinheiro é direcionado para onde trará mais dividendos políticos, sem falar no que é desviado no caminho.

A crescente influência do Congresso sobre o orçamento da União está agravando esse problema. Estima-se que 30% das verbas para obras e investimentos de sete ministérios do governo Lula estão nas mãos dos parlamentares.

Enquanto houver um arranjo político que favorece o desperdício de dinheiro público e enquanto a governança do Executivo não for aprimorada em todos os níveis da federação, de nada adiantará o Brasil discutir planos nacionais de mitigação e adaptação climática. Haverá um diagnóstico e um pacote de soluções, mas não haverá condições para agir. Estaremos fadados a uma incapacidade estrutural de lidar com as próximas catástrofes naturais.